Aspectos Psicológicos Relevantes na Economia
5 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: confiança e estado de espírito, empresários e governo, papel dos economistas
O professor Antonio Delfim Netto, nas suas diversas manifestações nos seus artigos e pronunciamentos recentes, vem insistindo na importância do fator confiança, tanto no relacionamento do governo com o setor privado, bem como com relação à evolução futura da economia. Todos reconhecem que os investimentos, que dependem da confiança mútua entre as autoridades e os empresários, são vitais para a manutenção do crescimento econômico no Brasil, que continua em patamares baixos nos últimos anos. O otimismo ou pessimismo dos empresários com relação à evolução futura da economia também desempenham um papel fundamental.
A natural divergência dos economistas, que sempre contaram com os pessimistas como os que dão grande importância às tendências malthusianas, treinados para trabalhar com recursos escassos, acabam por desenharem para todos os agentes econômicos quadros mais preocupantes, até diante das incertezas que estão embutidas nos cenários futuros. Os empresários, por estarem dotados de faros que permitem identificar as oportunidades de ganhos, contam com maiores tendências para o otimismo, até em quadro adversos. Mas, quando são soterrados por muitas notícias mais preocupantes, nas suas considerações sistêmicas, acabam adotando atitudes mais conservadoras. A situação ainda é mais complicada quando existem acirradas disputas políticas pelo poder.
Como o cenário internacional está muito complexo, não se pode contar com um vento de cauda vindo do exterior. Existem também limitações, tanto no setor privado como principalmente na administração pública, que não permitem fornecer um quadro mais completo e claro, que estimulem os investimentos. Acaba predominando um cenário mais conservador que em nada ajuda a superar as dificuldades naturalmente existentes.
Normalmente, as dificuldades existentes geram as oportunidades de bons negócios, pois todos necessitam de ajudas para superar os obstáculos que são naturais no processo de desenvolvimento. Se fatores estimulantes estiverem presentes, ou ressaltados em suas importâncias, podem contagiar os diversos agentes, num processo interativo e autoalimentador.
Parece que no momento predominam as tendências mais pessimistas, que em nada ajudam a todos. Aparenta ser a hora crucial onde uma líder como a presidente Dilma Rousseff demonstre que tem uma concepção clara dos seus objetivos, que serão perseguidos nos próximos anos, inclusive num possível segundo mandato.
Ela parece necessitar da ajuda de uma equipe de alguns ministros que cuidem dos percalços da administração do cotidiano, com uma gestão mais eficiente. Ela necessita reservar-se ao exercício da liderança própria, como uma mulher batalhadora, estudiosa, capaz de um diálogo construtivo, sem os resquícios do passado. Mostrar-se disposta a um pragmatismo, diante de um quadro de adversidades, capazes de aglutinar até os que pensam em contrário, pois a oposição política parece esfacelada, sem um pensamento consensual para a conquista do apoio das massas.
Parece conveniente que o final do ano, e a inauguração do próximo, marquem claramente o início da segunda parte do seu atual mandato, com uma clara possibilidade de sua reeleição, que decorre do apoio dos que ingressaram na nova classe média.
Mas parece que consultorias estrangeiras ou simples grupos de auxiliares que obedecem às suas ordens não são suficientes. É a oportunidade para se mostrar uma verdadeira estadista, tendo uma visão clara do Brasil que está perseguindo, como um destaque entre países emergentes, indo além da inclusão social dos mais desfavorecidos.
O Brasil atingiu o patamar do nível médio da renda per capital, e enfrenta as armadilhas que se apresentam para estes países. A criação de uma infraestrutura eficiente, um sistema educacional e de pesquisas para ajudar a superar suas naturais dificuldades, o uso eficiente da biodiversidade de que dispõem, com a ajuda de grupos privados nacionais e estrangeiros para acelerar a exploração dos recursos naturais já identificados, ampliando a assistência social à população são alguns dos desafios presentes.
Parece que é a oportunidade para mostrar que o Brasil está além da mediocridade dos resultados até agora colhidos, que não são poucos, mas bem abaixo das potencialidades admitidas interna ou externamente. Dilma Rousseff tem todas as condições para se consagrar como uma das grandes líderes do início deste século no mundo, mas precisa apresentar um discurso capaz de arrastar atrás de si todos os brasileiros.