Reflexões Sobre os Contrastes do Desenvolvimento Brasileiro
27 de agosto de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: algumas observações sobre uma viagem a Minas Gerais, Belo Horizonte e arredores, Brumadinho e a região, Inhotim
Ainda que todos esperem que o desenvolvimento econômico seja um processo homogêneo que envolva simultaneamente muitos aspectos da atividade humana, ele é um processo que vai se promovendo com muitos contrastes, com o avanço de alguns segmentos enquanto outros permanecem ainda defasados. Quem não visita Minas Gerais há alguns anos vai observar estes fortes contrastes, mostrando uma efervescência dinâmica marcante de um processo que todos desejariam que fosse mais equilibrado, mas que vai se corrigindo nas distorções mais fragrantes. Pode-se afirmar que se sente o anseio popular pelo desenvolvimento.
Inhotim é uma surpreendente manifestação cultural de nível internacional, na região metropolitana de Belo Horizonte, compreendendo um Instituto de Arte Contemporânea e um Jardim Botânico (algumas informações podem ser obtidas no: http://www.inhotim.org.br/) instalada numa região de mineração e pouco desenvolvida e objeto principal de nova recente visita. Ele é o sonho de um empresário visionário que se autodenomina um “louco”, Bernardo de Mello Paz, que se concretiza com a ajuda de profissionais internacionais competentes, e provoca um forte impacto sobre seus arredores diante do influxo de visitantes nacionais e estrangeiros. Inhotim veio se ampliando por décadas e continua acrescentando novas galerias. A infraestrutura de Minas Gerais procura acompanhar a demanda e o desenvolvimento geral que está se observando, mais ela somente acaba sendo construída com alguns atrasos, enquanto todos necessitam enfrentar os desequilíbrios existentes, mas que certamente serão corrigidas em parte nos próximos anos, inclusive por causa da Copa do Mundo. As precariedades das estradas e avenidas são fortemente constatadas, diante da transformação por que passa a área metropolitana de Belo Horizonte, com toda a sua industrialização deixando o aspecto pacato que era a marca passada desta parte do Brasil.
Belo Horizonte: rápida transformação / Aeroporto de Confins
O aeroporto de Confins e arredores vêm se desenvolvendo a olhos vistos, com a instalação de novas empresas e todo o suporte necessário, mas a sua interligação com o centro de Belo Horizonte e os acessos às demais regiões mineiras ainda são deficientes, tal a rapidez com que se observam as mudanças. Ainda que estejam sendo providenciados meios de transporte de massas, o tráfego atual é terrível, digno das mais complexas metrópoles do mundo emergente. O vasto território do Estado de Minas Gerais, que é amplo e passa por um rápido desenvolvimento, sempre contou com uma precariedade de suas rodovias, sendo que as ferrovias estão voltadas predominantemente ao transporte dos seus minérios e produtos deles derivados.
Impressiona o surto de novas construções, tanto empresariais como de residências, e quem conhecia Belo Horizonte há uma década vai notar as mudanças que estão ocorrendo aceleradamente, cuja visão é sempre parcial. O mesmo acontece na maioria de sua área metropolitana, onde construções precárias ainda convivem com grandes construções atualizadas, e os anéis que procuram transferir seus tráfegos para fora do centro, são sempre insuficientes.
Brumadinho, pequena cidade próxima da qual se instala Inhotim, faz parte da periferia de Belo Horizonte distando somente cerca de 60 quilômetros, mas o deslocamento do aeroporto de Confins até lá acaba demandando mais horas do que o usual, devido parcialmente por estradas locais precárias. Com o forte fluxo de visitantes, muitas pousadas estão se instalando na região, ainda de formas improvisadas, apesar dos esforços de alguns empresários que procuram adaptar instalações como fazendas, para acomodarem os novos visitantes. Sente-se a efervescência da população local que está se ampliando e desdobrando para atender aos impactos de Inhotim, incluindo uma aspiração dos responsáveis pelo projeto que ajude a preparar seus moradores para as novas necessidades, que estão se ampliando nas últimas décadas.
Inhotim, como um instituto de arte contemporânea, conta com a assistência continua do que há de mais preparado no mundo, tendo sido seu curador Allan Schuwartzman, conhecido principalmente por seus trabalhos na especialidade em Nova Iorque e no mundo, com Jochen Voltz, reconhecido internacionalmente por seus inúmeros trabalhos, contando com a colaboração de curadores locais como Rodriges Moura e Julia Rebouças, todos reconhecidos internacionalmente. Em setembro próximo, assume a sua curadoria geral a coreana Eumgie Joo, consagrada por estes tipos de trabalho em Nova Iorque.
Suas diversas galerias, hoje espalhadas por cerca de 1.700 hectares, são de consagrados artistas internacionais e brasileiros, havendo obras que estão localizadas em variados locais pelos amplos jardins como de norte-americanos, europeus e asiáticos. O seu paisagismo com muitos lagos, além de plantas brasileiras, trouxe muitas outras partes do mundo, inclusive com sugestões de Burle Marx.
Pode-se afirmar que Inhotim é o paraíso dos arquitetos brasileiros e estrangeiros que projetaram suas variadas e amplas dependências, que constam de livros e muitas publicações. Como está localizado numa região de relevo movimentado, existem conduções tanto para visitantes como os que necessitam de assistência especial, mas mesmo com toda a ajuda, esforços são necessários.
O local exige algumas visitas, pois, mesmo despendendo-se alguns dias, não se consegue apreciar tudo, acabando por cansar os visitantes, que contam com dependências adequadas para uma boa alimentação e descansos.
Mesmo os visitantes que conhecem o que existe de melhor no mundo, tanto na Europa, Estados Unidos ou na Ásia, certamente ficarão impressionados com o que se encontra em Inhotim.