Qualificada Pesquisadora do Cinema Chinês
30 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: descobrindo o mundo asiático, intercâmbio profícuo de ideias, pesquisadora do cinema chinês, qualificação excepcional, “Avis Rara” Cecília Mello | 2 Comentários »
É extremamente rara a oportunidade de encontrar uma qualificada pesquisadora acadêmica de cinema no Brasil, principalmente quando o foco de sua atenção atual é o cinema chinês, tanto do continente como de Taiwan. Estou tendo o privilégio de estabelecer um intercâmbio profícuo com a jovem pesquisadora Cecília Antakly de Mello, brasileira formada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, que obteve o mestrado na produção de filme e televisão na Universidade de Bristol, doutorado em estudos de filmes na Brickbeck College na Universidade de Londres, e pós-doutorado no Departamento de Filmes, Rádio e Televisão da Universidade de São Paulo, como pesquisadora visitante nas Universidades de Leeds e Taipe National University of Arts, com uma bolsa da FAPESP. Pesquisa atualmente no Departamento de História da Arte na Universidade Federal de São Paulo, no campus de Guarulhos, sobre o diretor chinês Jia Zhang-ke, também com uma bolsa da FAPESP.
Segundo ela, descobriu-se que existem fortes influências nomeadamente do diretor do Japão, Yasujiro Ozu, de Taiwan, Hou Hsiao-hsein, e da Índia, Satyajit Ray, que permitem compreender o trabalho do promissor diretor chinês Jia Zhang-ke, pouco conhecido no Brasil. Ele é considerado um expoente da sexta geração de diretores chineses e já ganhou a principal prêmio do Festival de Veneza. Isto mostraria que existem influências culturais asiáticas importantes que não são muito conhecidos no Ocidente, que ainda centra seus conhecimentos na Europa e nos Estados Unidos.
Capa do livro editado por Lúcia Nagib e Cecilia Antakly de Mello. Cineasta Jia Zhang-ke
O ponto comum de nossos interesses é o reconhecimento da necessidade de se conhecer no Ocidente um pouco mais do que acontece no Extremo Oriente. A China é hoje uma grande produtora de bons filmes, e em quantidade principalmente em Hong-Kong, mas poucos são exibidos no Brasil. Também na Índia se produz muitos filmes, principalmente os consumidos na China, talvez mais que em Hollywood.
Cecília Mello procura interpretar os filmes chineses no contexto de sua longa história e profunda cultura, mas que são enquadrados nas cidades que passam por grandes transformações, notadamente nas últimas décadas. Isto parece acontecer também em Taiwan. Ela aprendeu o mandarim, tanto no Brasil como no Reino Unido, facilitando os seus contatos na China, inclusive em Taiwan.
Com o atual mundo globalizado, não somente do ponto de vista econômico como cultural, com todas as facilidades proporcionadas pelos novos meios de comunicação é natural que muitos intercâmbios venham ocorrendo. No entanto, há que se admitir que existam barreiras não só linguísticas como de preconceitos étnicos e culturais, principalmente decorrentes dos desconhecimentos recíprocos.
Parece-nos, portando, que contribuir um pouco no aumento do conhecimento recíproco, principalmente do Brasil com o Extremo Oriente, só pode contribuir para a compreensão daquela parte gigantesca e antiga do mundo, e que isto só pode facilitar todos os demais intercâmbios, inclusive econômicos e comerciais.
Parabéns para o importante trabalho de pesquisa desenvolvido por Cecília Mello, ainda que possa haver poucos interlocutores no Brasil, por enquanto.
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Obrigado pela menção.
Paulo Yokota