Problemas de Comunicação do Governo Brasileiro
2 de dezembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Financial Times, efeitos para 2013, problemas internos e externos, resultados do terceiro trimestre deste ano | 2 Comentários »
Ainda que toda a economia mundial esteja registrando uma desaceleração, os problemas da economia brasileira parecem estar se agravando com as dificuldades de comunicação adequada do governo com a opinião pública interna e externa. Um artigo publicado no site do Financial Times pelo jornalista Joe Leahy que está localizado em São Paulo dá uma ideia das dificuldades que estão se espalhando, quando conta com um título como “Downturn shakes Brazil from its dream” (traduzido pela Google como ‘Crise abala o Brasil do seu sonho’).
Evidentemente os resultados obtidos no terceiro trimestre deste ano pela economia brasileira, divulgados pelo organismo oficial de estatísticas do país, foram frustrantes, tendo ficado abaixo das estimativas mais pessimistas feitas pelo muitos analistas de diversas origens. Até as autoridades como o ministro Guido Mantega, que é obrigado a manter uma postura otimista mesmo num quadro adverso, mostrou-se decepcionado, ainda que ele espere uma possibilidade de recuperação no final deste ano, que permita um comportamento melhor para o próximo ano.
Presidente Dilma Rousseff
Já registramos neste site a opinião que existe um fosso entre o governo e o setor privado brasileiro, com uma desconfiança recíproca que não ajuda a ninguém. Os juros estão sendo reduzidos, alguns tributos também, e o câmbio está sendo administrado com uma desvalorização, dentro de uma faixa como antes reivindicada pelo setor privado. Estímulos pontuais estão sendo estabelecidos pelo governo tentando atender os setores considerados em situação mais crítica, cujos efeitos devem ter um razoável tempo para a sua maturação.
Mas as medidas tomadas afetaram o poderoso setor financeiro, inclusive o segmento relacionado com o mercado de capitais. Os planos de redução das tarifas de energia elétrica, retirando das empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras parcela que representa a remuneração dos investimentos já amortizados, bem como o sacrifício da Petrobras procurando colaborar para a redução da pressão inflacionária não foram devidamente discutidas tanto com os meios de comunicação social como os segmentos que seriam afetados, inclusive os relacionados com as bolsas de valores. Acabou-se solidificando a ideia errônea que governo pretende aumentar sua intervenção na economia, inclusive com maior estatização.
De outro lado, alguns segmentos importantes do governo atribuem ao setor privado à pretensão de obter remunerações exageradas sobre os investimentos que efetuarem. Não são capazes de oferecer uma ideia sistêmica de tudo que se pretende, com detalhados estudos de viabilidade econômica e engenharia para a sua execução. Acabam sendo constantes as prorrogações das medidas indispensáveis para a implantação adequada da infraestrutura necessária, bem como de importantes investimentos como os relacionados com a exploração do pré-sal, com evidente elevação dos seus custos.
O setor energético, em todos os seus segmentos, que necessita da ativa participação do setor privado não conta, no devido tempo, com todas as informações indispensáveis para o bom desempenho dos seus projetos. Isto acontece também com outros setores vitais para a economia brasileira.
As declarações das autoridades acabam soando exageradas em otimismo, como as relacionadas à redução dos custeios públicos ou das pressões inflacionárias. Inclusive porque não aparentam haver diálogos francos entre o governo com segmentos relevantes do setor privado, inclusive com os meios de comunicação social. Este estado de coisas parece agravado no setor político, onde as mal organizadas estruturas partidárias e representações do Legislativo sentem-se marginalizadas pelo poder Executivo.
O poderoso setor financeiro não encontra meios adequados para entendimentos diretos com as autoridades, ainda que de forma informal, principalmente com os mais elevados escalões. Ainda que alguns esforços já estejam sendo feitos, não parecem suficientes para sanar os desconfortos sentidos pelas principais lideranças privadas, tanto internas como internacionais.
Ainda que a reconhecida melhoria na distribuição de renda no país venha mantendo o prestígio popular do governo em patamares elevados, auxiliado pelo reconhecimento dos esforços oficiais para a redução da corrupção e atendimento das necessidades sociais, sente-se que o quadro geral tende a uma situação de elevado risco de deterioração.
Parece necessário que todos colaborem para redução das tensões, reconhecendo que existe um quadro de dificuldades, tanto no governo como no setor privado. Nem tudo pode ser resolvido rapidamente, principalmente com as limitações físicas e de recursos que existem em qualquer economia, agravados por um cenário externo de grande complexidade. Mas a intensificação do diálogo franco parece ser um mecanismo para reduzir parte da tensão existente, com o conhecimento claro das dificuldades, que em nada ajudam a resolverem os problemas que são de todos.
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Merci pour votre commentaire.
Paulo Yokota