Eleições Municipais no Brasil Além das Manchetes

29 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: além das manchetes evidentes, algumas indicações importantes, consequências futuras

Com todas as limitações de um grande país emergente, as eleições municipais em todo o Brasil dão ao mundo mostras do seu amadurecimento democrático eleitoral, que não se observam mesmo em alguns países desenvolvidos. Mesmo com fusos horários existentes no país, em poucas horas todos os dados detalhados da eleição ficaram disponíveis para os analistas, com total segurança, sem serem contestados mesmo pelos perdedores. Os principais jornais e meios de comunicação social destacam naturalmente os aspectos mais marcantes, mas existem muitos fatos mais profundos que mostram a qualidade dos avanços políticos observados neste gigante que apresenta diferenças marcantes de realidades.

Até dos confins da Amazônia, onde só se pode chegar fisicamente por vias aéreas e fluviais gastando dias, as informações de todas as urnas eletrônicas chegam imediatamente nos centros que os organizam, totalizando os dados detalhados por municípios, estados e para todo o país. Eventuais falhas de equipamentos, mesmo as pontuais dificuldades de energia ou comunicação foram adequadamente previstas, com baterias que suprissem as deficiências, inclusive com urnas eletrônicas sobressalentes para as mínimas falhas técnicas que se observaram, girando em torno de 0,1% do total. Poucos países podem ostentar, com orgulho, uma eficiente justiça eleitoral para a dimensão do Brasil, cuja tecnologia passa a ser exportada até para países desenvolvidos.

Urnas eletrônicas e Cental de Apuração em Belém no domingo

Além da tecnologia e equipamentos, parece importante destacar alguns aspectos do conteúdo da eleição em si. Não há dúvida que Lula da Silva e Dilma Rousseff conseguiram vitórias importantes como a de São Paulo com Fernando Haddad. Tomaram o risco de escolher um jovem que ainda não tinha participado de eleições, pois tiveram a capacidade de detectar que o povo estava saturado de figuras conhecidas pelas suas inúmeras e longas atividades políticas, cujas imagens estão desgastadas. Esta visão está sendo reconhecida até pela Marta Suplicy que era candidata ao posto e foi relegada pela visão, notadamente, de Lula da Silva.

Com a consciência clara que a eleição era local, os que foram considerados bons administradores foram reeleitos ou tiveram seus candidatos consagrados pelas urnas. Os que não conseguiram a aprovação da sua gestão pelos eleitores foram derrotados. Mesmo com todas as limitações, há que se reconhecer que a meritocracia está funcionando no Brasil, inclusive com todas as limitações dos sistemas eleitorais, inclusive do seu sistema político partidário. Os eleitos deverão ter a plena consciência deste fato se pretendem dar continuidade à sua vida política.

Ainda que os resultados destas eleições locais não sejam determinantes para o futuro do país, em termos das futuras eleições nos Estados e na Federação, há que se reconhecer que houve uma forte pulverização partidária. Não existe um grupo político homogênico e muitas alianças terão que ser costuradas, ampliando a participação de todos no poder.

Esta participação começa das pequenas comunidades, municípios de modestas cidades, bem como bairros de grandes metrópoles, e com os seus anseios os dirigentes precisam estar antenados, se pretendem resultados para o futuro. Evoluções e mudanças estão ocorrendo de forma dinâmica, e não existem mais caciques que comandam vastas regiões.

Existem novas realidades no país, e mesmo com muitos eleitores desiludidos que engrossaram as abstenções e votos nulos, há que se pensar em mecanismos para que eles voltem a participar da festa da democracia, pois somente com suas insatisfações novos avanços poderão ser obtidos.

Parabéns ao povo brasileiro.