Cultura do Uso Eficiente da Energia
23 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: calor do forno de lenha, catavento, energia solar, formas eficientes, realidades rurais e urbanas
Duas matérias publicadas no Valor Econômico permitem algumas reflexões sobre a cultura do uso eficiente da energia. Numa, elaborada por Dauro Veras, refere-se ao aproveitamento do calor gerado num forno de lenha no meio rural brasileiro, o que sempre foi feito de alguma forma, podendo ser aperfeiçoado. Outra, de Andrea Vialli, levanta o problema da queima doméstica de lenha, referindo-se mais à realidade urbana, informando que o uso da biomassa como a lenha, além de consumi-las em grande volume, pode gerar problemas de saúde pública decorrentes das fumaças.
O assunto permite especular um pouco sobre a cultura do melhor aproveitamento de qualquer energia. Mesmo com os inconvenientes apontados, há que se constatar que existe uma realidade brasileira, notadamente no meio rural, e também em alguns estabelecimentos como restaurantes e pizzarias, onde ainda existem fogões ou fornos que utilizam a lenha. Sempre se aproveitou, por exemplo, as serpentinas para uso de parte deste calor para o aquecimento da água, que acaba sendo ecológico, no balanço final, sempre que se esteja economizando mais outros combustíveis. As fumaças são possíveis de serem controladas, ainda que impliquem em investimentos para tanto e as lenhas utilizadas hoje são provenientes de reflorestamentos, como os de eucaliptos.
Fogo de lenha tradicional e forno de lenha utilizada na maioria das pizzarias
O que se constata no Brasil é que os equipamentos elétricos ainda não estão voltados para o consumo mais baixo da energia elétrica, como regra geral. Alguns esforços isolados começam a se observar, mas com a tarifa de energia elétrica controlada, inclusive com subsídios, para reduzir a pressão inflacionária não há um forte estímulo para a sua economia, como ocorre em países onde ela é muito cara, como no Japão.
Também os diversos tipos de queima, como de carvão vegetal ou mineral, gás, óleos combustíveis, e outras fontes de energia, ainda não contam com fortes estímulos para o seu melhor aproveitamento. No Brasil, historicamente, a hidroeletricidade sempre foi importante na matriz energética, e com custo relativamente baixo de todos os tipos de energias utilizados não houve condições para o desenvolvimento desta cultura, tanto nas empresas como nas famílias.
Mas o cenário começa a se alterar, podendo a sua economia ser induzida por uma política mais racional. Parece que o mecanismo de preço continua sendo o mais racional, notando-se que o tráfego de veículos, por exemplo, tende a melhorar quando os preços dos combustíveis acabam subindo.
No caso da energia elétrica, a promessa feita pelo atual governo federal de redução da parcela correspondente aos investimentos já amortizados dificulta a manutenção de uma tarifa elevada, mas parece que haveria possibilidade de mecanismos compensatórios. Os que economizarem mais no seu consumo poderiam ser beneficiados com tarifas mais baixas. A conta final paga pelos consumidores como principalmente pelas empresas depende de uma série de fatores, como o consumo habitual, além dos horários em que eles ocorrem.
É sabido que o relevante para a indústria de energia elétrica é o potencial necessário no horário de pico, quando no seu exagero a possibilidade de um “black out” é mais elevada, apesar deste aspecto ser altamente técnico.
Tomando como exemplo um estabelecimento hospitalar, que necessita de água quente para diversas finalidades, inclusive banho dos pacientes que costumam se concentrar em determinados horários, além do problema do seu aquecimento, observa-se que ocorrem desperdícios na sua distribuição, bem como manutenção do calor quando armazenado.
Apesar de muitos saberem que os aquecedores, torneiras elétricas como chuveiros são pouco eficientes, eles continuam em amplo uso. O custo marginal da energia nos horários fora do pico acaba sendo menor. Em muitos casos, estes consumos podem ter seus horários controlados.
Há, portanto, variadas formas para permitir a economia de energia, necessitando que esta cultura seja estimulada.