Notícias do Japão na Imprensa Brasileira
13 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: além do FMI-Banco Mundial, mudanças no Japão, notícias na Folha de S.Paulo, o caráter os japoneses
Logo depois de ter comentado com um importante diplomata japonês sobre a escassez de notícias sobre o Japão nos meios de comunicação do Brasil, apesar da simpatia com que os brasileiros viam os japoneses, fui surpreendido pela edição do último sábado da Folha de S.Paulo. Além de noticiar sobre a reunião do FMI/Banco Mundial que se realiza em Tóquio, como um acontecimento internacional parcialmente esvaziada pela crise mundial, as eleições de novos dirigentes em muitos países do mundo, o boicote dos principais líderes chinesas do segmento econômico-financeiro ao evento diante das disputas sobre algumas ilhas, fui surpreendido por duas outras notas que ressaltam os comportamentos dos japoneses e algumas mudanças em marcha.
O diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto escreverá regularmente numa coluna da Folha de S.Paulo, e comenta que o individualismo está sendo recuperado no Japão, principalmente entre os jovens, ao lado do coletivismo que era a marca mais acentuada da organização japonesa. Álvaro Pereira Junior comenta na sua coluna semanal sobre o Japão gentil, diante de algumas experiências por que passou naquele país.
Álvaro Pereira Junior Alexandre Vidal Porto
O fato concreto é que a relação do Brasil com o Japão tem sido amistosa por mais de um século, e o intercâmbio bilateral é intenso, mas de pouco conhecimento do grande público de ambos os países, que se conhecem mais pelos seus aspectos mais exóticos.
Não há dúvidas que a força dos japoneses depois da Segunda Guerra Mundial e nos episódios dos recentes desastres naturais há um aproveitamento de sua capacidade de trabalho coletivo. Mas a criatividade individual e suas lideranças acabam sendo importantes, que muitas vezes ficam inibidas diante das grandes organizações que aglutinam a contribuição de trabalhos de muitos que participam delas.
Mas, desde a Era Meiji, sempre alguns líderes de destaque foram capazes de mobilizar estas forças coletivas formando inicialmente os grupos de controles familiares chamados “zaibatsu”, que, apesar de fragmentados durante a ocupação norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial, voltaram a se agrupar, como imitado por outros países como a Coreia do Sul.
Hoje, parte do mundo globalizado volta para a necessidade de adicionar as criatividades individuais para romper o relativo marasmo em que está envolvido, tanto no setor empresarial como político. As necessidades das inovações tecnológicas, inseridas no que acontece no resto do mundo, parece que se esforçam para prestigiar as criatividades individuais. Mesmo as organizações que possuem forças coletivas necessitam de líderes para comandá-las.
A gentileza do povo japonês não se relaciona somente com os estrangeiros, mas pelo profundo respeito pelas demais pessoas. Se alguma informação, ainda que ligeiramente incorreta, foi dada, é preciso corrigi-la para não causar inconveniente para terceiros. O costume japonês de dispensar uma eventual gratificação por serviços prestados decorre do seu trabalho já incluir a atenção que deve ser dada aos clientes. Ajudar os outros nos pequenos detalhes faz uma diferenciação no respeito que se alimenta no trato com os demais indivíduos, ao mesmo tem que se respeita o espaço que lhes é devido. Incomodar os demais, com usos de celulares utilizando vozes em níveis elevados, por exemplo, causam inconvenientes para outros.
A adequada compreensão destes pequenos detalhes acaba mostrando que temos muito que aprender com outros povos considerados educados, que acabam melhorando a vida de todos.