O Brasil no Radar do The Economist
17 de agosto de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: cobertura sobre o Brasil, não é capa, The Economist, três artigos e um editorial
Muitos analistas em vários países consideram o The Economist uma das mais importantes revistas do mundo, cobrindo diversos assuntos de forma global, não sendo especializada somente em economia, ainda que o tema mereça um grande destaque. Notícias boas como ruins são divulgadas com muito cuidando, dentro de sua perspectiva ideológica de tendência liberal, como um dos instrumentos do prestigioso grupo da London School of Economics. No número desta próxima semana, além de um editorial que já teve o comentário sobre ele postado neste site referindo-se às necessidades de importantes decisões a serem tomadas pela presidente Dilma Roussef, aparecem três artigos de grande destaque sobre o Brasil.
O primeiro refere-se à substância sobre o qual opinou no seu editorial, afirmando no seu título que, enfrentando ventos contrários, Dilma Rousseff faz algumas correções de curso, destacando as privatizações no setor de infraestrutura, desapontando burocratas e enfrentando greves, muitos orientados pelos petistas. Noutro, compara o Rio de Janeiro, próxima sede das Olimpíadas, com Londres que sediou as últimas, que ainda deve receber as paralimpíadas. E noutro registra que Eike Batista, considerado o maior milionário brasileiro, foi atingido fortemente nas cotações de suas empresas nas bolsas. O interessante é que mesmo com isto o Brasil não é o assunto da capa.
No primeiro artigo, The Economist registra que até recentemente o aumento da receita pública que vinha se registrando no Brasil, tanto com o crescimento da economia como a redução da sonegação, havia recursos para atendimentos das necessidades sociais, bem como o aumento significativo de gastos com os funcionários públicos, que continua promovendo greves reivindicando novos aumentos, ainda que seus benefícios sejam bem superiores aos dos trabalhadores do setor privado. Dilma Rousseff tem afirmado que a sua prioridade é acabar com a miséria absoluta e garantir emprego para os que não contam com estabilidade, que é assegurada aos funcionários públicos.
As greves vêm afetando a economia brasileira em diversas frentes, mas todos reconhecem que o governo, que teve origem dentro do PT – Partido dos Trabalhadores, precisa resistir a esta pressão. Ele excede em muito o que é possível, para um setor que apresenta uma baixa eficiência.
Ela está apresentando um ousado plano de privatizações, que chama de concessões, começando pelas rodovias e ferrovias, devendo se estender pelos aeroportos e portos, aperfeiçoando o que já vem sendo feito na melhoria da infraestrutura. Na realidade, é um realismo diante das limitações dos recursos do setor público para os investimentos indispensáveis para manter a competitividade do Brasil com relação aos outros países concorrentes mundo afora, bem ao gosto do The Economist. Soma-se com a redução dos juros, ampliação dos créditos, diminuições pontuais de impostos e ampliação das oportunidades para o setor privado.
Segundo os jornais diários brasileiros, tudo indica que o exagerado pessimismo que havia no Brasil e no exterior com relação ao Brasil parece ter sido superado, com o que já vem acontecendo deste junho, surpreendendo o mundo com o aumento significativo do emprego. Parece que a economia mundial sofre deste exagerado ciclotimismo. Este site tem destacado a importância do que vem ocorrendo já no setor rural brasileiro, que vem ajudar em muito tanto o setor industrial como o de serviços, garantindo um segundo semestre crescente, e um bom 2013 na economia brasileira.
Num outro artigo destaca-se o Rio de Janeiro que deve suceder Londres para as próximas Olimpíadas. Apesar de seu panorama fotogênico, a revista ressalta que existem problemas com a infraestrutura que está atrasada na sua preparação, além dos outros problemas que persistem na Cidade Maravilhosa. Houve um intenso intercâmbio procurando absorver parte da experiência londrina.
A revista reflete a preocupação com os elevados custos locais, além dos exageros nas estimativas dos resultados esportivos, que não foram tão brilhantes em Londres. Mas os ingleses reconhecem que os brasileiros são capazes de fazer uma boa festa.
Em outro artigo trata-se do que está ocorrendo com Eike Batista. Todos sabem que parte substancial dos seus ativos é virtual e o empresário tem uma elevada propensão para exagerar no seu otimismo, como na estimativa da produção do poço de petróleo que prospecta cujo resultado ficou bem baixos do esperado. Além de um porto que está preparando para exportar minérios, tendo como alvo principal a China, que passa a contar com novas alternativas.
Ele procura mostrar-se ainda otimista, junto com alguns que assumiram riscos nos seus projetos. Mas dentro da atual conjuntura mundial, há conveniência que as hipóteses utilizadas sejam mais realistas, pois as bolsas não estão tão brilhantes, principalmente no Brasil.
Mesmo com estas variadas apresentações, o fato concreto é que o Brasil acaba despertando a atenção mundial, tanto com seus aspectos positivos, como os preocupantes. Todos reconhecem que existem potencialidades, que precisam ser bem aproveitadas.