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Política Econômica Brasileira Segundo Nelson Barbosa

10 de setembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista de Nelson Barbosa para Folha de S.Paulo, posição firmes e discretas, sua importância na formulação da política econômica brasileira

Todos os analistas econômicos mais informados do Brasil reconhecem a importância que Nelson Barbosa, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, tem na formulação da atual política econômica. Ele concedeu uma discreta, mas firme entrevista aos jornalistas Valdo Cruz, Natuza Nery e Julianna Sofia publicado na Folha de S.Paulo deste domingo. As posições colocadas devem ser consideradas por todos como de grande importância, ainda que estejam colocadas de forma bastante genérica.

Quando o chamado mercado, extremamente influenciado pelos economistas relacionados com o sistema financeiro, colocava que os juros deveriam ser mantidos elevados para evitar os problemas inflacionários, Nelson Barbosa já expressava que poderia haver uma redução, sem riscos maiores de volta do processo de elevação continuada dos preços, ao mesmo tempo em que o crescimento econômico poderia ser mantido. Com posições semelhantes aos atuais dirigentes do Banco Central do Brasil, antecipava que a crise econômica mundial seria mais profunda, reduzindo os preços das principais commodities internacionais.

nelson barbosa

Nelson Barbosa

Procurando evitar a impressão que o Ministério da Fazenda está influindo na política monetária do Banco Central, ele avalia que a redução de juros no Brasil foi importante, não provocando um aumento da pressão inflacionária. Sobre o crescimento para 2013 colocado pelos jornalistas, ele expressou que o cenário externo está melhorando nos Estados Unidos, havendo uma desaceleração mais acentuada na China e dúvidas sobre as soluções dos problemas europeus. Mas que o quadro permite estimar que a economia brasileira esteja crescendo em torno de 4% ao final deste ano, com uma inflação controlada.

Ele menciona que, além da redução dos juros, encargos trabalhistas estão sendo reduzidos, e o governo vem anunciando programas que devem estimular a economia. A ligeira elevação da pressão inflacionária é atribuída à melhoria dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional.

Sem uma longa experiência na análise do setor agropecuário brasileiro, não colocou os fortes benefícios que poderão advir do quadro favorável dos preços dos produtos agropecuários, ainda que os mesmos acabem afetando também a inflação com a elevação dos custos das proteínas. Mas suas influências sobre o setor terciário da economia também não chegaram a ser analisadas, que devem ser importantes.

Ele atribui a devida importância para a diminuição do custo da energia elétrica, não somente pelo seu impacto direto nos índices de preços, como beneficiando as empresas, tanto industriais como as demais.

Ainda que analistas do mercado continuem afirmando que os juros terão que ser elevados em 2013 para reduzir as pressões inflacionárias, Nelson Barbosa não entende da mesma forma. Ele acredita que a melhoria da produção no Brasil pode contribuir com a elevação da eficiência, pressionando menos os preços.

Ele entende também que o câmbio ainda continua apreciado dentro dos padrões brasileiros, mas a política cambial não deve ser utilizada como forma para controle das pressões inflacionárias.

Observa-se que o entrevistado foi extremamente cauteloso nas suas respostas, procurando manter-se discreto, evitando a imagem que seria vital para a formulação da política econômica, como é o mais adequado.