The Economist Analisa a Atual Política Econômica do Brasil
19 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análise com sua experiência internacional, artigo sobre o Brasil no The Economist, avaliação da redução da taxa de juros
A longa e ampla experiência de análises econômicas internacionais confere aos artigos publicados no The Economist uma importância ímpar, resumindo o que deveria de amplo conhecimento dos brasileiros. No número desta semana, com o título inspirado na declaração recente da presidente Dilma Rousseff, trata do assunto que “não existe mais almoço grátis”, que originalmente é de Milton Friedman. Trata do assunto da queda de juros reais, redução do spread e do lucro bancário que está sofrendo fortes pressões.
O Banco Central do Brasil reduziu a taxa Selic para 7,25% quando analistas ligados ao sistema bancário esperavam a sua manutenção em 7,50% diante do surgimento de algumas pressões inflacionárias, que a colocavam acima da meta inflacionária. O mercado entendeu que as autoridades monetárias estavam dando maior importância ao crescimento modesto da economia brasileira neste ano, ainda que tenha anunciado que deve ser a última redução por um longo período.
A decisão do Banco Central não foi por unanimidade, pois a maioria dos membros entende que a atual crise mundial reduz os preços de muitas commodities internacionais, diminuindo as pressões inflacionárias neste final do ano e no próximo. Muitos analistas veem dificuldades para que a inflação volte aos limites máximos de sua meta, assunto que seria resolvido somente com a explicação das autoridades sobre as razões das dificuldades observadas.
O fato concreto é que utilizando os bancos oficiais, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, os bancos privados foram obrigados a reduzir seus juros, e com as pressões do Banco Central sobre as muitas tarifas cobradas, bem como redução do spread bancário, os bancos devem registram lucros mais baixos. O governo entende que estes lucros eram exagerados, diante das dificuldades enfrentadas pelos demais setores da economia nos últimos anos. Mesmo assim, os empréstimos bancários estão se elevando, ao mesmo tempo em que o câmbio fica controlado informalmente dentro de um intervalo.
Além destas medidas listadas pelo The Economist, constata-se que o governo vem postergando a elevação do custo dos combustíveis, e procurando uma redução das tarifas de energia elétrica, que deve contribuir para alguma redução temporária da inflação. No entanto, deve-se lembrar que as altas de preços ocorreram principalmente a partir da seca nos Estados Unidos, e uma eventual elevação dos juros em nada contribuiria para alterar o quadro. A seca que vem se observando no Brasil também vai contribuir para o aumento de algumas tarifas de energia elétrica, para preservar o mínimo das reservas de água.
Muitas são as alegações sobre os elevados custos do sistema bancário brasileiro, que é considerado hígido. Com o longo período em que obtiveram lucros exagerados, seus custos também subiram ao mesmo tempo em que sua eficiência não se elevou com a introdução rápida de novas tecnologias.
Para poder voltar a obter resultados elevados, os bancos terão que se empenhar nos seus aperfeiçoamentos, além da sociedade brasileira conscientizar-se que o segmento financeiro deve ser auxiliar do aumento da produção e do emprego, que apresenta as condições objetivas para a melhoria do padrão de bem-estar da população.
O nível de utilização do crédito ainda se encontra num patamar razoável, quando comparado internacionalmente. A elevação dos juros e restrição ao crédito em nada contribui para o aumento da produção, que só se efetivará na medida em que haja demanda para ela.