Desenvolvimento Industrial Segundo Ha-Joon Chang
8 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entrevista para o Estado de S.Paulo, escala industrial, professor de Cambridge Ha-Joon Chang, protecionismo
O coreano Ha-Joon Chang é considerado um dos principais economistas heterodoxos e é professor na consagrada Universidade de Cambridge e deverá participar de um programa de palestras na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas. Vem acompanhando o desenvolvimento de muitos países, e concedeu uma entrevista à Melina Costa, publicada no jornal O Estado de S.Paulo de hoje.
Segundo ele, mesmo os Estados Unidos no seu início do processo de desenvolvimento industrial utilizou do protecionismo, o mesmo acontecendo no Japão, na Suíça, em Cingapura ou na Coréia do Sul. Mesmo no pequeno Catar como na gigantesca Austrália isto acontece. Selecionando determinados setores industriais, acabaram se tornando competitivas no mercado internacional.
Ha-Joon Chang
Ele é o autor do livro “Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica”, onde informa que a maioria dos países foi intervencionista num determinado período do seu desenvolvimento. Isto significa que o desenvolvimento econômico é datado, exigindo um aproveitamento do mercado interno ou criação de condições para a competitividade internacional no início do seu processo de crescimento. Hoje, os países já industrializados são a favor da livre concorrência, pois já possuem escala e não desejam novos concorrentes.
É verdade que, salvo no passado histórico e nos casos dos países de pequenos mercados internos, estas medidas foram mais acentuadas. Hoje, os grandes países contam com o mercado interno e investimentos estrangeiros procuram aproveitá-lo, como no caso da China.
Economias já complexas, como a brasileira, devem usar o protecionismo quando existem subsídios abertos ou disfarçados no exterior, que não permitem o início da atividade local, até atingir uma escala internacional.
Ele faz recomendações para o Brasil, sem considerar que o Brasil já contou com melhores condições competitivas no passado, quando adotou uma política industrial inspirada na japonesa. A manutenção permanente do protecionismo não estimula o aperfeiçoamento interno, que permita desenvolver novas tecnologias internamente.
Ele defende os conglomerados coreanos que se inspiraram nos japoneses, informando que na Suécia somente um grupo, o da família Wallenberg, possui as ações de cerca de um terço da Bolsa de Estocolmo, muito mais que os poucos grupos coreanos.
O exame de todas as suas teses exige certo cuidado, não podendo ser avaliado sobre por uma entrevista jornalística, ainda que existam algumas ideias que parecem aproveitáveis, também para casos como o brasileiro.