Brasil é o Cemitério dos Pessimistas

11 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: efeitos da diversificação, impactos da agricultura, malthusianos, masoquistas, otimistas | 2 Comentários »

Lamentavelmente, mesmo num país tropical cheio de claridade existem sempre alguns pessimistas que são superados pela realidade de um país dinâmico como o Brasil. Aqueles que possuem alguma experiência vivida historicamente neste país, sabem sobre os danos provocados pelas irregularidades climáticas na economia, aumentando as pressões inflacionárias e causando rombos nos orçamentos públicos com os atendimentos dos flagelados. Atualmente, mesmo sofrendo um dos anos com maiores secas e inundações, a tremenda diversificação regional da produção observada no Brasil minimiza estes impactos na economia nacional.

Os mais antigos lembram-se de um país ainda dividido por regiões que não estavam integradas. Com a marcha para o Oeste e a construção das malhas rodoviárias, mesmo com as precárias estradas de terra, incorporou-se amplas regiões que viviam de uma produção extensiva para as intensivas e tecnologicamente avançadas, incorporando uma substancial parcela dos recursos naturais, representados pelas terras aproveitáveis numa agropecuária modernizada. Nem tudo está devidamente registrado nas contas nacionais, como aumento substancial do capital nacional, ao mesmo tempo em que a integração nacional permitiu tirar melhor partido das qualificações regionais.

Aqueles que tiveram a felicidade de trabalhar parte de sua vida com as atividades rurais brasileiras, como nós, são testemunhas do impacto da melhoria do preço, como da soja, que permite prever pela demanda de sementes, fertilizantes, equipamentos agrícolas e outros produtos uma safra para 2012/2013 que certamente será recorde. Isto está estampado em manchete do Valor Econômico de hoje, elaborado pelos jornalistas Fernando Lopes, Gerson Freitas Jr., Mariana Caetano e Fernanda Pressinott. Seus efeitos sobre a economia já começam com a aquisição dos insumos necessários, estimulando todo o setor de serviços como o de crédito agrícola, seguros, transportes e outros.

As longas séries de dados estatísticos comprovam que, quando a agropecuária vai bem, toda a economia brasileira é beneficiada, tanto pelas menores pressões inflacionárias como pelo estimulo das atividades industriais, comerciais e de serviços, inclusive recheando os cofres da maioria das municipalidades e estados.

Uma euforia toma conta do Brasil profundo, este que se estende até as fronteiras internacionais, chegando aos rincões mais longínquos deste grande país. As lojas das pequenas cidades ficam em festas, tanto com as vendas dos produtos diretamente ligados à produção como pela vendas de veículos, eletrodomésticos e tudo que pode proporcionar a melhoria do padrão de vida.

Para tristeza dos pessimistas e masoquistas, noticia-se também que as fabricas de locomotivas do Brasil funcionam em pleno vapor, como está no título de uma matéria de Marcos de Moura e Souza, no Valor Econômico. GE e a Caterpillar devem ajudar a bater um novo recorde no setor ainda este ano, mostrando que até as ferrovias estão sendo recuperadas, além de promover as exportações.

Os economistas brasileiros costumam cometer o erro de calcular os impactos do setor rural pela sua participação no produto nacional, que é baixa. Deveriam analisar usando as variações dos produtos agropecuários sobre as variações do produto nacional, para notarem que influenciam mais que as atividades industriais, principalmente sobre o setor terciário, ajudando na melhoria do total.

Ainda que o mundo esteja sofrendo dificuldades, os preços atuais dos alimentos indicam que a sua demanda internacional continuará elevada, até diante da queda de algumas regiões produtivas no exterior. Isto aumentará não só o nível de atividades no Brasil, como gerará muitas preciosas divisas indispensáveis para o crescimento econômico mais acentuado.

Estas indicações são seguras, e podem apostar numa performance mais brilhante da economia brasileira, tanto no crescimento do seu produto como na inflação e nas contas externas. Parte dos benefícios deve ocorrer ainda neste segundo semestre, mas o grosso do impacto ocorrerá no próximo ano.