Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Observações Irracionais Sobre as Dificuldades Chinesas

3 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Trefor Moss no Foreign Policy, dados comparativos, exageros ideológicos, necessidade de relativizar as considerações | 6 Comentários »

O Foreign Policy, apesar de ser uma fonte a ser considerada, publica também alguns artigos que carregam deste o seu título um exagero de considerações ideológicas. Trefor Moss, jornalista baseado em Hong Kong, escreveu um artigo que tem como título “5 Signs of the Chinese Economic Apocalypse”. Mesmo começando com a observação que as perspectivas chinesas são melhores que as europeias, suas colocações são evidentemente exageradas, lamentando que a China não possa continuar sendo a locomotiva da economia mundial que ele esperava.

O primeiro tópico por ele colocado é que os funcionários chineses encontram dificuldades para manter os seus carros de luxo, como uma BMW, pois as municipalidades foram mantidas por empréstimos que agora precisam honrar. O segundo tópico refere-se à multiplicação de insatisfações populares com a desaceleração do crescimento, que se deve situar abaixo dos “modestos 8% ao ano”, como o ocorrido em Guangdong.

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Trefor Moss

Ele informa que as pessoas ricas da China estão se dirigindo para o exterior para fazer as suas compras, o que também acontece com muitos brasileiros. Também menciona que o verão será quente, pois os chineses precisam economizar energia. E que os preços dos suínos e ovos que são bastante consumidos na China estão com os preços elevados, pressionando a inflação.

Ninguém pode negar que os países que deixaram de ter uma economia controlada centralmente, passando a generalizar o uso do mercado, tenham suas dificuldades que só podem ser resolvidas com muito tempo. O processo de passagem da China da época de Mao para Deng ocorreu de forma não sangrenta, mas existem dificuldades, pois é natural que com a melhoria do nível de bem-estar haja aspirações por maiores liberdades políticas, ao mesmo tempo em que a distribuição de renda não se torne das melhores.

Os dirigentes chineses têm a consciência, a partir do seu presidente e do primeiro-ministro que necessitam de reformas, e esperam que Xi Jinping, o futuro presidente que tem uma vivência de diversas situações, inclusive no exterior, encare estes problemas, que são menores que os enfrentados por muitos países no Ocidente.

Seria interessante que os sinais de apocalipse fossem somente os apontados, pois parece que todos os países passam por uma fase de amplas dificuldades, sendo nem todos contam com a luz no fim do túnel. Parece que a consciência sobre o futuro opaco está se generalizando, e muito trabalho duro terá que ser feito, pois de outra forma as dificuldades políticas e sociais podem complicar mais o quadro mundial.


6 Comentários para “Observações Irracionais Sobre as Dificuldades Chinesas”

  1. Caio Botelho Simões
    1  escreveu às 18:44 em 3 de julho de 2012:

    A China não pode se comparar ao Brasil, pois:

    1- Temos uma legislação trabalhista que protege mais os empregados;
    2- Respeitamos os Direitos Humanos;
    3- Não temos pena de morte;
    4- Não há trabalho escravo no Brasil;
    5- Temos liberdade de imprensa e de opinião;
    6- Respeitamos patentes e empresas estrangeiras;
    7- A mulher no Brasil é respeitada (temos uma presidenta);
    8- Os brasileiros são mais educados.

    Para mim, a China nunca passou de uma “171”. O Brasil, no futuro, estará no topo de tudo e de todos.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 21:48 em 3 de julho de 2012:

    Caro Caio Botelho Simões,

    Obrigado pelos seus pontos de vista, no entanto, devemos respeitar país que possue uma longa história e que foi a que mais inovou, como afirma Joseph Needham que foi de Cambridge. Devemos evitar somente ponto de vista unilateral, como a considerar “171”. 1 – Acredito que nossa legislação trabalhista é melhor do que a chinesa; 2 – Sobre os Direitos Humanos, tenho dúvidas, pois damos pouca importância à vida; 3 – Muitos são executados no Brasil, sem a adequada proteção da lei; 4 – Uma artista brasileira declarou na China que temos trabalho escravo, e algumas são verdades; 5 – A Jovem Pan afirma que a Hora do Brasil é um resquicio autoritário da época de Getúlio Vargas; 6 – Temos tanta falsificação como na China; 7 – A China tinha ministras de primeira grandeza quando ainda não tínhamos; 8 – Não sei o que chama de educado, pois os chineses têm menor percentual de analfabetos. Não concordo com os chineses em muitos aspectos, mas no tempo em que lá trabalhei, viajei, o que tenho renovado recentemente, quando o Brasil tinha o mesmo nível de renda per capita deles atualmente, acho que estávamos com iguais ou maiores limitações. Precisamos conviver com pessoas que pensam diferentes de nós, mesmo não concordando. E, pode estar certo que viví e trabalhei pela grande maioria das regiões do Brasil, desde as nossas fronteiras da Amazônia como até o Rio Grande do Sul, pelas palafitas do Nordeste, pelo interior do Centro Sul, como pelas favelas brasileiras. Lamento informar que também temos as nossas misérias, e não cumprimos o direito à educação e à saúde, universais, como está na nossa Constituição. Mas, tenho a esperança que vamos continuar melhorando.

    Paulo Yokota

  3. Flávia Fraga de Lima
    3  escreveu às 12:46 em 4 de julho de 2012:

    Paulo, a sua resposta foi, além de airosa, muito perspicaz. Às vezes, penso que alguns brasileiros vivem num outro país, como o Caio Simões. No Brasil, a criminalidade e a corrupção ainda são problemas gravíssimos. Os hospitais públicos têm, em média, um atendimento precário. As cadeias estão superlotadas. O Judiciário é lento como uma tartaruga. Há, também, muitos casos de violência contra crianças, mulheres e homossexuais. Famílias tiram o seu sustento nos lixões. Mensalão, mensalinho, bolsa fraude, milícias, máfia dos caça- níqueis, prostituição infantil etc.etc.etc.

    ACORDA, BRASIL!
    Flávia Fraga de Lima

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 17:24 em 4 de julho de 2012:

    Cara Flávia Fraga de Lima,

    Obrigado pelos comentários. É preciso compreender que todos temos limitações e no processo de aperfeiçoamento, como se trata de sociedades humanas, sempre existem imperfeições.

    Paulo Yokota

  5. wagner jorge alves aguiar
    5  escreveu às 14:13 em 12 de julho de 2012:

    Quanto mais vai se ocidentalizando um país asiático, mais problemas de desregulamentação econômica essa nação enfrentará. As reformas servem para abrandar temporariamente o clamor popular. A China não está tão ruim das pernas assim, se a comparação for feita com alguns países europeus.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 17:13 em 12 de julho de 2012:

    Caro Wagner Jorge Alves Aguiar,

    Obrigado pelos comentários. Acredito que seja muito importante que os líderes chineses tenham a consciência que necessitam de reformas em muitas frentes, que devem ser executadas, na medida do possível como a posse da nova geração de dirigentes máximos. Todos os emergentes desejam reformas, mas sempre estão sujeitos às limitações, muitas políticas.

    Paulo Yokota