Bolha de Crescimento da Mongólia
3 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Foreign Affairs, corrupção, dependência com relação à China, desenvolvimento elevado com base na mineração, piora da distribuição de renda
O professor Morris Rossabi leciona história na Queens College da City University de New York e história da Inner Asia na Columbia University e elaborou um artigo para o Foreign Affairs sobre a Mongólia, que vem chamando a atenção mundial por um astronômico crescimento nos últimos anos, mas que é considerada uma bolha decorrente da expansão de sua mineração. Os minérios descobertos vão das gigantescas reservas de cobre, ouro, urânio, carvão mineral e estanho no sul do país, mais próximo da China. A Mongólia é um país que participava da União Soviética, que depois de sua dissolução passou por uma crise muito profunda.
Conta somente com cerca de 2,8 milhões de habitantes, muitos que viviam do pastoreio, ocupando uma área de pouco mais de 600 mil quilômetros quadrados, um pouco maior que o Estado de Minas Gerais. Tem como capital Ulaanbaatar, que já concentra mais de 40% da população do país. Segundo os dados do FMI – Fundo Monetário Internacional, a economia da Mongólia cresceu 6,4% em 2010, assustadoramente 17,3% em 2011 e está estimado que em 2012 possa crescer 12,7%, que seria dos mais altos no mundo. Mas isto, infelizmente, está ocorrendo concentrado na mineração, com poucos benefícios para os mongóis e a predominância de empresas estrangeiras, australianas, canadenses, chinesas, francesas e russas. Inclusive a Vale brasileira conta com um projeto naquele país para a produção de carvão mineral indispensável para o Brasil.
Tudo isto está ocorrendo com uma forte concentração da renda naquele país, com muitas autoridades acusadas de corrupção, inclusive na concessão das explorações minerais para empresas estrangeiras. Uma das poucas atividades que conseguem resistir a esta exagerada concentração é a indústria de cashmere de lã. Acelera-se também o aumento da população na periferia de capital, com muitos morando sem o mínimo de condições sanitárias, como abastecimento de água e sistemas de esgoto. Poucos mongóis tentam o garimpo, muitos de formas ilegais.
A economia mongol passou a ser altamente dependente da demanda de minérios por parte da China, que também ativa a sua exploração, principalmente de carvão mineral na região chamada de Inner Mongólia, que fica em território chinês. Informa-se que as poluições e os congestionamentos de tráfego em toda esta região estão próximos das calamidades.
Alguns empresários estrangeiros aventureiros se destacam pela sua atuação no país, envolvendo também políticos de alto nível local que também estão acusados de corrupção. O fato concreto é que mineradoras internacionais de destaques estão presentes no país, mas com suas atividades predatórias que não parecem sustentáveis por um longo período, o que leva à caracterização de se tratar de uma bolha, lamentavelmente.
Segundo o artigo, a Mongólia, no seu conjunto, enfrenta uma ambiguidade caracterizada por um crescimento dramático com profundas desigualdades, declínio da economia do pastoreio e forte degradação ambiental. Isto mostra que o simples desenvolvimento econômico não é uma solução para os problemas da Mongólia.