Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preconceitos e as Realidades Tecnológicas

20 de junho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: preconceitos com relação aos chineses, realidades tecnológicas chinesas, relacionamentos comerciais e econômicas | 21 Comentários »

Observando muitos comentários que os frequentadores deste site nos enviam gentilmente, nota-se que existem ainda entre alguns preconceitos sobre as tecnologias disponíveis atualmente na China. Eles afirmam que os chineses só produzem quinquilharias que invadem os mercados externos com preços subsidiados, que pode ser uma pequena parcela da realidade. Mas, observando que a China é o terceiro país que conseguiu colocar em órbita uma estação espacial tripulada, eles deveriam reformular muito destes conceitos. Agora, um artigo publicado por Wang Qian no China Daily divulga que eles chegaram com o seu Jiaolong, um submergível que atingiu a profundidade de 6.965 metros, com potencial para superar os 7.000 metros, quando japoneses, norte-americanos e europeus não conseguem atingir esta profundidade para efetuar pesquisas.

De outro lado, no jornal econômico japonês Nikkei informa-se que numa pesquisa conjunta anual dos japoneses e chineses chegaram a 84% de japoneses e 64% de chineses que possuem uma impressão negativa do outro país. A pesquisa foi feita pelo think tank japonês Genron NPO e pelo China Daily, e vem sendo elaborado anualmente desde 2005. Mas eles são os maiores parceiros comerciais uns dos outros, mostrando o pragmatismo dos empresários.

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Entre as razões apontadas pelos japoneses para a impressão negativa figuram as agressividades para assegurar recursos e energia (54,4%), os problemas das disputas territoriais sobre algumas ilhas (48,4%). Da parte dos chineses, são as histórias passadas bilaterais, incluindo a guerra. Os japoneses (53,7%) consideram as relações bilaterais ruins, e somente poucos (7,4%) as consideram boas, enquanto os chineses (mais de 40%) consideram boas, com os mesmo percentuais ruins.

Este submergível chinês é capaz de pesquisas 99% dos fundos dos oceanos mundiais, chegando a 6.965 metros em 11 horas na localidade conhecida como Mariana Trench. Eles coletaram amostras de água, depósitos e criaturas, registrando o local em vídeo e fotografias.

No primeiro teste, os chineses enfrentaram problemas de equipamentos, e já estão se preparando para o terceiro na tentativa de superar 7.000 metros de profundidade, e eles consideram que as pesquisas minerais são um dos seus objetivos.

O Jiaolong tem 8,2 de comprimento, 3,4 metros de largura e pesa perto de 22 toneladas. Os chineses já localizaram um depósito de sulfetos polimetálicos, uma fonte mineral recentemente descoberta no Oceano Índico.

No atual mundo globalizado, as vantagens dos intercâmbios comerciais independem dos conceitos que temos dos outros povos, e é preciso acompanhar a evolução que está se processando em elevada velocidade.


21 Comentários para “Preconceitos e as Realidades Tecnológicas”

  1. Lucas Capez
    1  escreveu às 20:06 em 20 de junho de 2012:

    Caro Sr. Yotoka:
    Li, com tristeza, o comentário do leitor Joseilton Barroso no artigo “Ministro de Defesa Não Político no Japão”. Lamentavelmente, no meu dia a dia, escuto coisas piores em almoços com os amigos, em festas, no bate bola com os colegas do trabalho, no ônibus, no metrô etc. Sem generalizar, mas muitos brasileiros apresentam uma visão estereotipada dos japoneses, chineses e sul-coreanos.
    O presente texto (“Preconceitos e as Realidades Tecnológicas”) mostra que a China também desenvolve alta tecnologia. Aliás, marcas como Sany, Gree, Haier, JAC Motors, ZTE, Chery, Lenovo etc. vão se tornando cada vez mais comuns no Brasil.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:50 em 21 de junho de 2012:

    Caro Lucas Capez,

    Mesmo lamentavelmente, os problemas de defesa devem existir em todos os países, e investimentos pesados são feitos nos seus desenvolvimentos tecnológicos, pois para ser realmente independente todos os países necessitam cuidar da sua segurança externa.

    Paulo Yokota

  3. Lucas Capez
    3  escreveu às 21:20 em 20 de junho de 2012:

    Prezado Sr. Paulo:

    Recentemente, fiz um comentário neste tópico e, agora, eu gostaria de indicar ao senhor a matéria que foi divulgada na Revista Globo Rural. A criatividade nipônica é impressionante! Abraços!

    Fazendas urbanas avançam em Tóquio, no Japão:

    http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI184581-18281,00-FAZENDAS+URBANAS+AVANCAM+EM+TOQUIO+NO+JAPAO.html

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 09:47 em 21 de junho de 2012:

    Caro Lucas Capez,

    Obrigado pelo comentário. Fui o comissário do governo brasileiro para ciência e tecnologia no Japão, há décadas. Conheço alguns dos centros de pesquisas, e procuro acompanhar o que eles têm feito nas produções em estufas. A criação de abelhas e produção de mel tornou-se urbano e está sendo imitado em outras partes do mundo.

    Paulo Yokota

  5. Marilson Novaes Cavalcanti
    5  escreveu às 09:13 em 21 de junho de 2012:

    Amigo:

    Interessante a colocação do senhor sobre preconceito existente entre japoneses e chineses. Mas, na América Latina, também fui vítima de discriminação quando estive na Argentina e no Uruguai. Igualmente, já encontrei brasileiros no estádio de futebol gritando “argentino de m.” e “uruguai de m.”. No final das contas, preconceito existe em qualquer lugar do planeta Terra.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 09:43 em 21 de junho de 2012:

    Caro Marilson Novaes Cavalcanti,

    Obrigado pelo comentário. Que existe preconceito em todos os lugares, podemos concordar. Mas, seria interessante separar o assunto relacionado às torcidas de qualquer esporte.

    Paulo Yokota

  7. LAURITA BISPO DA CRUZ
    7  escreveu às 18:55 em 23 de junho de 2012:

    Yokota, acho que o Brasil serviria de exemplo aos chineses e japoneses, pois, aqui, praticamente não há racismo (apenas casos isolados de manifestação de preconceito). Temos uma população mestiça, que faz de nós modelo para o mundo.

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 14:28 em 24 de junho de 2012:

    Cara Laurita Bispo da Cruz,

    Obrigado pelo comentário. Acredito que a mistiçagem gera muita criatividade.

    Paulo Yokota

  9. Joyce Leme Bueno
    9  escreveu às 12:30 em 24 de junho de 2012:

    A China e o Japão são países muito arcaicos. Mesmo assim, um tem racismo do outro. O tempo não deu a eles maturidade. Aqui, negros, mulatos, índios, árabes, amarelos, argentinos, caucasianos e judeus vivem pacificamente. Há muita tolerância na minha terra. Não temos conflitos religiosos e acabamos por reconhecer o casamento entre pessoas gays. Nós, brasileiros, temos muito de nos orgulhar, ao invés de alguns que acham que o bom é falar de samurais, confucionismo, budismo, taoísmo etc.

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 14:41 em 24 de junho de 2012:

    Cara Joyce Leme Bueno,

    Obrigado pelos comentários. Acho que a tolerância pela diversidade deve ser elogiada, mas não acho que o Japão e a China sejam arcaicos. Nem que as contribuiçóes citadas tenham esta conotação. Acredito que cada povo tem com o que se orgulhar, e podemos sempre aprender um pouco uns com os outros.

    Paulo Yokota

  11. Jóbson Bandeira da Cunha
    11  escreveu às 16:23 em 24 de junho de 2012:

    Li os comentários acima e gostaria de acrescenter um certo preconceito que as empresas do Japão têm ao fincar raízes no Brasil: elas escolhem São Paulo por ter muitos japoneses. Por que não no nordeste? Por que têm muitos afro-brasileiros? Devemos enaltecer a Embraer, a Vale e a Petrobras!!!

  12. Paulo Yokota
    12  escreveu às 21:21 em 24 de junho de 2012:

    Caro Jóbson Bandeira da Cunha,

    Obrigado pelo seu comentário, mas acho que existe alguma desinformação. Os japoneses certamente têm dificuldades de trabalhar no exterior, mas os grandes projetos brasileiros que contaram com a participação deles foram fora de S.Paulo, como na Usiminas (Minas Gerais), Carajás (Pará), Petrobrás (eles instalaram US$ 8 bilhões de gasodutos em todo o país, muito no Nordeste), cerrados (Minas, Goias, Bahia), produção de papel (Minas Gerais), Albrás (Pará) etc. Eles estão entre os principais parceiros da Vale, da Petrobrás e da Embraer, e junto com os brasileiros estão trabalhando trilateralmente nos hospitais e outros projetos na África, notadamente Angola e Moçambique.

    Paulo Yokota

  13. Carlos Silva
    13  escreveu às 12:13 em 25 de junho de 2012:

    Seria interessante o leitor Jóbson Bandeira da Cunha visitar o site abaixo:

    RENAI – Rede Nacional de Informações sobre o Investimento

    http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/renai/

  14. Carlos Silva
    14  escreveu às 13:31 em 25 de junho de 2012:

    Por favor, leia esta interessante matéria:

    O magnata apaixonado por energia renovável :

    http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304782404577487201701039434.html

  15. Paulo Yokota
    15  escreveu às 15:35 em 25 de junho de 2012:

    Caro Carlos Silva,

    Conheço-o pessoalmente. Ele é um empresário de origem coreana, muito agressivo nos seus negócios, tem ampliado suas atividades no Japão.

    Paulo Yokota

  16. Walmir Amadeu Martins Bruno
    16  escreveu às 17:24 em 25 de junho de 2012:

    O Masayoshi Son, citado acima, fez grandes doações aos desabrigados, vítimas do tsunami.

    Será que o amigo Paulo já ouviu falar em Hiroshi Mikitani? Achei bacana a matéria do “Valor Econômico”.

    http://www.valor.com.br/cultura/2717492/no-japao-rebeldia-constroi-cultura-corporativa-global

    À propósito, o estado que vem recebendo mais investimentos japoneses é Minas Gerais e não São Paulo. O Jóbson não tem como acusar as mutinacionais do Japão de racismo. No nordeste, há YKK, Nissui, Nissin, Nichirei, Bridgestone etc.

    Um grande abraço!

  17. Paulo Yokota
    17  escreveu às 22:15 em 25 de junho de 2012:

    Caro Walmir Amadeu Martins Bruno,

    Obrigado pelos comentários. No Japão, como em outros países, vem surgindo novos empresários que fogem ao padrão tradicional do Japão. Mas, ainda são exceções, pois a grande maioria, tanto das grandes empresas como as pequenas e médias (e a base da maioria das economias é delas) os comandos ainda são tradicionais. Lamentavelmente, no Japão poucos são os empresários que estão se destacando, sendo que alguns são estrangeiros como o Carlos Ghosn, o mesmo acontecendo com os políticos. As mudanças estão começando.

    Paulo Yokota

  18. Juliana Gomes
    18  escreveu às 14:47 em 26 de junho de 2012:

    Querido Paulo,
    Provavelmente, o seu leitor Jóbson Bandeira nunca foi ao estado de São Paulo, pois, aqui, há muitos negros e mulatos. Muitos destes, inclusive, trabalham para as empresas nipônicas.

    Concessão de incentivos fiscais, boas universidades (ITA, USP, UNICAMP, UNIFESP etc.) etc. fazem de São Paulo um dos melhores locais para investimento. Mas o nordeste vem, também, atraindo grupos estrangeiros e não só japoneses.

    Beijos!!

  19. Paulo Yokota
    19  escreveu às 18:18 em 26 de junho de 2012:

    Cara Juliana Gomes,

    Obrigado pelos comentário e as informações.

    Paulo Yokota

  20. Oscar Lisbôa
    20  escreveu às 16:05 em 27 de fevereiro de 2014:

    Acho interessante a forma pragmática com que os Chineses tratam sua política econômica e os investimentos em pesquisas científicas de qualquer natureza, principalmente em busca de fontes energéticas. Eles conseguem separar as boas oportunidades de negócios e vantagens econômicas de pensamentos político-filosóficos.
    Prova disso é o fato de os principais parceiros comerciais da China serem o Japão -rivalidade histórica por conta de diversos confrontos bélicos- Taiwan – considerada pela China província rebelde, os Estados Unidos -disputa de hegemonia mundial- a Coreia do Sul, Hong Kong e União Europeia -Maior parceira atualmente. Enquanto o Governo Brasileiro -nada pessoal em relação a Dilma R.- Esnoba um convite da Casa Branca devido às espionagens americanas. Quando Paulo Yokota comenta: “No atual mundo globalizado, as vantagens dos intercâmbios comerciais independem dos conceitos que temos dos outros povos” Enxergo além de conceito cultural, mas de todos pontos de vista a serem observados , principalmente ideologias políticas.

  21. Paulo Yokota
    21  escreveu às 20:41 em 27 de fevereiro de 2014:

    Caro Oscar Lisboa,
    Obrigado pelo seu comentário. Acho que temos que ser pragmáticos sob todos os pontos de vista.

    Paulo Yokota