Músicas de Todo o Mundo
19 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: Kitaro tocando com nativos norte-americanos, o uso dos instrumentos de percussão, os taikos japoneses, os tambores de origem africana
Quem já ouviu os autênticos tambores do tipo taiko tocados altos nas matas japonesas, sabem que os seus ritmos são capazes de ferver o sangue dos seres humanos. Algo parecido acontece com muitos povos, até os considerados primitivos de todas as partes do mundo. Um artigo publicado por Sachiko Tamashige no The Japan Times descreve o artista japonês Kitaro, premiado com o Grammy de Ouro, cujo nome real é Masanori Takahashi, tocando em Omotesando, um dos bairros mais elegantes de Tóquio, junto com Dennis Banks, um nativo da cultura norte americana, o “Let Mother Earth Speak”, algo como Deixe a Mãe Terra Falar, numa tradução livre. Eles apresentavam o seu álbum conjunto.
Eles batem os seus tambores manuais. Banks, de 75 anos, é um ativo de seu povo Anishinaabe do norte de Minnesota. Ele e outros 26 nativos cruzaram os Estados Unidos para chamar a atenção sobre os direitos dos nativos americanos. Ambos gravaram juntos, utilizando centenas de instrumentos de Kitaro, e fazendo uso da forte voz de Banks, evento que ambos consideram incrível.
Kitaro e Dennis Banks. Foto: Sachiko Tamashigue, publicada no The Japan Times
Kitaro explica que o álbum é de músicas dos nativos norte-americanos, que falam sobre as famílias, o amor, a história e as responsabilidades. Ele toca alguns instrumentos dos nativos, como um tipo de flauta, e a primeira faixa é algo como “Obrigado Grande Espírito”, que dá o tom de todo o álbum.
Ele explica que estes nativos procuram viver em harmonia com os animais e a natureza, o que acontece também com os japoneses no xintoísmo. Eles pensam nas gerações futuras. E chega a sugerir que possuem as mesmas raízes ancestrais.
Kitaro começou com instrumentos tradicionais do Japão, como o Koto ou Biwa, mas foi evoluindo até chegar aos sintetizadores mais atualizados, que permitem obter sons incríveis. Mas voltou-se também para os instrumentos primitivos que acabam por proporcionar um espírito de paz.
A parceria entre ambos começou numa jornada de 7.000 quilômetros pelos Estados Unidos, quando um amigo comum, o Westerman, faleceu num desastre, que quase levou também Banks. Eles discutiram como poderiam homenagear o amigo, produzindo este álbum.
Kitaro gosta de tocar em lugares grandiosos, e uma vez foi nas pirâmides de Gizé, quando um guarda se aproximou. Pensaram que iria interromper a execução da música, mas o guarda aderiu à dança, pedindo para continuar. Isto confirmou o seu convencimento que a música é universal.
Isto também permite compreender porque tantos músicos brasileiros, com seus ritmos fortes, fazem sucesso também no Japão, onde muitos fizeram as suas melhores gravações, pois os studios japoneses contam com os melhores equipamentos disponíveis.