Ato Que Deveria Ser Rotina Merece Especial Destaque
11 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aproveitamento nos noticiários, atos meritórios, devolução de valores achados, repercussões | 30 Comentários »
O caso da devolução de valores encontrados por um casal morador de rua aos proprietários do Hokkai Sushi continua repercutindo com grande destaque em toda a imprensa brasileira por dias. Rejaniel de Jesus Silva Santos, 36, e Sandra Regina Domingues localizaram o produto de um roubo efetuado no restaurante, na Zona Leste de São Paulo, onde havia cheques e numerários, abandonado pelos assaltantes e o devolveram aos proprietários, num ato inusitado de reconhecida honestidade. Os proprietários, representado por Daniel Uemura, 23, como forma de reconhecimento, se ofereceram a custear as viagens do casal para o Maranhão e para o Paraná, de onde são originários, além de oferecer um treinamento para os qualificarem como empregados numa de suas empresas.
O gesto, de grande impacto na opinião pública, acabou merecendo destaque na televisão, que também embarcou na premiação destes honestos trabalhadores que com o ato ganhou notoriedade. O que mais impressiona é que o noticiário vem merecendo desdobramentos com detalhes variados sobre os personagens e sobre os acontecimentos.
Santos é cumprimentado por Uemura (Joel Silva/Folhapress) / O casal Santos e Sandra
Em São Paulo, onde a insegurança dá a impressão estar assustando a população, mais pela ineficiência do policiamento do que pelas necessidades de uma população empobrecida, um gesto desta natureza bem como o dos proprietários merecem destaque, pois despertam a admiração da população.
O que deveria ser um ato de rotina tornou-se um evento de especial destaque, com desdobramentos variados. É claro que se deve apoiar exemplos deste tipo, que mostram que os que são discriminados pelos infortúnios também têm seus valores humanitários.
Na forma de contraponto, a impunidade dos criminosos também acaba estimulando outros atos lamentáveis. Todos da população podem extrair ensinamentos destes fatos, contribuindo para que medidas concretas sejam tomadas igualmente pelas autoridades, não dependendo somente do acaso e das forças que existem dentro da comunidade.
A educação continua sendo aprendida pelos exemplos, que possuem uma força que as aulas não podem alcançar. A esperança é que estas divulgações levantem a moral do povo, que é bombardeada diariamente por notícias de comportamento lamentáveis, inclusive de autoridades públicas.
Há que se mostrar que a honestidade proporciona mais benefícios que a criminalidade.
Assisti a esta notícia pela televisão e digo que fiquei muito emocionada. Deveria servir de exemplo para muitos políticos brasileiros… Bela, também, foi a atitude dos donos do estabelecimento.
Cara Ana Paula dos Santos Silva,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota
Para aqueles que são adeptos do “jeitinho de se levar vantagem em tudo”, esta notícia é um belo “tapa na cara”. É triste, mas “gato de luz”, “gato de água”, “gato net”, “mensalão”, “mensalinho”, “cervejinha” para o guarda de trânsito não multar etc. fazem parte do nosso dia a dia.
Caro Fábio Henrique Mello,
Obrigado pelo comentário. Acredito que precisamos e podemos melhorar esta cultura. Todos podem dar a sua contribuição.
Paulo Yokota
Já almocei no restaurante dos nipo-brasileiros, que ajudaram os pedintes. São pessoas muito bacanas.
Caro Otávio Vereza Lima,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota
Sou do nordeste e fui trabalhar em São Paulo, quando bem jovem. Tinha muitos japoneses lá e cheguei a trabalhar para eles. Eles sempre me trataram muito bem. Achava interessante o fato deles ainda cultivarem tradições culturais japoneses. No episódio dos moradores de rua, não me surpreende o grande apoio dos proprietários do restaurante, pois os japoneses têm por característica auxiliar uns aos outros e a quem os ajuda.
Cara Claudineide Moura,
Muito obrigado pelos seus comentários.
Paulo Yokota
Realmente, ainda tenho muita esperança no seres humanos!
Caro Jorge Costa Pinto,
Obrigado pelos seus comentários.
Paulo Yokota
Ásia Comentada,
Creio que foi relevante este acontecimento, pois a imagem da colônia japonesa no Brasil, que já não era boa (vide usinas nucleares e caça de baleias), ficou pior após o “caso Yoki”. Um pai de família nipo-brasileiro dando um péssimo exemplo e sendo, posteriormente, assassinado pela própria esposa.
Não sei se foi pelo fato do caso ter chegado aos órgão de imprensa, que fez com que os donos do restaurante ajudassem os mendigos. Mas, de todo o modo, é preciso que se saiba que, no Brasil, é comum ajudar a quem necessita. É da nossa cultura.
O brilhante jornalista Marcos Uchoa, da Globo, mostrou bem a diferença entre nipônicos e brasileiros, após o tsunami. O povo do Japão, praticamente, não se mexia para auxiliar os desabrigados. Se fosse no Brasil, milhares de nós estariam providenciando bebidas e alimentos aos necessitados.
Assim, é o meu país.
Cara Vivian Lacerda Pires de Souza,
Respeito seus comentários, mas não posso concordar com algumas considerações. Inicialmente, não utilizo a expressão “colonia”, pois não temos mais este relacionamento que está ligado a existência de uma metrópole. Os descendentes de japoneses pouco têm em comum, pois não se comportam com um grupo. O caso nada tem com a empresa que foi citada.
Conheço uma parte razoável do mundo, como os confins da China, ajudei em projetos na África, bem como muitos projetos no Brasil e admito que alguns brasileiros são solidários, mas não é, infelizmente, a regra.
Quanto ao Japão, divergindo com a sua opinião, a solidariedade japonesa com as vítimas dos desastres é mais acentuada que no Brasil, tanto que estamos enviando para o Japão alguns responsáveis pela defesa civil para aprender com eles.
Já trabalhei e continuo trabalhando em serviços comunitários, e as doações ajudam pouco, pois acabam sendo desperdiçadas. O voluntariado exige um treinamento para se eficiente, na minha opinião. Trabalhei em favelas, e fui diretor do Banco Central que tinha depositado tudo que foi doado na campanha “Para o Bem do Brasil”, que não conseguiu ser aproveitada. Pode estar certa que conheço o Brasil até as fronteiras da Amazônia, até o Rio Grande do Sul, como todo o Nordeste e suas palafitas, e conheço coisas generosas, mas nem sempre eficientes. Veja o que continua acontecendo na região de Petrópolis no Rio de Janeiro.
Paulo Yokota
Paulo Yokota
Yokota, tais atos são tão raros, que são, por isso mesmo, divulgados pela mídia.
Caro Roque Jorge,
Infelizmente isto acontece no Brasil e em outros paises. Mas, existem paises onde a honestidade constitui uma regra.
Paulo Yokota
Vou indicar a matéria para os meus parentes e amigos. Trata-se de um grande exemplo de honestidade e honradez.
Caro Olavo Alves,
Acredito que o caso merece destaque.
Paulo Yokota
Seu Paulo:
O amor pelo próximo e a educação, que são essenciais para termos seres humanos, como os retratados nesta reportagem.
BEIJOS.
Desejo toda a sorte do mundo para o casal de mendigos! É a ÉTICA que está faltando a muitos deputados, senadores, prefeitos, vereadores, governadores, policiais, funcionários públicos etc.
Nossa nação precisa de mais pessoas como os senhores Rejaniel de Jesus Silva Santos e Sandra Regina Domingues.
Caro Marcos Paulo Zimmerman Salomão,
Obrigado pelos seus comentários.
Paulo Yokota
Doutor Yokota, lendo a mensagem da sua leitora Vivian de Souza, lembrei-me da frase de um renomado psicoterapeuta chamado Flávio Gikovate:
“Toda hostilidade gratuita pressupõe a presença de forte inveja.”
Como potência econômica e tecnológica e sendo um país que se “reergueu das cinzas”, após a Segunda Guerra Mundial, o Japão desperta, com certeza, muita inveja… Sismos, maremotos, chuvas torrenciais, tufões, vulcões etc., mas, ainda assim, o povo nipônico continua, bravamente, trabalhando e batalhando por sua formosa nação!
A Sra. Vivian não deve de comprar produtos de marcas como Honda, Sony, Mizuno, Seiko, Fujifilm, Yakult, Canon, Shimano etc. Acho que ela nunca mais consumirá cervejas da Schincariol…
Beijos e tenha um bom dia!
Juliana Gomes
Cara Juliana Gomes,
Obrigado pelos seus comentários. Mas, até as que tinham uma imagem boa no mercado mundial, com a atual crise e as inovações que estão sendo introduzidas, todas necessitam rever as suas estratégias. O mundo passou a utilizar muitos produtos que são quase descartáveis, tanto são os novos produtos que são lançados, superando os anteriores. O mesmo acontece com as pessoas, que precisam se atualizar constantemente.
Paulo Yokota
O Sr. Marcos Uchoa, citado pela Vivian Lacerda, fez uma reportagem bastante tendenciosa, que foi veiculada pelo Jornal Hoje (Globo), após as catástofes do ano passado. Nesta, o “brilhante jornalista” insinuou que o povo brasileiro seria mais solidário que o japonês. Qual o motivo? Na época, um grupo de brasileiros doou alimentos e bebidas para os desabrigados da região nordeste do Japão, mas o “brilhante jornalista” disse que os nipônicos não estariam fazendo o mesmo. Contudo, em redes sociais, os dekasseguis criticaram o Sr. Uchoa, pois, nas doações, havia, também, produtos doados pelos JAPONESES. Não sabemos se o cochilo do “brilhante jornalista” foi por ignorância ou má-fé.
Cerca de 85% dos nipônicos ajudaram de algum modo os desabrigados (doações em dinheiro, comprando produtos da região mais atingida etc.). Li esta matéria no IPCDIGITAL.
Agora, não entendi o porquê da Vivian falar de usinas nucleares e matança de baleias no Japão, se nós temos Angra 1 e 2 e comemos capivara, jacaré etc.
Leiam:
http://www.ipcdigital.com/br/Noticias/Japao/85-dos-japoneses-ajudaram-vitimas-do-tsunami_23032012
Caro André W. Gomes,
Obrigado pelos comentários. Os jornalistas sempre destacam o inusitado. De todos os muitos comentários sobre o assunto da assistência às vitimas de qualquer desastre, gostaria de destacar dois: 1) os brasileiros que vivem no Japão estavam entre os primeiros que foram prestar assistência, e segundo informações deles, as vítimas precisavam de uma solidariedade contínua, não de um ato de doação isolado, e alguns passaram um longo tempo com as crianças que foram deslocados para abrigos; 2) uma representante de um banco brasileiro foi à região para efetuar uma doação, e a surpresa maior dela, depois de algum tempo foi que devolveram o recurso, pois estava sobrando; o que posso concluir de muitas experiências sobre o assunto (vim ajudando voluntariamente muitos projetos assistenciais em todo o mundo, inclusive no Brasil), é que as vítimas, regra geral, necessitam de ajudas que sejam solidários enquanto duram as suas necessidades, que nem sempre são de recursos materiais, mas de convivência com eles. Médicos sem fronteira, por exemplo. A recuperação dos drogados brasileiros, por exemplo, necessitam de trabalhos contínuos.
Paulo Yokota
Prezado Yokota-san,
Os japoneses são discretos em suas ações humanitarias, eu mesmo presenciei das manifestações de brasileiros que diziam que os japoneses são frios e não ajudam terceiros.
É bem diferente a maneira de ajuda mutua dos niponicos, a verdadeira ajuda vem em forma de ensinar a se levantar com criação de oportunidades e não na forma de contribuições materiais. E o Japão é um dos maiores contribuintes humanitarios do planeta, e não fazem propaganda por isso.
Caro Yoshio Hinata,
Obrigado pelos comentários.
Paulo Yokota
O Daniel Uemura, mostrado na foto pelo Paulo, foi ator da novela Malhação da Rede Globo.
Cara Bernadete,
Não sabia deste fato, obrigado pela contribuição.
Paulo Yokota
Paulo, não consigo acreditar na sua frase: “uma representante de um banco brasileiro foi à região para efetuar uma doação, e a surpresa maior dela, depois de algum tempo foi que devolveram o recurso, pois estava sobrando”
Em outros países…
Curiosidade:
Qual foi o banco brasileiro?
Cara Berenice Nader da Fonseca,
Realmente, o que não faltaram no nordeste do Japão foram doações de recursos, como acontece em muitos casos. O problema do lixo contaminado continua sendo um grande problema, mas as autoridades brasileiras proibiram que trabalhadores brasileiros se decicassem a este trabalho perigoso e altamente remunerado, mesmo por horas e dias limitados.
A assistência aos refugiados, onde muitos continuam utilizando casas com todos os confortos continua deficiente. Muitos sofrem de problemas psicológicos, e muitos agricultores e pescadores continuam proibidos de trabalhar em áreas que ainda apresentam baixos níveis de radiação.
Vou mandar para o seu email o nome do banco brasileiro.
Paulo Yokota
Cara Berenice Nader da Fonseca,
Procurei enviar um email para o endereço informado, com o nome do Banco e outras considerações, mas a operadora devolveu o mesmo informando que ele não existe.
Paulo Yokota