O Programa Para a Indústria Automobilística
26 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as prioridades na economia, emprego, impacto sobre os setores fornecedores de componentes
Na política de desenvolvimento industrial de um país, os recursos sempre escassos procuram ser alocados nos segmentos onde cada economia conta com maiores possibilidades de ser competitiva. A indústria automobilística, dentro de uma perspectiva de prazo razoável, ficou com a imagem que conta com um mercado interno expressivo, e os componentes que necessita possuem um largo espectro, beneficiando muitos outros setores, ainda que não sejam mais os mais intensivos no uso de recursos humanos. No passado, eles utilizavam matérias-primas abundantes no país, como as chapas de aço e uma mão de obra de qualificação média. Hoje, utilizam mais chapas de alta tecnologia, componentes plásticos e de eletrônicas embarcadas e a produção brasileira não chega a ser competitiva internacionalmente.
Compreendem-se medidas pontuais que preservem os empregos já existentes no setor, com reduções tributárias que vão se tornando cada vez mais permanentes, até porque o Brasil enfrenta a necessidade de redução da carga tributária, que vai sendo feito paulatinamente por setores. Mas, dentro de uma política industrial, os estímulos para a sua ampliação só se justificam se forem competitivas nos mercados externos, pois sempre contam com importações de equipamentos e componentes, que precisam ser honrados com moedas estrangeiras geradas pelas exportações. O que se pode discutir é se ela produz mais vantagens vis-a-vis frente a outros setores industriais para a economia brasileira, pois a quase totalidade das montadoras são empresas estrangeiras.
O Salão do Automóvel atrai grande público. A presidente Dilma também visitou o evento
Ainda que inovações estejam sendo introduzidos permanentemente nos veículos utilizados em todo o mundo, observam-se saturações em muitos mercados, com congestionamentos calamitosos. As formas de transportes coletivos acabam merecendo atenções, como os sistemas de metrô e outras formas de transporte de massa. Os veículos individuais tendem a se tornar produtos de luxo, inclusive com os seus impactos ambientais.
Observa-se uma tendência do aumento da produção dos veículos nos mercados chamados emergentes, que, além de estarem ainda em expansão, contam com novos consumidores. Afinal, veículos não são produtos intensivos em tecnologias, salvo nos centros inovadores, e sua montagem utiliza crescente número de robôs. É evidente que muitos produtos necessitam passar pelo que se chama “tropicalização”, ou seja, as situações particulares que se encontram em cada mercado, mas não são setores que exigem sofisticadas tecnologias, ainda que sejam aguardadas evoluções adicionais para o futuro.
Lamentavelmente, o desenvolvimento da infraestrutura em alguns mercados emergentes não tem acompanhado o aumento do número de veículos, criando congestionamentos urbanos e nas rodovias. Dados os impactos ambientais, acaba se dando maior importância à expansão dos meios de transportes de massa, que não vêm merecendo a mesma atenção em muitas políticas industriais.
Espera-se que o Brasil chegue a ponto de se tornar competitivo com os seus veículos no mercado internacional, abastecendo suas necessidades, como colocando seus produtos, com valores adicionais no país, em outras economias.