Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Comparações Entre Países da América Latina

3 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do The Wall Street Journal reproduzido no Valor Econômico, comparações inadequadas, estágios do desenvolvimento, problemas da dimensões

Um artigo publicado por Sara Schaefer Munhoz publicado no The Wall Street Journal foi reproduzido no Valor Econômico em português comparando o crescimento econômico observado no Brasil nos últimos trimestres, com os verificados em economias latino-americanas como o México, a Colômbia, o Chile, o Peru, a Argentina, a Venezuela e o Equador, sugerindo que estaria se formando dois blocos, com um crescendo acima da média global e outro às voltas com fortes desacelerações.

Não há dúvidas que muitas economias estão conseguindo crescimentos, mas além das suas dimensões serem desiguais, os estágios de desenvolvimento em que se encontram não permitem análises tão simples. Certamente os países industrializados estão com taxas modestas de crescimento, enquanto outros considerados emergentes conseguem taxas razoáveis, e os que se encontram ainda em níveis modestos conseguem resultados que aparentam ser impressionantes. Além da armadilha que está sendo denominada de país de renda per capita média, com uma tendência a um crescimento mais modesto, não parece adequado que todo o crescimento seja medido somente pela taxa que está sendo alcançada recentemente, ainda que ela seja louvável.

Kazugráfico

A economia mexicana que está sendo beneficiada pelo NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Norte, que envolve também os Estados Unidos e o Canadá, ainda não tem a metade do PIB brasileiro. Todos os países mencionados no artigo, somados chegam um pouco acima do PIB do Brasil, contando com suas próprias complexidades políticas e sociais, que se esperam sejam resolvidas.

Não parece fazer muito sentido comparar economias como a do Chile que não chega a um quinto da brasileira, ou a do Equador que não chega a 4% da economia do Brasil, ainda que seus crescimentos econômicos recentes sejam respeitáveis.

Toda a estrutura da economia de países de dimensões desiguais apresentam diferenças sensíveis, não podendo ser comparadas nas suas dificuldades de política econômica. Nem nos seus estágios de complexidade, não somente econômica, como as políticas e sociais, que contam com histórias distintas.

Suas dimensões populacionais como geográficas, a partir de suas áreas territoriais, acabam sendo tão diferentes que exigem ou permitem políticas econômicas de desenvolvimento com problemas distintos. Os pequenos países necessitam contar com mercados externos, enquanto os de grandes dimensões podem cogitar do seu mercado interno, apresentando problemas de infraestrutura, notadamente de transportes, para integração adequada de suas diferentes regiões.

Não há dúvidas que o desejável é que a economia brasileira acompanhasse a medida dos países incluídos no BRICS, mas eles também apresentam rendas per capita mais baixas. O desenvolvimento político e os atendimentos dos problemas sociais também são diferenciados. Existem problemas sérios que estão servindo como desafios que necessitam ser superados, mas a simples comparação com outros vizinhos latino-americanos pouco esclarecem os problemas existentes, bem como as políticas que necessitam ser implementadas.