The Economist Afirma que é a Hora da Verdade para a Dilma
16 de agosto de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do próximo número do The Economist, as dificuldades, benefícios passados da melhoria do mercado mundial, Dilma precisa cortar o custo Brasil, o aumento da carga tributária
O site do The Economist já antecipa o artigo sobre o Brasil que deverá sair no próximo número que leva a data de 18 de agosto. Afirma que chegou a hora da verdade para a Dilma, que terá que cortar o custo Brasil, para que a economia brasileira saia do atual crescimento modesto. Cita Warren Dean, um historiador econômico que há cerca de um século afirmou que o comércio exterior brasileiro aparenta limitado às commodities em que as vantagens comparativas esmagadoras compensam os elevados custos de produção e comercialização, bem como altos impostos. Que tanto o governo como o setor privado não dá a devida atenção à competitividade. A renomada revista internacional afirma que ainda hoje esta realidade parece válida.
O crescimento elevado observado na última década no Brasil deveu-se a demanda chinesa de minério de ferro, soja e seu óleo, que permitiu elevados salários e créditos que permitiram aumentar o poder de compra de milhões de brasileiros. Poderia se acrescentar que o desenvolvimento que ocorreu no mundo também beneficiou o Brasil, que nada fez de especial que elevasse a sua competitividade. Depois de superar as dificuldades decorrentes de 2008 com uma ampliação da demanda interna, agora o Brasil vem cortando suas taxas de juros e desvalorizou o seu câmbio, ofereceu incentivos localizados e créditos, procura um crescimento do PIB de 4,5% ao ano para o futuro próximo. Mas as medidas tomadas de ampliação de sua demanda interna no passado não proporcionam maiores efeitos, pois os consumidores brasileiros necessitam pagar pelos empréstimos contraídos.
A presidente Dilma Rousseff
A economia mundial, com seu baixo crescimento, também não favorece mais o Brasil. Tornou-se mais barato importar, por exemplo, o aço da Coreia com o minério brasileiro a produzi-lo no Brasil, segundo Carlos Ghosn.
Segundo o The Economist, existem muitas razões para tanto. Um que a carga tributária atingiu os níveis europeus de 36%, mesmo que os serviços prestados pelo governo sejam bem inferiores. Delfim Netto aponta que os investimentos públicos privados brasileiros eram de cerca de 4% do PIB, quando a carga era de 25%, e agora está reduzida a menos de 2%, mesmo com a elevação dos impostos. Entre 2003 a 2010, os salários do setor público tiveram acréscimos de 50% reais provocando a elevação das despesas públicas, sem que benefícios adicionais fossem oferecidos à população e ao setor privado. Também foram elevadas as pensões e o salário mínimo.
Parece que a presidente Dilma Rousseff entendeu o problema, segundo a revista, ficando consciente da necessidade de mudanças. Ela vem estimulando as privatizações que começaram no setor dos aeroportos e agora se estende às rodovias e às ferrovias, devendo chegar aos portos, assunto que é tratado na revista em outro artigo. Mas existem preocupações com a inflação, mesmo que a economia esteja sendo beneficiada novamente por bons preços das commodities agrícolas.
Existem conversas sobre a redução de impostos e custo da energia, bem como custos relacionados com as folhas de pagamento. Para que tudo isto seja feito sem o aumento do déficit público, ela necessita diminuir os gastos públicos. É preciso reduzir a aposentadoria precoce, bem como resistir às pressões com as greves para aumentar os salários do setor público. Tudo isto ajuda, mas provoca efeitos de prazo mais longo, quando há necessidade de um crescimento imediato.
Dilma Rousseff, segundo a revista, necessita tomar medidas cruciais nos próximos meses, evitando o crescimento do setor público. Restabelecer a competitividade da economia brasileira depende de decisões duras, que podem ser o melhor caminho para a conquista de um segundo mandato.
Certamente, existe um conjunto de outras medidas a serem tomadas, mas é preciso estar consciente que milagre não existe e tudo vai exigir sacrifícios e muitos trabalhos persistentes, mas o final de 2012 como 2013 pode ser ajudado ainda pelos elevados preços das commodities agrícolas que ajudarão o setor rural. Mas,, para um desenvolvimento sustentável de prazo mais logo, há que se conquistar a competitividade do setor industrial e de serviços, com empregos da melhor qualidade.
Educação, saúde, pesquisas ainda serão necessárias, com a ajuda do setor privado nacional e estrangeiro, que necessitam de perspectivas de retornos razoáveis para os seus investimentos.