Estranha Dependência Japonesa da China
5 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: compra da Aegis Group pela Dentsu, fusões japonesas e internacionais dependendo das aprovações chinesas, notícia preocupante do Nikkei, o caso da JFE – IHI
Uma surpreendente notícia do jornal japonês Nikkei informa que a fusão dos grupos japoneses JFE e IHI na área das operações de construção naval, que estava originalmente marcada para 1º de outubro último, foi confirmada para 1º de janeiro próximo, depois de obtida a aprovação das autoridades antitruste da China. O artigo informa que as empresas de construção naval do Japão não são mais competitivas com relação às coreanas e chinesas, e esta fusão seria uma tentativa de recuperar as suas possibilidades competitivas. Certamente, uma parte da produção pretende usar os portos chineses, e as autoridades da China já proibiram navios da Vale, de grande porte, a aportarem em terminais chineses.
Apesar destas decisões serem compreensivas, acabam soando estranhas para analistas estrangeiros que entendem que o Japão é ainda um país independente e soberano. Mesmo que se entenda que as atuais tensões políticas entre os dois países estão críticas com as disputas de ilhas. Mais estranho é que a notícia informa que outra aquisição de empresa internacional de publicidade, a japonesa Dentsu, uma das maiores do mundo, que planeja a aquisição da inglesa Aegis Group, investindo cerca de US$ 5 bilhões, também aguarda idêntica aprovação chinesa.
Ainda que os japoneses estejam tentando minorar as dificuldades de política internacional com a China, decorrente das disputas de ilhas, com um aumento de intercâmbio comercial, há que constatar que persistem as dificuldades recíprocas.
Que o mercado chinês sempre vai ser importante para o Japão e para o mundo também não se pode duvidar. Ainda assim, fica muito estranho que fusões de grupos japoneses ou aquisições de grupos ingleses pelos japoneses dependam das decisões chinesas, acabando por soar como um exagero.
É evidente que estas fusões e incorporações se destinam a permitir parte de suas operações relacionadas com a China, mas não se acredita que tenham tamanha dependência, pois também existe todo o resto do mercado mundial.
Muitos países estão contestando as pretensões chinesas nos organismos internacionais como a OMC – Organização Mundial do Comércio, como na pendência têxtil com o México. O aumento do poder militar chinês está elevando as tensões com seus países vizinhos e seus grandes aliados, como os Estados Unidos.
Ceder às pressões chinesas acaba dando a impressão da acomodação que a Europa pretendia antes da Segunda Guerra Mundial às contínuas expansões alemãs durante o nazismo, provocando dificuldades maiores, como o conflito mundial.
Todos desejam a China integrada na economia mundial, mas ceder às suas pressões não parece o caminho mais adequado, pois elas necessitam ser equilibradas e convenientes para todos os países.