Preocupações Exageradas Com a Economia Mundial e Brasileira
20 de julho de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análises parciais, chinesa, economia europeia, longo artigo de Michael Pettis, norte-americana e brasileira | 2 Comentários »
Muitos analistas se preocupam, com razão, sobre a evolução da economia mundial, e um exemplo expressivo é o longo artigo do reconhecido Michael Pettis, da Universidade de Peking, que no seu site postou um longo artigo sobre o assunto, incluindo debates teóricos. Ele se preocupa com o que está acontecendo na Europa, focalizando a Espanha em particular, onde se encontra neste período, fazendo paralelos com o que acontece na China, que sofre uma desaceleração considerada perigosa para o mercado de commodities. Mas como não faz menção à recuperação da economia norte-americana nem às perspectivas de melhoria das economias como a brasileira, que reduzem algumas das preocupações, as preocupações acabam parecendo exageradas.
Como já postamos neste site, a desvalorização do dólar norte-americano e sua política de expansão monetária estão permitindo que os Estados Unidos ampliem suas exportações, inclusive de serviços, ajudando a manter um crescimento que pode chegar a 2% ao ano, nada desprezível para a dimensão de sua economia e seu impacto mundial. Ao mesmo tempo, com a geração de gás de xisto, estão conseguindo uma expressiva redução da importação de petróleo, notadamente do Oriente Médio. De outro lado, ainda que os preços das commodities em geral estejam em queda, ajudando a reduzir as tensões inflacionárias em todo o mundo, os dos agrícolas, como o milho e a soja, estão elevados, estimulando a agropecuária como a brasileira, que poderá atingir ainda neste ano um patamar de crescimento de 4%, que deve prosseguir no próximo ano. Ainda que existam muitos insatisfeitos com esta performance, para uma avaliação equilibrada, pode ser considerado satisfatório, no atual cenário mundial.
As preocupações com a Europa continuam sendo as relacionadas às dificuldades políticas, pois a adoção da moeda única, o euro, exige compensações fiscais que seriam mais fáceis de serem obtidas num sistema federativo. Como isto é praticamente impossível, por razões políticas, precisam ser compensados por ações como as que estão sendo tomadas pelo Banco Central Europeu que se declara emprestador de última instância para garantia do sistema bancário. Ao mesmo tempo, títulos governamentais estão sendo lançados, mas o mercado só aceita com juros exageradamente elevados.
Michael Pettis aponta os problemas imobiliários da Espanha, como os que geraram as dificuldades mundiais a partir dos Estados Unidos, e faz um paralelo com as dificuldades chinesas, reconhecendo que existem diferenças. Na China, as novas residências que vieram ajudando a ativação da sua economia são para uso de sua família, não sendo a de veraneio como o da Espanha, e o governo têm condições de acomodar as dificuldades. Mas ele entende que a desaceleração do crescimento da economia chinesa reduz a demanda mundial de commodities industriais, criando problemas para o resto do mundo.
Mesmo neste quadro mundial, as dificuldades climáticas deste ano que afetam muitos países reduziram substancialmente a produção agrícola norte-americana, elevando os seus preços. Se este conjunto de fatos constituem problemas para eles, o Brasil acaba se beneficiando da situação, com o setor rural demandando mais insumos agrícolas, na preparação da safra 2012/2013. Mesmo a chamada safrinha ocorre num volume maior, ajudando a ativar a sua economia. Alguns analistas exageram nas tensões inflacionárias que decorreriam destes fatos, quando a história da economia brasileira comprova que boas safras sempre contribuíram para redução da inflação. Uma análise mais cuidadosa mostra que os preços das commodities agrícolas nos mercados internacionais embutem outros custos, como os de transporte até os mercados externos, que acabam sendo expressivos.
Tudo isto parece mostrar que os problemas são preocupantes, mas não se deve exagerar nas suas dificuldades, principalmente em casos como dos Estados Unidos e do Brasil, o que interessa mais de perto para os que vivem neste país.
Não é preciso ter tamanha preocupação com a economia brasileira, pois esta é, atualmente, uma da mais fortes do mundo. O Brasil é, com certeza, um dos motores da economia mundial e estamos prestes a nos tornar a quinta maior economia do planeta.
Cara Kyra Furtado de Araújo,
Obrigado pelo comentário, mas esteja certa que para tanto há que trabalhar muito, inclusive aumentando a poupança local.
Paulo Yokota