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Conveniência de se Evitar Intervenções Militares

28 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo sobre o custo da retirada no The Washington Post, parte das dificuldades dos Estados Unidos, reproduzido em português no O Estado de S.Paulo

Um artigo de Walter Pincus, do The Washington Post, foi republicado em português no O Estado de S.Paulo, tratando do alto custo da retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, estimado em mais de US$ 5,7 bilhões, quando a economia dos Estados Unidos enfrentam problemas. Não se trata de um caso isolado, mas uma sequência que vem do Iraque e outras intervenções que sempre resultaram em poucos resultados positivos do ponto de vista militar e político. Estima-se que os Estados Unidos gastaram US$ 1 trilhão ou mais no Afeganistão, que, por não ser um país marítimo, exigirá elevadas despesas para a retirada.

Todas estas intervenções militares, desde a Guerra do Vietnã, apresentaram custos fabulosos, sem que os resultados fossem satisfatórios. Espera-se que os Estados Unidos já tenham aprendido estas lições, mas continuam cogitando delas envolvendo parceiros que não parecem dispostos a arcar com parte dos seus custos. Mesmo no atual caso da Síria, todos procuram, no máximo, um bloqueio do fornecimento de armamentos e outros suprimentos vitais para o governo sírio que insiste em se manter no comando, ainda que tendo com uma oposição generalizada, interna e externa.

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O artigo informa que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos estima que o Exército conte com mais de 750 mil itens considerados importantes, equivalente a cerca de US$ 36 bilhões, incluindo 50 mil veículos e exigindo 90 mil contêineres para o seu transporte, segundo o Escritório de Contabilidade do Governo, que está atolado com o problema do abismo fiscal.

Até agora não houve um aumento de impostos para estes encargos militares, mas parece que agora haverá necessidade, com o qual não se consegue em mínimo de entendimento no Congresso norte-americano.

No passado, parte substancial destes equipamentos acabou sendo doado para as forças locais, que continuariam com o encargo de prosseguir nos seus trabalhos, como no Iraque. No caso do Afeganistão, as dificuldades continuam em terreno desfavorável ainda que Barack Obama tenha conseguido matar Osama Bin Laden. Estes dados eram conhecidos antes destas intervenções e com a longa experiência que os Estados Unidos possuem com casos semelhantes, mas sempre foram subestimados.

Os únicos beneficiados com estes enormes gastos sempre foram o chamado complexo militar-industrial, cujo lobby é poderosíssimo nos Estados Unidos, que forneceram estes equipamentos e tudo o mais que foi gasto nesta intervenção. Por serem gastos de defesa, a maioria deles não está sujeita a concorrências, e no caso norte-americano muitos serviços são terceirizados para o setor privado, além de contar com tropas mercenárias.

Como o desenvolvimento dos equipamentos militares continua em constante aperfeiçoamento, os atualmente no Afeganistão já podem ser considerados ultrapassados por outros de geração mais nova. No fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebeu parte dos equipamentos que sobrou do conflito.

Ainda que republicanos e democratas não se entendam sobre a forma de resolver o abismo fiscal, os republicanos são os primeiros a se interessarem pelos fornecimentos de equipamentos militares, para o que se conseguem as verbas necessárias. Os pacifistas lutam sempre para que estas verbas sejam aplicadas em outras finalidades sociais, que certamente beneficiariam o resto do mundo.

Mesmo que o passado não tenha sido brilhante, a esperança é que a necessidade atual de arrumação de um quadro fiscal mais adequado vai acabar exigindo uma redução destes gastos militares, e os Estados Unidos procuram transferir muitos para os outros países aliados, que também resistem, diante de uma situação que não é favorável. Espera-se que estes gastos militares acabem se reduzindo diante da falta de recursos.