Artigo Sobre Tolerância Sexual na China

7 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: ambos os sexos, artigo no China Daily, citações sobre os gregos, documentação na literatura, homossexualismo, pesquisas históricas | 2 Comentários »

Ainda que o assunto sempre tenha exigido algum cuidado e discrição em todo o mundo, não deixa de ser surpreendente o artigo publicado por uma equipe de jornalistas do China Daily, órgão oficial daquele país na sua edição para os Estados Unidos, constituído por Han Bingbin, Gan Tian, Shi Yingying e Xu Lin sobre ser gay na China. Um levantamento histórico, notadamente na literatura, trás as primeiras referências na Dinastia Shang (16º até 11º séculos AC), ainda falando de punições pela sua prática. Mas, na Dinastia Zhou (11º século a 256 AC), fala-se de rapazes bem apessoados distraindo o Imperador com o seu intelecto.

Acredita-se que nestes longos e antigos períodos, a homossexualidade era comum na China, e as referências são sobre atividades sexuais inclusive nos aposentos imperiais. Há referências sobre a admiração da beleza e abraços por trás. O assunto veio sendo estudado pelo sociólogo Pan Guangdan, desde os trabalhos inovadores do psicólogo britânico Havelock Ellis na década dos trinta, com base nos documentos históricos chineses.

Reprodução de gravura chinesa publicada no China Daily

Na Dinastia Han (260 AC até 220 DC), fala-se de concubinas masculinos dos imperadores. Como o Imperador Ai acordou com seu parceiro ainda adormecido teria cortado a manga de suas vestes para não o incomodá-lo. Assim, estes casos de relações entre pessoas do mesmo sexo passaram a ser conhecidos como afetos de manga cortada.

Na Dinastia Jin (1115 a 1234), a prática da homossexualidade teria se tornado comum nas classes mais altas, como mencionados nos relatórios oficiais, com os homens preocupados com sua aparência. O artigo faz menção o que era praticado na Grécia Antiga, inclusive entre filósofos reconhecidos.

Há períodos na China que não se faz menção do assunto. Na dinastia Qing (1644 a 1911), aparecem as primeiras referências, inclusive entre mulheres. Houve períodos em que os papéis femininos eram exercidos por homens, como também aconteceu na Europa e no Japão. Mas sempre houve certo preconceito sobre o assunto.

Também entre os japoneses, mesmo na época dos samurais, há referências de jovens de boa aparência que eram companhias íntimas de senhores feudais. Muitos personagens femininos são exercidos por atores masculinos, como no kabuki, ou os masculinos por mulheres como em alguns conjuntos de danças.

Parece que há um esforço no sentido de sugerir que a China foi pioneira na tolerância sexual entre pessoas do mesmo sexo, ainda que se admita que não se trate da aceitação plena. Como naquele país o desequilíbrio entre o número de homens e mulheres é o mais acentuado, há até a possibilidade de que esteja se preparando o campo para a maior tolerância.