Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Discussão Sobre o Aquecimento Global no Nature

14 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: aquecimento global, discussão de cientistas, efeitos econômicos, fontes de energia, relacionamento com fertilizantes

Acredito que a maioria dos cientistas considera que a revista Nature – the International Weekly Journal of Science figura entre as mais importantes na sua especialidade, contendo muito do que vem acontecendo de importante nas pesquisas que se desenvolvem em todo o mundo. Os muitos assuntos abordados nesta relevante publicação, extremamente técnicos e complexos, interessam a todos, gerando também acirradas discussões. No número de 15 de novembro último, um empresário publicou na seção World View um artigo aceito pela direção da revista, que sempre é extremamente rigorosa na sua seleção, expressando que os cientistas deveriam se manifestar enfaticamente sobre o aquecimento global que está ocorrendo no mundo, numa velocidade que ninguém imaginava.

O autor, Jeremy Grantham é co-fundador e estrategista chefe de investimentos da GMO, uma empresa de gerenciamento de investimentos, e co-chair da Gantham Foundation for the Protection of Enviroment, com sede em Boston, em Massachusetts, nos Estados Unidos. Ele afirma que os cientistas acreditam que o aquecimento global é um problema pior que imaginado há alguns anos passados. Segundo ele, caminhamos para o penhasco, mas não se faz o suficiente para evitá-lo. Ele se considera um especialista em bolha econômica, e sua empresa alertou sobre os preços inflacionados das ações japonesas em 1989, que considera o avô das bolhas recentes.

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Jeremy Grantham

Ele argumenta que os preços das commodities, inclusive do petróleo, vieram se reduzindo sensivelmente nos últimos 100 anos até 2002, mas sofreram uma recente elevação com o crescimento da China. Isto significaria que os preços dos alimentos vêm crescendo, enquanto a produtividade cresce igual ao aumento da população, não deixando margem para nada. Há uma expectativa da falta de dois fertilizantes fundamentais, fósforo e potássio, que estão concentrados em poucos fornecedores.

Segundo ele, os governos não estão conscientes também sobre os efeitos climáticos sobre a agricultura, que ficam camuflados pelas publicidades feitas pelos interesses energéticos que pressionam o Congresso norte-americano. Como um ex-analista de petróleo, ele calcula a falta de entusiasmo na restrição do seu uso.

Ele informa que James Hansen, da Nasa, foi demitido como louco quando há 30 anos alertou sobre as mudanças climáticas, mas hoje quase as suas previsões iniciais podem ser consideradas conservadoras. Ele foi preso ao lado de Gus Speth, decano emérito da escola ambiental da Universidade de Yale. McKibben Bill, um dos ambientalistas mais antigos e apaixonados pelo aquecimento global opôs-se ao transporte do óleo betuminoso do Canadá para os Estados Unidos, que está sendo utilizado agora para a independência energética dos Estados Unidos.

O autor considera que Barack Obama perdeu a chance para conseguir aprovar um projeto de lei sobre o clima, e seus dois cientistas ambientais e de energia, John Holdren e Steven Chu, estão desaparecidos. Segundo ele, os cientistas procuram manter a dignidade da ciência, evitando publicidades e exageros, mas seus adversários não adotam a mesma atitude.

Segundo o autor da manifestação no Nature, é preciso que os cientistas se expressem, pois esta crise não é somente sobre suas vidas, mas para a preservação da espécie. Muitos debates estão sendo provocados pelo artigo, tanto contra como a favor, e os interessados neles podem obtê-los, em inglês, no site: http://www.nature.com/news/be-persuasive-be-brave-be-arrested-if-necessary-1.11796