Técnicas Artesanais de Armaduras dos Samurais
29 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no The Japan Times, interesses além dos antiquários e colecionadores, origem dos atuais monozukuris, técnicas artesanais de armaduras
Um interessante artigo de Judit Kawaguchi publicado no The Japan Times mostra que os artesãos que restauram antigas armaduras utilizadas pelos samurais, como o casal Chizuru e Fumio Nishioka, dominam as técnicas originais que datam de 900 a 150 anos, origem das que são utilizadas pelos japoneses no chamado monozukuri (arte de fazer as coisas) até hoje. Segundo o artigo, estas armaduras eram flexíveis e construídas para cada samurai adaptadas ao seu físico, com flexibilidade para permitirem as manobras militares montadas nos seus cavalos. Chizuru é a única pessoa no Japão que ainda usa a antiga arte de trançar no chamado laço japonês, os fios de seda intrincados que era comum no século XVIII para manter unidas as partes de uma armadura, bem como decorá-la de forma adequada para a ação dos samurais.
É evidente que isto incorpora o mesmo espírito do código dos samurais, o bushido, disciplinado e pronto para morrer a qualquer momento. Fumio é o mestre nas formas de relacionar as partes da armadura, como o aço, a prata e o ouro, com o verniz utilizado e o couro. Estas peças, não são somente para os museus e colecionadores, mas são uma demonstração concreta que as tecnologias até hoje utilizadas possuem uma longa história de aperfeiçoamento, como as espadas que honram a cultura do Japão.
Chizuru e Fumio Nishioka
Até mesmo no Brasil, ainda existem colecionadores e profissionais que entendem profundamente sobre estes assuntos. O meu amigo Cunha Bueno (ex-deputado federal) é um colecionador de diversos katanas e instrumentos assemelhados que eram utilizados pelos samurais. Para a correta avaliação destas preciosidades, utiliza as opiniões de especialistas sobre o assunto que vivem no Brasil. As duas primeiras peças foram adquiridas no Japão durante uma viagem de um grupo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, antes da Segunda Guerra Mundial, do qual fez parte o seu pai e Ulysses Guimarães, que foram deputados federais. Isto demonstra que até aqui, há longa data, existem admiradores destas peças, sendo famoso o caso de artista Wesley Duke Lee, que não se separava de seu katana, dormindo no quarto de tatami.
O artigo informa que estas armaduras inteiras pesavam somente de 5 a 25 quilos, apesar de sua resistência, para não sobrecarregarem o samurai e o seu cavalo. Os atuais artesãos utilizam as técnicas antigas, mas também recriam alguns objetos. Pensam ser a última geração, pois não existem incentivos para manterem suas atividades.
Apesar de muitos entenderem que os japoneses são coletivistas, o estudos dos objetos históricos mostram que eram individualistas. As armaduras como os quimonos tinham desenhos diferentes e os individualizavam, apesar de semelhantes.
Eles se queixam que as atuais universidades não possuem departamentos para estudarem os seus samurais, correndo o risco de perderem os seus tesouros nacionais. Aprendendo com os samurais, eles desejam morrer com dignidade, desempenhando suas missões.