A Construção Naval no Brasil
2 de agosto de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Valor Econômico, considerações importantes, destacada atenção ao Nobuo Oguri, outros fatores a serem considerados | 2 Comentários »
O Valor Econômico de hoje publica, com as autorias de Francisco Góes e Diogo Martins, três artigos importantes destacando o papel desempenhado por Nobuo Oguri, um japonês que se tornou engenheiro naval no Brasil, tendo colaborado com empresas de grande importância como a Ishibrás, Verolme e Emaq, ajudando a aumentar os componentes brasileiros. Segundo o jornal, ele teria declarado: “É preciso entender que o sócio estratégico somos nós, temos a demanda e o mercado. As estrangeiras podem vir para ajudar”. O artigo, que merece ser lido na sua íntegra, menciona aspectos da história da construção naval no país e no mundo, mas sente-se que existem algumas poucas lacunas que são necessárias para o completo entendimento dos problemas do setor.
Ainda que o setor de construção naval do Brasil tenha sido a maior do mundo, lançando cerca de um milhão de toneladas TDW por ano, por que chegou a ponto de quase extinção, quando seu papel passou a ser ocupado pela Coreia e pela China? Hoje existe uma grande demanda de navios como equipamentos da construção naval para a exploração principalmente do pré-sal. Mas por que não somos competitivos, tendo que importar componentes que estão limitados pela legislação?
Aos 86 anos, o engenheiro Nobuo Oguri defende a criação de uma indústria naval brasileira forte e rebate as críticas de que o produto brasileiro é mais caro (Foto: Luciana Whitaker/Valor)
Evidentemente, a construção naval é um setor básico e pesado da economia, e todos os desenvolvimentos que ocorreram pelo mundo contaram com o suporte do governo. Costuma-se adotar a política da “indústria infante” até ela se tornar competitiva com a de outros países, havendo necessidade de uma demanda mínima mesmo nos momentos de crise. No Brasil, ela passou por uma fase brilhante que se iniciou no governo Juscelino Kubitschek em 1956, contando com o suporte da Geicon – Grupo Executivo da Indústria da Construção Naval utilizando os recursos do Fundo da Marinha Mercante. Foi quando se instalou no Brasil a Ishibrás, com o forte empenho do empresário japonês Toshiwo Doko, com uma capacidade de produção invejável, ainda hoje não atingida pelas demais empresas brasileiras. Num período de inflação acentuada, não se contou com os recursos do Fundo no montante necessário para a sua continuidade, ainda que estivesse associado com o entendimento da exportação de minérios da Vale para as siderurgias japonesas, que voltaram a sofrer ciclos com flutuações acentuadas.
Quando da crise do petróleo, os estaleiros japoneses chegaram a contar com mais de 30% de suas encomendas feitas pelo seu Sistema de Autodefesa. O Brasil não contou com a flexibilidade necessária nos longos períodos de crise que se seguiram às dificuldades petrolíferas e financeiras.
Agora que se conta com as demandas relacionadas com a exploração do pré-sal, espera-se que se estabeleça um programa de longo prazo que dê um mínimo de continuidade para o setor. Para ser competitivo, sempre haverá necessidade de componentes importados, pois existem expressivas pesquisas em todo o mundo.
Eu gostaria muito de ver um artigo da indústria naval do amazonas, sendo publicado neste site, e se fosse possível na visão do Engenheiro Naval NABUO OGURI, será uma boa repercussão.
Mateus Araújo
presidente.
Caro Mateus Araújo,
Obrigado pela sua sugestão e pela menção do Nobuo Oguri que concordo fez uym bom trabalho com a Ishibras. Vou ver se consigo informações atualizadas para uma matéria.
Paulo Yokota