Os Problemas Climáticos e os Entendimentos Internacionais
30 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as irregularidades climáticas, as negociações internacionais, entendimentos mínimos nos momentos extremos, extremos de calor e frio
Todos estão sendo informados dos fenômenos climáticos que estão ocorrendo em todo o mundo. Aqui no Brasil, a população vem enfrentando um calor inusitado, e em muitas localidades no Hemisfério Norte são divulgadas notícias de um frio raramente sentido, com elevadas ocorrências de mortes além de apreciáveis problemas econômicos. Ao mesmo tempo, tempestades como o Sandy na região de Nova Iorque e muitos na Ásia e no Pacífico causam devastações catastróficas. Ainda que não possam ser relacionadas cientificamente com o aquecimento global, estas tragédias devem sensibilizar as autoridades, mesmo que existam restrições econômicas.
O professor Michael Jacobs, que é visitante no Granhtam Research Institute on Climate Change and the Environment na London School of Economics, publicou no Project Syndicate um artigo que merece atenção. Com base no que resultou da última reunião de Doha, onde 200 países concordaram somente em estender o Protocolo de Kyoto até 2015, esperando-se que até lá seja alcançado um novo acordo mais avançado e detalhado, inclusive com a adesão dos Estados Unidos e da China. Na realidade, isto foi obtido para não se registrar um fracasso completo.
Secretário Geral da UN Ban Ki-moon discursa durante reunião de Doha 2012
O artigo informa que se persegue a eliminação da dicotomia de países desenvolvidos e em desenvolvimentos para um novo acordo em 2020, limitando o aquecimento global em dois graus, estabelecendo a revisão das metas de emissões de gases estufa. Michael Jacobs acaba fazendo uma consideração acadêmica, informando que na reunião anterior de Copenhage de 2009 houve possibilidade de uma forte pressão da opinião pública, que não aconteceu na última. O fato concreto é que se torna indispensável a transferência de alguns recursos para os países como o Brasil preservarem a Amazônia, por exemplo, bem benefício de todo o mundo.
O fato objetivo, mesmo com o reconhecimento de um aquecimento mais acentuado no mundo que no passado, atingindo os polos como as geleiras antigas em picos elevados, as restrições econômicas não estimularam os dirigentes máximos a comparecerem em Doha, principalmente diante das eleições e possibilidades de mudanças de importantes governos. Nenhum político comparece em eventos para sofrer somente desgastes.
Parece conveniente que as próximas reuniões sejam fixadas nos anos em que estes problemas políticos locais não interfiram negativamente nas reuniões mundiais. É evidente que a opinião pública pode pressionar mais em determinadas localidades, do que em regiões como Doha.
Parece que existem encaminhamentos que necessitam ser pragmáticos, utilizando toda a capacidade de influência dos meios de comunicação, com os cientistas se esforçando em relacionar as calamidades públicas com estes aquecimentos. É preciso apontar diretamente os culpados pelos lançamentos dos gases estufas, sujeitando-os a arcarem com os custos dos danos que estão provocando a todos. Por outro lado, os que se empenham em contribuir com casos concretos para redução do aquecimento global necessitam ter reconhecidos publicamente seus méritos, sendo compensados por seus projetos.
Parece que se ficar somente nas generalidades das diretrizes políticas não se vai chegar a nenhum resultado objetivo. Fábricas poluentes e iniciativas aquecedoras devem ser claramente condenadas e encerradas, ainda que isto seja dramático. A opinião pública parece só se mobilizar com casos bem concretos.