Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Furação Sandy e Outras Irregularidades Climáticas

3 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análises de cientistas, consequências., seus relacionamentos com as mudanças climáticas

Diante do inusitado e magnitude dos seus impactos, a tendência natural de algumas pessoas é relacionar o furacão Sandy e outras irregularidades climáticas que estão ocorrendo na Ásia e na América do Sul, inclusive no Brasil, com os danos provocados pelos seres humanos no aquecimento global do planeta. Dois respeitados cientistas da Universidade de Georgia, J. Marshall Shepherd, Diretor do Programa de Ciências da Atmosfera, e John Knox, professor de geografia e premiado pelo National Weather Association, publicaram no Project Syndicate um artigo respeitável sobre o assunto.

Os autores explicam que o furacão Sandy interagiu com um sistema meteorológico e se movimentou em direção a ele a partir do leste, em condições quase sem precedentes, numa época em que os furacões já não são frequentes na região. Mas uma tempestade semelhante ocorreu há vinte anos na Nova Inglaterra, também nos Estados Unidos, segundo os autores. Eles afirmam que a literatura científica não oferece fortes suportes para a ligação com os aquecimentos globais que estão ocorrendo no planeta.

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J.Marshall Shepherd                                John Know

Eles dizem que as companhias de seguro afirmam que um terço dos prejuízos de US$ 1 trilhão decorre das catástrofes meteorológicas e climáticas, havendo uma evidência crescente de ligações entre as alterações climáticas e o nível do mar, ondas de calor, secas e intensidade de chuvas, embora furacões e tornados ainda não sejam conclusivos.

Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas e a literatura científica sugerem que a intensidade de ciclones tropicais irá aumentar como resultado de águas mais quentes, principalmente dos oceanos, provocando efeitos sobre a atmosfera. É certo que o nível do mar veio se elevando ao longo do século passado e isto continua ocorrendo ainda.

Na costa nordeste dos Estados Unidos, as águas estão cerca de cinco graus acima da média, o que ajudou a intensificar o Sandy, mas afirmam que ainda é prematuro vincular esta ligação que é plausível. O nível do mar está se elevando nesta região quatro vezes mais rápido que a média global, aumentando a sua vulnerabilidade a tempestades e inundações.

Segundo estes cientistas, a previsibilidade dos problemas vem aumentando com a rede de balões e supercomputadores, podendo ser antecipado em uma semana. Contam com financiamentos para tanto e as previsões europeias contaram com melhores modelos que os dos Estados Unidos. Deve haver uma cooperação mundial mais intensa para melhorar estas previsões com as antecedências necessárias.

Ainda não se sabe se o furacão Sandy é precursor de uma “nova normalidade” na difícil relação e imprevisível entre mudanças climáticas e eventos climáticos extremos. Mas não se pode descartar a existência de uma conexão.

Além dos elevados prejuízos materiais estimados no mínimo em US$ 20 bilhões, este furação que chegou a ter um diâmetro estimado em 2 mil quilômetros provocou também efeitos políticos, que podem influenciar as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

O governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, que tinha se manifestado violentamente contrário a Barack Obama na convenção do seu partido, fez publicamente uma manifestação elogiosa ao presidente, recebendo-o nas áreas atingidas, nas vésperas de uma eleição equilibrada. O influente prefeito de Nova Iorque, independente, Michael Bloomberg, expressou o seu apoio ao candidato à reeleição do democrata, referindo-se explicitamente às constantes mudanças de posição de Mitt Romney que era contrário a atuação governamental de ajuda aos flagelados, sendo forçado a rever a sua posição.

Poucas vezes um furacão, cujas consequências são sempre dramáticas, provocaram efeitos tão profundos que levarão muito tempo para serem corrigidos, passando a exigir cuidados adicionais não somente das autoridades como de toda a população mundial.