Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desenvolvimento de Novos Materiais

1 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Valor Econômico sobre grafeno, até em atividades esportivas, múltiplas aplicações tentativas, pesquisas e patentes em todo o mundo

Se existe um novo material que entrou em moda em todo o mundo, ele é o grafeno, que é extremamente flexível, resistente e forte, que pode ser cogitado para os mais variados usos, que estão sendo intensamente pesquisados, com muitos já patenteados. Um longo artigo sobre o assunto foi publicado por Clive Cookson no Financial Times, e reproduzido em português no Valor Econômico. Afirma-se Novak Djokovic, atualmente o número um do tênis profissional, já utiliza uma raquete que usa este material, que é identificado com a letra G. Ele vem tirando partido do desenvolvimento tecnológico usando uma roupa da Uniqlo japonesa, que reduz em cerca de 30% a temperatura no calor, e outro que aumenta cerca de 30% no frio, que além de beneficiá-lo deve estar proporcionando uma elevada receita promocional.

Informa-se que a China está na vanguarda das patentes já obtidas, superando os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Reino Unido. O artigo informa que, além da Head que produz materiais esportivos, a Samsung e a IBM também já estão se programando para o seu uso. O artigo informa que a revista científica Nature, um grupo de cientistas consideram o grafeno está sendo considerado um verdadeiro milagre, incluindo-se entre eles o Kostya Novoselov, o primeiro a isolá-lo em parceria com Andre Geim, na Universidade de Manchester em 2004.

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Professores  Andre Geim e Kostya Novoselov. Foto:  Jon Super/AP

As áreas potenciais para o uso do grafeno são amplas, indo desde a eletrônica, para transistores ultrarrápidos, computadores com telas dobráveis e diodos de emissores de luz. Lasers e fotodetectores mais eficientes, transformadores de eletricidade e fabricação de baterias solares. As asas dos aviões podem se tornar mais resistentes, e serão amplamente utilizados em equipamentos médicos e até medicamentos.

Mais de dez mil monografias sobre o assunto já foram publicados, somente no ano passado, segundo o artigo. Afirma-se que o campo do seu uso é tão vasto, que não é possível determinar onde estão as maiores potencialidades.

Os gastos em pesquisas sobre o grafeno já teriam atingido a US$ 1 bilhão, segundo os relatórios elaborados, tendo recebido da União Européia outro bilhão de euros para seus estudos. A Universidade de Manchester está instalando um Instituto Nacional de Grafeno, bem como a Universidade de Cambridge também anunciou um Centro de Grafeno.

Os ingleses já estão com o receio de serem superados pelos Estados Unidos e pelos asiáticos, como quando ocorre qualquer descoberta de importância, como já estão indicando os estudos que resultaram em patentes. Somente a Samsung já possui mais de 400 destas patentes, inclusive com o anuncio de telas flexíveis para diversas finalidades.

A IBM seria segunda empresa que está anunciando diversos produtos que já incorporam o uso do grafeno, inclusive equipamentos médicos. Também pequenas empresas inglesas estão utilizando o grafeno para ajudar nas pesquisas. Os professores Geim e Novoselov usaram o grafite como matéria-prima, que é extraída de diversas minas, e consiste na sobreposição de trilhões de folhas de grafeno.

Muitas pequenas empresas que seriam startups estariam entrando no setor usando este material como a Head. Também está se anunciando tintas condutivas usando o grafeno, e como o assunto está na mídia, surgem ideias de todos os lados. Os celulares seriam carregados quando se está andando.

Muitos materiais exigirão mudanças na composição atual do grafeno, e os bancos já estão considerando a possibilidade de um Fundo para o grafeno. Alguns projetos podem ser demorados. Os retornos mais elevados podem demorar um pouco, mas poderão estar relacionados com a saúde e a vida.

Os descobridores, apesar de entusiasmados, não desejam que haja uma expectativa exagerada. Eles alertam que, normalmente, um novo material exige um ciclo de 40 anos para chegar do meio acadêmico para os consumos finais, mas parece que este tempo está sendo encurtado, e muito.

O que se pode perguntar é: o que o Brasil estaria cogitando nesta área?