Além das Notícias Sobre Frigoríficos de Suínos Catarinenses
28 de agosto de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: antecedentes, os frigoríficos de suínos de Santa Catarina, potencialidades, potencialidades das exportações de carnes brasileiras para o Japão | 2 Comentários »
Os principais jornais brasileiros e até o Nihon Keizai Shimbun – Nikkei, o principal jornal econômico do Japão, estampa a ótima notícia da potencial autorização de frigoríficos de suínos de Santa Catarina receberem permissão para exportar seus produtos para os japoneses. Não há dúvida que a notícia é alvissareira, mas seria interessante que se adicionasse as informações da evolução das longas negociações que vêm ocorrendo com as importações japonesas de carnes, que é um dos mercados mais sofisticados destes produtos, podendo servir de exemplo para outros países, notadamente da Ásia.
As autoridades japonesas alegaram por muitas décadas que a importação destes produtos apresentaria riscos sanitários, mas era uma forma de proteger a produção local, principalmente das provenientes de países vizinhos, como a China. É o que se denomina proteção “não tarifária”, mais terrível porque não permite nenhuma importação. Hoje, muitos produtos de origem agropecuária abarrotam as prateleiras dos supermercados japoneses, notadamente os provenientes da China e da Austrália, além de outros países do Sudeste Asiático. O critério era tão “científico e técnico” que toda a carne bovina proveniente dos países ao sul do México era considerada como apresentando riscos de aftosa, mesmo que houvesse áreas comprovadamente livres destes destas pragas.
Todos sabem que estas autorizações poderão ocorrer porque os Estados Unidos enfrentam uma insuficiência temporária da produção de rações que está afetando todo o mundo. Os frangos brasileiros que também sofriam restrições, hoje representam 90% das importações japonesas. Ainda que haja algumas defasagens, as carnes bovinas, com algum tempo, tendem a contar com maior liberalidade. Pois todas estas medidas consideradas “sanitárias” são meramente protecionistas, e acabarão se reduzindo com as condições imperiosas do mercado.
Mas, é preciso cuidar de novas restrições que possam ocorrer, com o uso de vacinas e outros medicamentos para evitar algumas pragas, que hoje são facilmente rastreáveis.
Existem correlações entre os preços dos frangos, suínos e até dos bovinos, ainda que haja defasagens e outros fatores que interferem nestes mercados. Portanto, se o frango brasileiro já conquistou o mercado japonês, há possibilidades que os suínos e os bovinos acabem conquistando uma parte do mercado japonês, pois os produtos brasileiros apresentam algumas diferenças com os dos outros concorrentes.
Por exemplo, no caso dos bovinos, os australianos, que são os grandes fornecedores dos japoneses, contam com raças originárias da Europa, devidamente adaptada às condições daquele país. No caso brasileiro, as carnes como as dos nelores decorrem do cruzamento das raças trazidas pelos portugueses com os zebuínos indianos, sendo mais rústicos e resistentes. Ainda que não tenham a maciez dos europeus, nem a quantidade de gordura dos japoneses, apresentam sabores diferenciados que podem conquistar uma parte do mercado, que se sofistica cada vez mais.
Com as autorizações sanitárias do Japão, que são mais rigorosas que as dos Estados Unidos, muitos outros países, notadamente os asiáticos, poderão também importar os produtos brasileiros, se eles se mantiverem competitivos como estão se mostrando até agora.
Alguns mercados são mais exigentes, demandando cortes especiais que apresentam melhores preços. Também os industrializados, na forma de embutidos, podem ganhar mercado com o tempo, havendo necessidade de uma campanha agressiva para introduzir os hábitos dos seus consumos pelos mercados não tradicionais. Comer uma feijoada no Japão era uma tristeza, pois não contavam com todos os seus pertences adequados.
Afinal, todos os estrangeiros que experimentaram os produtos brasileiros acabam apreciando a sua qualidade, como vem ocorrendo com a “caipirinha”, hoje encontrada em todo mundo, até em restaurantes de outras culinárias, no sofisticado mercado japonês. É um campo que apresenta grandes potencialidades, mas vai exigir um esforço sistemático, com o apoio das autoridades, pois o setor privado já vem fazendo a sua parte, levando estes produtos brasileiros para novos mercados, até no outro lado do mundo.
Como está a economia japonesa, Toyota, Honda e Sony, por exemplos.
Caro Cristiano,
A economia japonesa deve crescer cerca de 2,5% neste ano, acima da brasileira. As empresas procuram se ajustar a um mercado internacional ainda fraco, mas os eletrônicos precisam mudar muitos dos seus produtos.
Paulo Yokota