Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Nem Sempre o Desejo Corresponde à Realidade

22 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Marcos Caramuru de Paiva, desejos das grandes cidades, dificuldades, o que resta na alma do povo

Marcos Caramuru de Paiva, num brilhante artigo publicado na sua coluna na Folha de S.Paulo, expressa a sua aspiração, que é de muitos, para que os intensos interesses econômicos entre a China e o Japão levem a um entendimento na disputa de ilhas entre os dois países. O sonho que vinha se montando é o da formação de um acordo de investimentos que evoluiria para uma zona de livre comércio envolvendo também a Coreia do Sul. No entanto, parece que as disputas de ilhas entre os dois países despertaram os sentimentos nacionalistas que foram agravados durante as guerras do século XX, difíceis de serem apaziguados, notadamente na China.

Nos grandes centros metropolitanos da China ao longo da costa, estes problemas estão minorados pelos intensos interesses comerciais, notadamente entre os jovens que não viveram os dramas passados. No entanto, como já afirmava Charles De Gaulle, existe uma “France profonde” como também no “Green belt” norte-americano, muitos dos sentimentos da população restringem-se aos nacionais e locais. O mesmo parece acontecer no interior do Japão e da China, onde é possível detectar a alma de sua população. Somente admitindo estas diferenças é que se pode chegar a uma forma de convivência respeitável entre um país desenvolvido economicamente e outro emergente de todos os pontos de vista.

Brazilian%20Consul-General

Marcos Caramuru de Paiva

Marcos Caramuru de Paiva é um competente diplomata que foi Cônsul Geral do Brasil em Xangai, o centro comercial mais importante da China, e continua se dedicando ao aumento do intercâmbio comercial brasileiro com a China. Mais que natural que ele procure estimular iniciativas como a de formação de uma zona de livre comércio, que certamente seria o início de algo parecido com a Comunidade Europeia, que é uma aspiração legítima de muitos empresários tanto na China como no Japão. Isto beneficiaria o mundo, mas é preciso entender também que existe uma longa história com os resquícios deixados por guerras e humilhações que se desejam superar, mas que sempre são difíceis.

Como Henry Kissinger, deve-se interpretar que a China não tem pretensões colonialistas, bastando-lhe as dificuldades que enfrentam com suas acentuadas diferenças regionais, étnicas e políticas. No entanto, sua fome de energia e matérias-primas faz com que os mares que lhes são próximos, como as rotas do seu abastecimento, ampliem suas necessidades militares, que assustam os seus vizinhos.

Como os Estados Unidos buscam atualmente de forma arrojada sua independência energética, o mesmo vai continuar ocorrendo com a China, fazendo com que os problemas não sejam tão simples. Todos observam que os orçamentos militares estão se elevando, bem com a ampliação dos meios para assegurarem seus domínios. Este sentimento supera até mesmo os interesses da convivência comercial, dentro de um quadro que todos contam com graves problemas políticos internos, lamentavelmente.