Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Qual o Plano Econômico de Barack Obama?

12 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Robert J. Shiller no Project Syndicate, Barack Obama foi reeleito sem um plano, dificuldades mundiais, problemas na China, problemas na Europa

Um artigo publicado por Robert J. Shiller, professor de economia da Universidade de Yale, publicado no site do prestigioso Project Syndicate, reflete a lamentável realidade da falta de um plano econômico de Barack Obama, apesar de ter sido reeleito como presidente dos Estados Unidos. É verdade que o desafiante Mitt Romney não tinha igualmente um plano econômico, e somente uma generalidade como reduzir os impostos e deixar mais recursos nas mãos do setor privado. O que poderia se esperar no mundo, quando além dos Estados Unidos também a Europa não conta no momento com um plano de sua salvação, é contenção de suas despesas para que o seu débito público fuja do controle. E a China apresenta um esboço de plano para seus próximos dez anos, que pragmaticamente reduz o seu ritmo de crescimento para uma meta de 7,5% ao ano.

O que parece razoável se aguardar é somente um pragmatismo para admitir que as melhorias na economia mundial vão ocorrer somente de forma marginal, aproveitando-se as pequenas oportunidades que continuarão existindo por toda a parte, inclusive no mundo emergente. Os encargos com uma população cada vez mais idosa, além das necessidades de atendimentos sociais para a eliminação da miséria absoluta, parecem desafios concretos, sem que nada mais possa se aguardar de extraordinário, inclusive na preservação do meio ambiente e reversão no processo de aquecimento global em marcha. Parece que seria menos frustrante se fosse estabelecida uma expectativa modesta, que eventualmente possa ser superada por algo ainda não previsto.

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Sou uma pessoa que procura manter o otimismo, e não se pode aguardar nenhum quadro catastrófico para o futuro próximo. Mas, como coloca Robert J. Shiller, sendo o principal assessor atual de Barack Obama o chefe do National Economic Council, Gene Sperling, conhecido pelo seu livro de 2005 “The Pro-Growth Progressive”, e pelo American Jobs Act apresentado ao Congresso norte-americano em 2011, não se deve aguardar nada espetacular, mas somente um posicionamento pragmático. O autor reconhece que o conhecimento da economia não fornece um receituário mais criativo para os líderes políticos.

Mesmo que haja um mínimo de entendimento com os republicanos, pode-se aguardar somente uma pequena elevação dos tributos nos Estados Unidos, sem nenhum plano mais agressivo para elevar o patamar do seu crescimento.

Na China, a proposta para a próxima geração de dirigentes é de um crescimento econômico de aproximadamente 7,5% ao ano, que, mesmo sendo elevado, é mais baixo do que veio sendo obtido nas últimas décadas, contribuindo para a expansão mundial. E para conseguir a sua manutenção, está procurando conscientizar a sua população que há necessidade de redução da corrupção que pode prejudicar a China, ao mesmo tempo em que se reconhece a necessidade do aumento de transparência no seu sistema político.

Todo este quadro vai acabar exigindo de países emergentes como o Brasil uma ousadia maior, ao mesmo tempo em que se criam condições para elevação de sua capacidade de investimento. Com uma utilização mais inteligente dos recursos disponíveis, parece indispensável criar-se uma cultura para uma visão de prazo mais longo, elevando a sua capacidade de gestão dos projetos que sejam considerados prioritários.

No fundo, não se pode aguardar um cenário externo que proporcione um vento de cauda para o seu crescimento e melhoria de sua distribuição de renda. Vai ser necessário um empenho maior para superação das limitações atuais, usando toda a capacidade de sua população, mantendo um relacionamento externo aberto.