Dúvidas Sobre o Tipo de Educação
26 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo da revista Veja sobre professores milionários da Coreia, comparações com o Brasil e com o Japão, tentativa de entender o que está acontecendo
A revista semanal brasileira Veja publica um artigo da jornalista Monica Weinberg informando que alguns professores na Coreia do Sul estão fazendo fortunas virando verdadeiros ídolos, enquanto os brasileiros são mal remunerados. Especulando um pouco sobre o assunto da educação, com base na experiência brasileira e japonesa, fica-se com dúvidas sobre o que estes professores estão ensinando, e qual a formação que está se proporcionando aos alunos. Que há uma influência do confucionismo que valoriza a educação na Ásia parece que não restam muitas dúvidas. Mas o que estaria acontecendo de fato na Coreia, hoje tida como um dos países onde as exigências educacionais são tão importantes como na China, um mecanismo relevante de ascensão social parece uma questão importante.
No Japão, como na China ou no Brasil, os exames vestibulares estão ficando cada vez mais importantes, pois os diplomas das grandes universidades são valorizados para as carreiras de muitos profissionais. E o número de candidatos para cada vaga nas mais prestigiadas é cada vez mais elevado, havendo provas para o ingresso para os quais os alunos são preparados, mas que nem sempre significa que são educados. Ainda que escolas básicas estejam sendo exigentes na Ásia, estes enriquecimentos parecem ligados ao tipo de “cursinhos” para a prestação dos exames, que no caso coreano passou a utilizar muito a internet.
Provas do Enem e Fuvest 2012. Fotos O Globo e Shin Shikuma/UOL
Já houve um período em que alguns professores de “cursinhos” eram verdadeiros artistas, ainda quando a internet não era um mecanismo de preparação à distância para estes exames de ingresso. Mas o preparado era para algumas técnicas adequadas para estes exames, e não necessariamente para o preparo humanístico dos alunos, que vão além das técnicas eficientes para prestação de exames.
Lendo-se a matéria da Veja fica-se com a impressão que se trata de alguns professores que adquiriram uma habilidade pessoal para transmitirem, eletronicamente, para alunos interessados nestes exames, ainda que nas escolas normais da Coreia como os da Ásia em geral, todas as exigências que estejam hoje acima da média exigida no Ocidente.
Ainda que a remuneração de todos os professores esteja em níveis crescentes, pelo elevado valor atribuído para a educação nestes países, não parece que a educação adequada e completa possa ser oferecida por aqueles que vão prestar exames de ingresso nas instituições de prestígio.
O que se observa é que algumas escolas primárias os qualificam para boas escolas secundárias, como no Japão, e por sua vez proporcionam maiores qualificações para os vestibulares. Algumas pesquisas que estão sendo efetuadas em variados países, de formas comparativas, parecem fornecer base para estudos mais aprofundados. Uma pressão exagerada sobre os alunos também acabam proporcionando efeitos colaterais indesejáveis.
Os sistemas educacionais dos diversos países do mundo estão em permanente discussão, e vem se aperfeiçoando com os usos dos equipamentos eletrônicos, havendo variadas orientações até filosóficas sobre educação. Ainda que permitam vidas condignas para os professores, não parece que sejam frequentes os casos em que os transformam em miliários ou ídolos populares.