Mensagens Natalinas Com Pragmatismo
26 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: novas posições com o amadurecimento, superando o pessimismo com realismo, tempos de renascimento
Não parece muito construtivo ficar aprofundando o estado psicológico depressivo diante da dura realidade com que muitos têm que enfrentar novas situações. A Folha de S.Paulo, na minha modesta opinião, contribui pouco com o seu conjunto de contos escritos por quatro autores a seu pedido, juntados na sua seção Ilustrada com o título “Noite infeliz”, tratando da solidão, angústia e fragilidade, que certamente existem para muitos. Mas, para muitos outros, o Natal é um tempo de renascimento, reflexões que procuram encontrar novos caminhos a serem perseguidos, principalmente por aqueles que já atingiram a idade madura e suas limitações, de forma mais pragmática possível.
Ninguém está propondo ilusões ou a fuga da realidade, mas mesmo admitindo a fragmentação da família, a solidão de muitos, toda a fragilidade que os seres humanos possuem, parece vão se encontrando novas formas de sobreviver com a acumulação da experiência. Muitos dedicam mais tempo para si mesmo, preenchendo as lacunas que ficaram nas suas leituras, possibilidades de se dedicar aos trabalhos comunitários, novos encargos com seus netos que nem sempre podem receber dos seus pais biológicos todas as atenções que necessitam.
Sempre existiram estas situações lamentáveis, e pode até ser que elas estão aumentando. Mas pouco ajuda ficar remoendo, como se fora inevitável. A Humanidade, ao longo de sua história, conseguiu sobreviver em situações mais calamitosas, de fome, consequência de guerras e todas as insanidades coletivas do que fomos capazes. O que parece é que devemos aproveitar estas situações para fazer uma revisão, procurando novos motivos para continuar perseguindo uma situação mais construtiva.
Existem muitas instituições que estão agregando pessoas que estão solitárias e até brasileiros que trabalham no exterior procuram se agregar em tipos de repúblicas, onde aprenderam a viver em grupos, intercambiando suas experiências, e dividindo suas despesas.
Muitos se dedicam à adoção, pois sempre existem os que estão em situações piores, mesmo que não seja de forma oficial. Tentar ajudar os outros acaba ajudando a si próprio. Relatam-se experiências com bons resultados onde se procura a convivência de idosos com crianças, cujos pais necessitam trabalhar, com benefícios recíprocos. Por que não relatar alguns casos felizes? O sábio popular Joãozinho Trinta é que dizia que quem gosta de miséria é o que se pensa intelectual.
É evidente que existem casos de atletas que conseguiram sucesso e se sentem frustrados por não continuarem mais como alvo de atenções. Ana Mozer conseguiu uma solução criativa, dedicando-se a uma ONG voltada para a assistência dos favelados, mesmo enfrentando as dificuldades antepostas pelos que dominam estas localidades.
Cada caso é um caso, não havendo nenhuma regra geral para resolver os muitos problemas de uma sociedade com menos relações humanas. Mas parece interessante refletir sobre as multiplicações de instituições que atuam nas periferias das grandes metrópoles. No fundo, os seres humanos não são meros números, mas possuem a necessidade de viver agregado, serem tratados pelos nomes, possuírem relacionamentos estáveis que permitam dividir suas angústias.
Não seria o caso de se preocupar com o que acontece na dura realidade, em sim procurar formas para se realizar partilhando um pouco da experiência acumulada ao longo do tempo. Existem variadas atividades que permitem aos seres humanos se realizar com o que lhes são fundamentais, que vão além do que pode ser conseguido pelos seus bens materiais, sem que isto seja uma fuga. Todos necessitam se realizar, e ficar remoendo dificuldades não parece o melhor caminho possível.