As Mudanças de Comando na China e as Eleições nos EUA
30 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: assuntos semelhantes no Project Syndicate e no The Economist, eleições nos Estados Unidos, preocupações de todos, reunião do alto comando na China
Todos que possuem a mínima consciência sabem da importância sobre as eleições do próximo dia 6 de novembro nos Estados Unidos, quando Barack Obama ou Mitt Romney emergirá como o escolhido para comandar a maior economia do mundo pelos próximos quatro anos. E logo dois dias depois, quando após o 18º Congresso Nacional da China, a cúpula política chinesa preencherá as condições para passar o comando do país a Xi Jinping, que só se efetivará no próximo ano. Não podem deixar de preocupar-se com o quadro difícil porque passa o mundo neste momento. Javier Solana, que foi ministro do Exterior da Espanha e é o secretário-geral da NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte, escreve sobre o assunto no Project Syndicate. A prestigiosa revista The Economist publica alguns artigos fornecendo informações sobre os problemas que estão sendo enfrentados pela China. Mesmo um resumo destas considerações acaba exigindo um espaço maior do que é usual num artigo postado neste site.
Javier Solan Xi Jinping
Javier Solano prefere listar os problemas internacionais em pauta, como no Oriente Médio, tanto com a Síria como com o Irã, ao lado da independência energética perseguida pelos Estados Unidos que terá consequências sobre o resto do mundo nas próximas décadas. Em todos eles, um mínimo de entendimento entre os norte-americanos e chineses seria de grande importância.
The Economist prefere listar os graves problemas porque passa a China, começando pela desaceleração do seu crescimento, problemas de corrupção e as muitas frustrações que se detectam entre variados segmentos daquele país. Não se sabe qual rumo será tomado pelo novo presidente chinês, prosseguindo os passos que vieram sendo dados pelos seus antecessores. Deng Xiaoping começou as reformas em 1992, que resultaram em expressivos crescimentos nas últimas duas décadas. Hu Jintao conseguiu nos seus dez anos quadruplicar a economia chinesa e 95% da sua população passou a contar com algum tipo de cobertura para a saúde, que beneficiava somente 15% em 2000.
Mas este processo de aumento das desigualdades entre os chineses deixaram muitos descontentes, que encontram meios de expressão por variados mecanismos. Até os atuais dirigentes reconhecem que reformas precisam ser introduzidas, o que acabam sendo refletidos até pelos seus meios oficiais de comunicação social. Apesar da apregoada meritocracia, sabe-se que existem alguns mecanismos onde alguns acabam sedo privilegiados.
Que tipo de reformas serão introduzidas é uma questão ainda em aberto, podendo vir das suas bases, ao mesmo tempo em que os controles estatais sejam afrouxados. Dentro da China existem tendências que vão dos controles rígidos exercidos pelo Partido Comunista até os mais liberais que se aproximam do que ocorre em Cingapura. Xi Jinping tem revelado cuidadosamente poucas facetas, como o próprio Partido Comunista vem adotando mudanças difíceis de serem imaginadas.
Tudo indica que a rota que veio sendo perseguida por Xi Jinping implicou num preparo cuidadoso, como as diversas visitas que foram feitas à Xiajiang, uma região atrasada que veio sendo acompanhada em sua evolução no tempo. Ele comparou a utilização do biogás as suas experiências durante a Revolução Cultural. Deve-se recordar que o seu pai foi um importante companheiro de Mao Zedong tendo chegado à cúpula, mas com o desentendimento sofrendo as agruras da perseguição.
Na atual administração também foram dedicados cuidados relacionados aos mais pobres, como as melhorias nas habitações e no seguro saúde. Também suas preocupações com as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável. As formas de manifestação das insatisfações ocorrem com mecanismos similares às redes sociais. Como Xi Jinping lidará com estes problemas ainda é uma incógnita.
Processam-se discussões também sobre a política econômica, como as reflexões de Yuan Xucheng, economista sênior da Sociedade Chinesa de Reforma Econômica. Também Li Keqiang que deverá assumir o cargo de primeiro-ministro comandou estudos efetuados com o Banco Mundial sobre a armadilha da renda média, que determinaria uma substancial queda do crescimento econômico. Experiências colhidas em outros países, como a União Soviética e o Leste Europeu, também estão sendo estudadas.
Os que atingiram a situação de classe média na China se preocupam com a preservação de suas conquistas, como expresso pelo êxodo de recursos do país. Muitas destas discussões estão se processando na China, não havendo soluções fáceis.
Mas, segundo o The Economist, mais do que ninguém, Xi Jinping está preparado para um período difícil de reformas, tendo trânsito em diversos segmentos, como a sua origem de família influente, seus amplos relacionamentos feitos no exterior, e sua possibilidade de discutir mais abertamente do que seus antecessores. No entanto, existem muitas incógnitas, inclusive nos seus relacionamentos com os que forem eleitos nos Estados Unidos.