As Disputas das Ilhas Senkaku/Diaoyu Entre o Japão e a China
5 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: diferentes interessados em ambos os países, notícias em muitos jornais sobre a disputa de ilhas, novos incidentes | 8 Comentários »
Enquanto alguns japoneses e chineses procuram reduzir as tensões diante das disputas sobre as ilhas Senkaku para os japoneses e Diaoyu para os chineses, outros parecem provocar gestos perigosos que diante de qualquer acidente pode desencadear um conflito de difícil controle. Muitos jornais de todo o mundo noticiam que as autoridades japonesas estão protestando diante de algumas embarcações militares chinesas terem dirigidos seus radares, que usualmente são destinados a orientar disparos para as dos japoneses. Ainda que elas ilhas sejam desabitadas, o que estão em disputas são possíveis reservas de petróleo e gás no seu entorno, bem como a capacidade de pescas nos seus mares.
Os elevados interesses econômicos e comerciais entre ambos os países fazem com que algumas autoridades procurem meios para a superação do problema. No entanto, todas as disputas territoriais desencadeiam sentimentos nacionalistas que revolvem também problemas passados, principalmente entre a China e o Japão. Os analistas internacionais procuram informar sobre os riscos existentes, notadamente em que o mundo passa por um período de recuperação do nível de atividade econômica. A China enfrenta as dificuldades de reformas para voltar-se ao mercado interno, melhorar a sua distribuição de renda e redução da sua poluição, enquanto o Japão procura ativar a sua economia. Os Estados Unidos, que vinham se preocupando com a segurança na Ásia, também enfrentam outros problemas, que não permitem gastos destes tipos no Extremo Oriente.
O jornalista Martin Fackler do The New York Times, sediado em Tóquio, informa que a China está procurando forçar a Japão para iniciar uma negociação diplomática sobre estas ilhas. Os japoneses alegam que já havia reconhecimentos chineses, no passado, sobre a soberania japonesa nestas ilhas, antes da descoberta das possibilidades minerais dos mares que os cercam.
Neste site já noticiamos que o secretário-geral Xi Jinpíng, que parece pragmático e vem procurando preservar os relacionamentos internacionais, visualizando as possibilidades de intercâmbios econômicos e comerciais, tanto com o Japão como com os Estados Unidos. Não se pode descartar que militares estejam interessados em aumentar os seus orçamentos, de ambos os lados, e mesmo que a produção de armamentos seja utilizada para ativar as economias, ou desviar as atenções sobre os problemas internos.
No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe enfrenta também um problema eleitoral, com as disputas para a Câmara Alta em agosto próximo, além de manter esforços para a elevação do seu prestígio e do seu governo, o que até agora vem sendo feito com o aumento do endividamento público, já elevadíssimo, e das ampliações monetárias, que provocam a desvalorização do yen.
O mundo já têm problemas demais para que o agravamento da situação no Extremo Oriente venha se acrescentar.
Você disse: “Não se pode descartar que militares estejam interessados em aumentar os seus orçamentos, de ambos os lados, e mesmo que a produção de armamentos seja utilizada para ativar as economias, ou desviar as atenções sobre os problemas internos”.
Ora, poderia explicar melhor a palavra “ambos”, no seu texto ?
Pelo que é sabido, o governo japonês até agora tem demonstrado que não tem interesse nenhum em agravar a situação, pelo contrário, a compra da ilha foi justamente para impedir que o governador de Tóquio, Shintaro Ishikawa, comprasse a ilhota e usasse como bandeira nacionalista, o que agravaria a situação entre os dois países.
Ademais, o orçamento militar japonês nos ultimos anos diminui, só recentemente teve um acréscimo de apenas 1%, valor irrisório, pois representa um aumento de menos de 1 bilhão de dólares, o que não daria para comprar nenhum grande navio de combate.
Enfim, a sua afirmação também é contraditória, pois a situação economica japonesa não permite maiores gastos militares, como você mesmo reconheceu no texto, sem falar na pouca influência dos militares na política interna do Japão (que você omitiu ), ao contrário da China, cuja cúpula militar tem muito poder.
Obs:
Para quem se propõe a falar sobre a Ásia e o Japão, a matéria é bastante fraca, lamentável esse tipo de comentário, que tentou ser imparcial, mas pecou com a verdade sobre os fatos.
Aconselho a ler o site:
jsw.newpacificinstitute.org
Caro Jorge Yamada,
Com todo o respeito à sua opinião, principalmente quanto à qualidade do que está postado no site, acredito que a amplitude do meu conhecimento sobre o assunto se baseia em diversas fontes internacionais e japoneses. O atual governo do Premier Shinzo Abe necessita atender a opinião da direita japonesa, que sempre foi muito ativa. Exatamente porque o seu atual orçamento é baixo, e haverá uma eleição na Camara Alta em agosto próximo, é que se tenta levantar uma bandeira nacionalista. Não o conheço e nem sei sobre a sua experiência, mas podemos comparar os debates dos quais temos participado, até no Japão. Há uma discussão surda no Japão, sobre estes assuntos, e tenho inclusive um parente que é da mais alta patente do Sistema de Auto-defesa do Japão. Desde as crises petrolíferas, o governo japonês veio utilizando, quando em crise, um terço de sua capacidade industrial para aparelhar o seu sistema considerado de defesa, mas também esboça ações que não se enquadram exatamente nesta categoria. Os assuntos militares não costumam ser de livre discussão em nenhum país.
Todos nós podemos ter as nossas opiniões, mas não acredito que tentar desqualificar os que têm opiniões diferentes, não me parece o melhor meio. Possivelmente, o seu conhecimento sobre a capacidade de apoio dos Estados Unidos ao Japão não deve ser muito amplo, e uma discussão pública sobre o assunto não parece produtivo.
Paulo Yokota
“o que estão em disputas são possíveis reservas de petróleo e gás no seu entorno, bem como a capacidade de pescas nos seus mares”.
Na verdade, o que está em jogo é o domínio militar da região, que vai de Okinawa até o Vietnã.
O motivo é criar uma zona para os seus submarinos lançadores de mísses nucleares, longe dos subs de ataque americanos, além de outras questões, é claro.
Caro Marcos,
Existem muitos objetivos, como sempre. Mas, o que parece prevalecer no caso são os recursos minerais offshore, como indicam muitos artigos publicados em revistas especializadas.
Paulo Yokota
Bem que poderiam relocar a base americana de Okinawa para as ilhas Senkaku. Está na hora desses soldados serem úteis para alguma coisa.
Caro Mike,
Uma base militar exige muito mais espaço, e sem os soldados norte-americanos, a Asia já estaria um caos.
Paulo Yokota
“Sem os soldados norte-americanos, a Asia já estaria um caos”. Interessante, poderia explicar melhor esta hipótese?
Caro Mike,
Todos possuem interpretações que não são unanimes sobre os problemas militares no mundo. Mesmo não sendo a favor dos Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, diante da pouca eficácia das intervenções das Nações Unidas, a realidade é que os norte-americanos, com todos os seus defeitos, acabaram desempenhando um papel importante no mundo, como na Guerra da Coreia. O Oriente Médio e a África acabaram sendo arbitrariamente divididas pelas antigas metrópoles europeias, deixando problemas fronteiriços até o presente. No Pacífico também existem fragmentações, onde muitos países não contam com dimensões para a sua sustentabilidade. O desejável seria que uma força internacional arbitrassem os conflitos, mas sempre acabam exigindo uma liderança, pois poucos desejam arcar com os custos pesados deste papel em qualquer parte do mundo. A tendência é que os problemas sejam resolvidos regionalmente, mas quando existem fortes desigualdades, na minha opinião, este equilíbrio fica mais difícil. Até que se chegue a algo mais razoável, a China que procura assegurar as rotas do seu abastecimento, precisa contar com um esquema para contrabalancear a sua dimensão, que ainda no momento é os Estados Unidos. Que procuram aliados como a Austrália, o Japão e alguns países no Sudeste Asiático. Os conflitos deixados pelos japoneses na Ásia, durante a Segunda Guerra, não facilita esta convivência com bases bilaterais, pois as fronteiras chinesas no Sudeste Asiático são muitas, com problemas de abastecimento de água. Há que se considerar ainda a parte da Russia que se estende até o Pacífico. Até se chegar a um arranjo difícil, como o TPP, ainda não parece que qualquer organização política consiga a conciliação na Ásia. O que se espera sempre é que haja evoluções, mas é preciso que haja realismo, na minha opinião.
Paulo Yokota