The Economist Sobre Senkakus/Diaoyus
21 de setembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: comprometimento das relações internacionais, desproporcional aos seus significados, manifestações populares, muitas disputas asiáticas sobre ilhas | 1 Comentário »
A revista inglesa de circulação internacional The Economist trata do assunto das disputas das ilhas asiáticas na sua edição desta semana ignorando que também os ingleses foram envolvidos nas disputas de Folkland/Malvinas com a Argentina localizada bem longe de suas águas territoriais. Estas atuais disputas ocorrem entre China, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Taiwan e Filipinas em variadas ilhas. As retórias oficiais e as manifestações populares que vêm se verificando em diversos lugares, com mais intensidade na China, chegaram a paralisar atividades de conhecidas empresas, e podem comprometer as relações internacionais por longos períodos.
Segundo a revista, o governo chinês está tentando tardiamente minimizar a disputa ciente dos interesses econômicos envolvidos, pois o Japão é o principal parceiro da China. Estes fatos têm importância eleitoral, ainda que no caso chinês a sucessão esteja restrita a influência dos elevados escalões do Partido Comunista. O turismo dos chineses para o Japão é relevante, e nos supermercados japoneses os produtos chineses chegam a ocupar 70 a 80% dos que são vendidos.
Ilhas de Senkaku / Diaoyu
Mas a revista recorda que isto pode se constituir num processo. Quando a Europa não imaginava uma guerra, a Alemanha, sentindo a lentidão na acomodação de seu poder, impulsionou o aumento do nacionalismo. No caso da China, os seus 150 anos de humilhação acabam aflorando nas tensões com seus vizinhos, muitos deles aliados dos Estados Unidos.
A atitude do governo do Japão ao adquirir a propriedade de Senkaku decorreu da tentativa de um mal maior, que seria a pretensão do governador de Tóquio, mais agressivo com relação à China, fazer o mesmo.
Os problemas já vêm ocorrendo há anos, desde o aprisionamento de alguns barcos pesqueiros chineses pelos japoneses na região. O crescimento do nacionalismo chinês, ainda que não tenha as pretensões de ampliação dos seus domínios, agrava a situação. A China já conta com muitos problemas nos seus próprios territórios.
Segundo a revista, as disputas são menos por causa da pesca, petróleo e gás que podem estar na região. Os vizinhos dos chineses sentem que fazer concessões vai agravar o processo de avanço de suas pretensões. Apontam que há uma inabilidade asiática para tratar destes problemas diplomaticamente, quanto mais quando tiverem que cuidar do agravamento da crise na península coreana ou do estreito de Taiwan.
Os Estados Unidos, que enfrentam muitos problemas pelo mundo, pretendem manter o Pacífico sob controle, mesmo com confrontos com os chineses sobre diversos assuntos. A revista entende que a solução destes problemas demanda gerações.
The Economist entende que três salvaguardas são necessárias. Inicialmente, evitar percalços que provoquem a escalada da crise. Uma colisão no mar precisa contar com mecanismos regionais para controle de suas consequências, com trabalhos preventivos em conjunto. A segunda seria encontrar formas para arquivar disputas sobre a soberania, como até Mao Tsetung e Deng Xiaoping teriam conseguido deixar estes assuntos para as futuras gerações, enquanto se mantém como reservas marinhas.
A terceira seria o aumento dos esforços de dissuasão, com a ajuda dos Estados Unidos, ainda que atual administração de Barack Obama não esteja clara sobre o assunto. A revista recomenda que Xi Jinping e seus líderes dos países vizinhos entendam os riscos de manipular estas questões e os danos que podem causar. É indispensável que a confiança na região não seja corroída.
Ainda que sejam colocações sensatas, há que se reconhecer que muitos esforços diplomáticos necessitam ser desenvolvidos, não se podendo deixar estas questões em aberto, que podem prejudicar a todos.
Toda essa confusão por causa de umas ilhotas? Francamente!