Desafios Para a Competitividade Brasileira
16 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: cobrindo a maioria dos temas, direções de Cley Scholz, do Estado, do Globo, e Cristina Alves, quatro números, reconhecimento das dificuldades, suplemento conjunto de O Estado de S.Paulo e O Globo
Reconhecendo que a economia brasileira enfrenta problemas para se situar entre os primeiros do mundo, os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo tomaram a iniciativa de publicar quatro suplementos especiais visando cobrir os principais temas. Designando equipes para tanto, começam reconhecendo que, apesar de alguns avanços, o Brasil ainda se situa no 48º lugar no ranking mundial, enfrentando problemas como a insuficiência na inovação, regulação de moedas estrangeiras, acesso a financiamentos, corrupção, falta de preparo da força de trabalho, relações trabalhistas restritivas, burocracia governamental, carga tributária, deficiência na infraestrutura e regulações tributárias.
Apontam que o governo não consegue fazer os ajustes necessários sem reformas, os juros começam a baixar e o câmbio se desvaloriza, as exportações concentram-se nos produtos primários, os componentes eletroeletrônicos estão emperrados, a logística está atrasando o desenvolvimento, os portos são um problema, a tecnologia é uma grande barreira, os transportes são de má qualidade, o setor privado deve investir em infraestrutura, os executivos brasileiros são globais, componentes internacionais podem ajudar, parcerias ajudam a Embrapa, casos de adaptação, ousadia da Embraer, Marcopolo mantendo-se competitiva, entre outros casos.
Este reconhecimento e esta iniciativa ajudam os leitores a entender melhor as dificuldades que estão sendo enfrentados pelo Brasil durante os quatro números que estão planejados. Procura-se identificar os problemas, ressaltar algumas exceções e apontar o que se pode fazer para superar a atual situação.
Todos devem ter consciência que estes problemas decorrem de longos períodos de acumulação das dificuldades, quando muitos dirigentes públicos e privados não tiveram a devida consideração para os problemas que foram se acumulando. Removendo alguns deles, não se pode esperar um passe de mágica, mas uma dinâmica pela qual a conquista da competitividade se torne mais rápida que dos concorrentes, que também estão se mobilizando.
Não será um processo fácil de ser trilhado. A inércia e as resistências deverão ser muitas e muito trabalho sistemático terá que ser desenvolvido, com uma visão estratégica. Ao mesmo tempo em que decisões políticas terão que ser tomadas, não somente pelas autoridades e dirigentes, como ser absorvida pela consciência popular capaz de mobilizar a sociedade brasileira.
A extensão do país e sua diversidade devem auxiliar no processo e não se constituírem em obstáculos. Os fatores disponíveis e mobilizáveis devem ser aproveitados com prioridade, reconhecendo a escassez de alguns cuja superação deverá ser providenciada. O Brasil sempre foi voltado para o exterior, e deve continuar a aproveitar o que pode ser oferecido pelo mundo, mas contribuindo com o seu esforço para a superação das dificuldades que também são dos outros países.
Certamente haverá necessidade de aceleração da inovação, mas não somente em que alguns concentram suas atenções, como na eletrônica e comunicação, que devem ser adaptadas às necessidades brasileiras. Mas, a ampla biodiversidade do país como a abundância dos seus recursos naturais precisam receber valores que se adicionam, criando empregos de qualidade.
Existem muitos exemplos que permitiram a adaptação do que já se faz no exterior, com a criatividade que se dispõe no país, que em parte decorre da ampla miscigenação de sua população, tanto étnica como cultural. Sempre com os braços abertos para as parcerias com os estrangeiros, o caminho a ser trilhado deve visar à competitividade, sem que o protecionismo seja exagerado, mesmo reconhecendo que o país se atrasou em alguns setores que devem ser mais impulsionados.
Deve-se reconhecer que o país não almeja ser meramente um país supridor das necessidades dos outros, mas ter a pretensão de se tornar uma potência que seja respeitada em todo o mundo. Muitas das condições já estão atendidas, como a dimensão do seu território e de sua população, a disponibilidade para financiar as importações necessárias com suas exportações, bem como contar com um mercado interno expressivo, que se amplia com a melhor distribuição de sua renda interna e regional.
Não há nenhuma necessidade de ser tomado por um complexo, mas contar com a confiança o Brasil tem as condições básicas para superar os seus muitos problemas. E que esta necessidade é urgente, não permitindo o desperdício de muitos fatores com que se contar a favor.