Um Gigante Só Se Move Lenta e Cautelosamente
17 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: mudanças lentas de gigantes, segundo mandato de Barack Obama, transição chinesa
Observando-se os principais órgãos da imprensa mundial, nota-se que diante das dificuldades enfrentas pelo mundo expressou-se esperanças de grandes mudanças rápidas como se tudo ocorresse no universo virtual. No entanto, na China como nos Estados Unidos, as mudanças que vão ocorrendo são lentas, cautelosas e graduais, pois são países gigantescos onde convivem interesses variados, havendo que se manter o que já existe numa harmonia com novas e pequenas correções de rumo. Em muitos jornais importantes, constam as novas composições do Comitê Permanente do Politburo da China, agora reduzido a sete membros, com a liderança do novo secretário-geral Xi Jinping, mas com alguns veteranos ligados a antigos líderes do país.
Os recentes discursos na transição enfatizam as necessidades de combate à corrupção e reformas para atender os anseios populares, tanto do ponto de vista econômico como político, para o futuro da China. Mas com a plena consciência que são mudanças trabalhosas e demoradas que exigem muita cautela, não podendo se esperar alterações bruscas e radicais. Um ponto relevante parece ser a preservação do comando militar nas mãos de Xi Jinping, que deverá ter confirmada a Presidência no início do próximo ano, que conta com carisma pessoal e conhecimento internacional, mas dividindo responsabilidades com os demais líderes com acumuladas experiências.
Novos membros do Comitê Permanente do Politiburo chinês
Aqueles que aguardam fortes rupturas entre grupos com diferentes tendências podem estar enganados. Ninguém dispõe mais de poder pessoal tão destacado, como nos Estados Unidos, onde os democratas necessitam obter o mínimo de consenso com os republicanos que possuem o comando dos deputados.
Os planos aprovados nas recentes reuniões chinesas mostram que o crescimento econômico chinês está sendo ajustado para um patamar em torno de 7,5% ao ano, abaixo do que vinha se obtendo no passado, mas ainda elevado suficiente para continuar a estimular o resto do mundo. Dependendo menos de suas exportações, necessitam ampliar o seu mercado interno, principalmente daqueles que não se beneficiaram muito do recente desenvolvimento, como os rurícolas e os habitantes das regiões interioranas.
Parece claro que familiares dos líderes tradicionais não podem continuar a ser beneficiados nos suportes governamentais para criar um setor privado dinâmico, o que pode ser entendido como corrupção. Mas, como as estatais chinesas são poderosas, havendo suportes das autoridades pelos seus mais variados mecanismos, não se pode esperar que todos os suportes bancários sejam eliminados rapidamente.
É preciso que fique claro que estes países possuem um claro projeto nacional de longo prazo, que implica também no aumento do seu poder militar na defesa dos seus interesses. Isto vai exigir uma difícil adaptação na sua política externa, para a redução das tensões de uma espécie de guerra fria, que implica em custos elevados, que são difíceis de serem suportados num quadro econômico adverso.
O que se pode aguardar é só uma recuperação econômica lenta, sem a esperança de fortes impactos internacionais como os que vieram ocorrendo nas últimas décadas. Ainda assim, é possível aspirar-se por crescimentos, mesmo a taxas menores que do passado, mas talvez com maior transparência e um aumento da descentralização política.