Outros Artigos do The Economist Sobre o Brasil
7 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: distribuição dos royalties do petróleo, outros artigos do The Economist sobre o Brasil, resultados da política econômica
A revista The Economist, além de artigo resumo que funciona como um editorial costuma divulgar outros que aprofundam temas específicos quando um país merece atenções. É o caso do presente número deste fim de semana daquela revista, que, além do artigo já comentado neste site, publica um artigo sobre a longa espera da recuperação de sua economia, além da disputa sobre os royalties decorrentes da exploração do petróleo, onde o que foi aprovado pelo Congresso recebeu vetos da presidente Dilma Rousseff que ainda deverá ser apreciado.
O artigo sobre os resultados em crescimento obtidos pela política econômica atribuída ao ministro Guido Mantega são considerados medíocres, ainda que todos saibam que ele está no cargo por ser um fiel executor da orientação adotada pela presidente Dilma Rousseff. Mas ele tem se exposto mais do que seria conveniente, fazendo projeções exageradamente otimistas mesmo no quadro difícil que não é somente o do Brasil, mas de muitos países no mundo. Todos esperavam que os resultados do terceiro trimestre deste ano fossem melhores, o que deixa uma sombra para 2013, pelo que se costuma chamar de “carry over”, ou seja, a simples manutenção do patamar atingido neste final do ano.
Gráfico publicado no The Economist, com projeções feitas por 100 economistas
A revista informa que o mais impressionante é a queda que está se observando nos investimentos, mesmo com a redução das taxas de juros do Banco Central, a desvalorização que vem ocorrendo com a intervenção no mercado cambial, além de reduções de alguns impostos e a tentativa de redução das tarifas de energia elétrica e da participação do setor privado nos projetos de infraestrutura.
Segundo o artigo, a intervenção governamental tem sido desastrosa, como no caso das tarifas de energia elétrica, onde as negociações e os diálogos não têm sido diplomáticos. Muitas empresas desistiram das prorrogações das concessões, ainda que as últimas informações disponíveis no Brasil deem conta do aumento do prazo, na tentativa de obter um mínimo de acordo. Ainda que a própria presidente Dilma Rousseff tenha acusado de sensibilidade os que não aderiram ao plano federal de falta.
Os serviços também estão em queda, segundo opinião de uma pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas, pelo que desprende do artigo. A única indicação positiva seria a manutenção do nível de consumo das famílias, que mantém o prestígio de Dilma Rousseff junto à população, com dois terços dos que foram pesquisados continuam considerando a “bom” e “excelente”. No entanto, há que se admitir também que o nível de desemprego continua baixo, a distribuição de renda melhorando e o governo vem conseguindo manter o processo de fortalecimento democrático, além do Supremo Tribunal ajudando a consolidar o combate à corrupção, que são fatores positivos que não se restringem à economia.
A revista informa que o quadro atual vem estimulando outros candidatos ao mandato que Dilma Rousseff deseja ter renovado em 2014, entre eles o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que ainda vem se manifestando que só pensa disputar depois do segundo mandato dela. O ex-governador de Minas Gerais, também tradicionalmente relevante em termos políticos, ainda que cogitado como candidato do seu partido, ainda mantém uma posição cautelosa, procurando consolidar as forças do PSDB. Mas a CEMIG – Centrais Elétricas de Minas Gerais também figura entre as que se opõem ao atual sistema de renovação da concessão. A não ser que Guido Mantega, segundo a revista, consiga reverter à tendência do quadro econômico, os rivais à Dilma Rousseff serão fortalecidos.
O outro assunto que mereceu um artigo do The Economist refere-se à disputa dos royalties do petróleo com a descoberta do pré-sal em 2007. Os estados a que são atribuídos os mares onde estão localizadas as reservas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, desejam a preservação da regra que foi estabelecida no passado, mas os demais estados pleiteiam a distribuição para todos. A presidente Dilma Rousseff vetou o que foi aprovado pelo Congresso, que conta com mais representantes destes outros estados, estabelecendo que somente os novos projetos contariam com a mudança da distribuição, que teria que ter os seus recursos aplicados na educação.
O veto terá que ser aprovado no Congresso, que aparenta enfrentar grandes dificuldades, com desgastes para Dilma Rousseff. Todos estes problemas adicionam dúvidas sobre o futuro da economia brasileira, bem como sobre a pretensão da presidente contar com um novo mandato, segundo o The Economist.