Mudanças no Bairro da Liberdade de São Paulo
1 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análise cuidadosa, extenso artigo de Kátia Mello no Eu & Fim de Semana, suplemento do Valor Econômico
Para quem nasceu quando a família morava no bairro da Liberdade e acompanhou a sua longa evolução, o cuidadoso artigo de Kátia Mello, publicado no suplemento do jornal Valor Econômico, Eu e Fim de Semana, além de ser motivo de orgulho, pode certificar que decorre de um levantamento cuidadoso, que revela a sua complexidade. O bairro, que hoje pode ser considerado oriental, teve uma predominância inicial de japoneses, mas atualmente os proprietários dos principais estabelecimentos comerciais são chineses, com alguma participação dos coreanos.
Os imigrantes japoneses começaram a ocupar o bairro a partir da rua Conde Sarzedas, que perdeu a sua importância desde o período em que os japoneses foram removidos para outros bairros durante a Segunda Guerra Mundial. O atual centro é na praça onde se situa a estação do metrô, no início da rua Galvão Bueno. Ainda que muito frequentada por descendentes e japoneses e brasileiros em geral interessados em produtos orientais, as principais lojas são de propriedade de chineses de várias regiões, muitos de Taiwan. Mas como todos são originários do Extremo Oriente, os ocidentais têm dificuldades de fazer as distinções, que estão ficando mais difíceis mesmo entre os orientais, pois muitos hábitos estão se tornando globalizados.
Ano Novo chinês e a festa japonesa Hanamatsuri, que celebra o nascimentode Buda
O aumento da presença dos chineses, que começaram vendendo alguns produtos hortifrutigranjeiros, está se ampliando recentemente com o aumento de restaurantes chineses. As informações que atualmente a imigração de chineses continua ao próximo a 20.000 pessoas, sendo que parte são proprietários de estabelecimentos que vão desde livrarias até diversas formas de venda de produtos orientais, tendo como empregados descendentes de japoneses, pois a clientela dominante são dos que procuram produtos que são de uso comum. O boom da culinária japonesa aumentou a demanda tanto de ingredientes como de louças, hashi (palitos usados para comer) e de outros produtos relacionados.
Os japoneses, cuja imigração maciça foi anterior aos dos chineses e coreanos, ainda contam com algumas atividades culturais no bairro, mas hoje estão mais integrados na sociedade brasileira, e o período áureo na Liberdade foi entre 1960 a 1980, quando os cinemas exibiam filmes que atraíam também os interessados não descentes de japoneses. Os coreanos, mais dedicados ao comércio de confecções, começaram suas atividades no Bom Retiro, outro bairro paulistano, superando as presenças anteriores dos descendentes de judeus. Mas hoje estão espalhados por todas as áreas onde existem estes comércios, ainda que tendam a concentrar suas residências em determinadas regiões, como no bairro da Aclimação, próximo da Liberdade.
Todas estas mudanças estão bem captadas no artigo mencionado, informando detalhadamente o que nem sempre é de conhecimento geral. Uma das atuais características é a manutenção de escolas de língua chinesa, quando as de japonês que foram intensas até os anos sessenta do século passado, hoje não tem a mesma intensidade.
Há menção aos jornais de língua japonesa, cujos leitores ficam restritos aos mais idosos, e apresentam também páginas em português. Tudo indica que os minoritários tendem a preservar as suas manifestações culturais com maior intensidade e, na medida em que vão se integrando na sociedade brasileira, elas ficam menos acentuadas. Evidentemente, a importância econômica e política da China faz com que muitas empresas procurem funcionários que também dominem o mandarim.
A leitura completa do artigo pode ser recomendada, e pode ser acessado em: http://www.valor.com.br/cultura/2847812/liberdade-e-chinesa