Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Complexidade do Mundo Real

11 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: além da macro e microeconomia, artigo postado no Project Syndicate, autores chineses

Os autores Andrew Sheng, professor adjunto da consagrada Tsinghua University da China, e Xiao Geng, diretor de pesquisa do Instituto Fung Global, tecem considerações atualizadas sobre os avanços registrados nas análises econômicas recentes, que vão além das acadêmicas de micro e macroeconomia. Como as tradicionais análises econômicas não estão conseguindo explicar o que vem acontecendo na recente economia mundial globalizada, como outros autores atualizados no mundo, propõem os estudos de meso-economia que recomendam a incorporação de aspectos institucionais, e da meta-economia que aprofunda os aspectos funcionais da economia, voltando ao que se considerava economia política no passado, na sua fase inicial desta parcela do conhecimento humano.

Eles se baseiam nas frustrações expressas por prêmios Nobel em economia como Ronaldo H. Coase e Paul Krugman. Referem-se às contribuições de Kurt Dopfer, John Foster e Jason Potts que adicionam aspectos institucionais como tribunais, partidos políticos e religiões para entender os problemas econômicos da população, empresas e países. Com as contribuições da meta-economia, as análises aprofundam aspectos funcionais para entender as complexas, interativas e os sistemas holísticos da vivência, citando contribuições como de Fritz Schumacher e Eric Beinhocker, mostrando que os economistas chineses se encontram nos estágios atualizados da análise econômica.

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Andrew Sheng e Xiao Geng

Todos os analistas reconhecem que existem dificuldades para o adequado entendimento dos problemas econômicos atuais utilizando-se somente o que estão nos textos de micro e macroeconomia. Todas as economias estão inseridas dentro de suas histórias e condicionamentos políticos que existem em qualquer país, quer seja no comportamento dos consumidores, das empresas como nos governos.

Como as análises parciais, ainda que permitam identificar alguns aspectos que possam ser cruciais, são simplificações acadêmicas que nada têm a ver com as complexidades em que todos estão inseridos, que exigem considerações sistêmicas e dinâmicas, considerando o estágio de desenvolvimento em que se encontram, notadamente nas suas relações com o exterior.

Os países que atingiram estágios de desenvolvimento antes dos atuais emergentes procuram preservar suas vantagens, havendo necessidades crescentes de regulações governamentais para compensar parte das desvantagens, e, neste sentido, os problemas estão datados, dependendo das suas histórias.

Hoje, admite-se que todos os agentes econômicos não atuam tentando somente maximizar suas vantagens, mas existem considerações como as relacionadas com a preservação do meio ambiente, eliminação da pobreza absoluta e da fome, da necessidade de coexistência no mundo globalizado, também com os países que não adotam os mesmos valores. Há que se respeitar valores políticos e religiosos, ainda que não se concordem com alguns deles.

A dificuldade das análises da realidade acaba sendo tão complexa quando todos estes fatores são considerados em seu conjunto, dificultando também a sua adequada compreensão para os fins de estabelecimento da política econômica, sem que as autoridades tenham o completo domínio de todos os aspectos envolvidos.

Ainda assim, há que se tentar compreender os aspectos fundamentais que estão envolvidos nestes processos dinâmicos e interativos, procurando, se não a situação ideal, o que é o melhor possível dentro do quadro em que estão inseridos, que envolvem valores que sejam os majoritários no momento, estabelecidos de forma democrática.

Parece que não existe mais nada fácil.