Brasileiros Nas Prisões Japonesas
8 de setembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: brasileiros no Japão, delinquentes, dificuldades, menores, o sistema japonês | 2 Comentários »
Consta no site da UOL uma lamentável notícia sobre os 476 brasileiros que estão presos no Japão, originária da agência BBC Brasil, falando das dificuldades deles de comunicação pela falta de domínio do idioma local. O mais triste é que, incluindo os menores que estão no sistema correcional do Japão, o número é bem mais elevado. Não se ajustando à sociedade japonesa, pelas limitações do conhecimento do idioma japonês, eles tendem a se constituir grupos que acabam cometendo irregularidades. Muitos voluntários brasileiros procuram dar assistência regular a estes compatriotas, destacando-se o trabalho que vem sendo efetuado há décadas pela brasileira irmã Yoshiko Mori. Ela recebeu autorização especial para visitar estes detidos.
O sistema prisional japonês é muito disciplinado e rigoroso, exigindo dos que cometeram alguma irregularidade, mesmo considerada pequena pelos brasileiros, um intenso treinamento para que sejam preparados adequadamente ao convívio na sociedade. Além do aprendizado do idioma local, são obrigados a adquirir uma profissão pelo treinamento intenso, dentro de uma jornada que começa de madrugada, tomando muitas horas por dia. Certamente, os que não compreendem adequadamente as determinações que são transmitidas em japonês provavelmente sofrem punições como são registradas nas queixas de alguns. Devem se sentir mais isolados dos seus amigos e familiares, tendo que se comunicar por cartas como citado no artigo.
Imagens de um longo corredor de uma prisão japnesa e de cartas escritas por brasileiros presos
O artigo registra também as informações fornecidas pelos diplomatas brasileiros lotados nos consulados, informando que os detentos recebem salários pelos seus trabalhos. Mas, diferente do Brasil, lá é impossível que tenham visitas íntimas.
O artigo registra esforços efetuados por alguns detentos, lutando tanto para se recuperarem e enfrentarem as dificuldades, como outros que se livraram inclusive do vício com drogas, com a ajuda de instituições religiosas.
Como muitos procuram se comunicar por cartas, pois não mantêm relacionamentos com familiares e amigos, alguns brasileiros procuram responder estas correspondências. Mesmo admitindo que os rigores das prisões japonesas sejam duros, parece que isto ocorre também em outros países, cujas legislações são mais rigorosas, notadamente nos crimes relacionados com as drogas.
É preciso entender que estes sistemas correcionais são destinados tanto para a recuperação dos que cometeram irregularidades para o convívio em sociedade como para que estes exemplos inibam a impunidade, desestimulando outros que tendam a cometer os mesmos erros.
Lamentavelmente, em alguns países as prisões não possuem condições para estas missões. Seria interessante que a imprensa, além de apontar estas dificuldades, também procurasse ressaltar os casos de sucesso dos brasileiros no exterior, que com muita luta conseguiram diplomas universitários ou foram bem sucedidos em seus negócios.
Moro no Japão e li essa reportagem feita pelo jornalista Ewetion Tobace. O que tenho a dizer que esse reporter é parcial. Não chegou a entrevistar o outro lado que são as autoridades japonesas da Justiça. Parece me que o jornalista não domina o idioma japonês, porque ele só vive no meio dos dekasseguis.
Caro Luiz,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota