Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Eficiência da Pecuária no Brasil

1 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: aumento da produtividade, eliminação do desmatamento, possibilidades concretas, programas passados, proposições do Imazon no O Estado de S.Paulo

Um artigo elaborado por Giovana Girardi e publicado no O Estado de S.Paulo refere-se aos estudos do Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia mostrando que o aumento da produtividade na pecuária daria lucro sem desmate. Podemos concordar integralmente com a afirmação e recorremos ao texto completo do estudo efetuado, seguindo a orientação do artigo, que é extenso, mas conta com um resumo executivo adequado para a compreensão do mesmo. Elabora-se um diagnóstico correto do desmatamento, mas ainda não se inclui um programa para conseguir este aumento da produtividade.

Com a experiência acumulada no Banco Central do Brasil, já há muitas décadas, quando acumulei também o comando do Conselho Nacional de Desenvolvimento da Pecuária, podemos discutir a respeito. Executamos um programa de aumento da eficiência da pecuária com a ajuda do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, absorvendo as experiências efetuadas na Austrália e na Nova Zelândia. Posteriormente, encarregado do Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, continuei acompanhando o problema da ocupação da Amazônia, com lamentáveis desmatamentos além dos necessários, e podemos concordar que muitas destas áreas continuam ocupadas por uma pecuária de tipo extensivo.

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Na região do Centro Sul do Brasil, pode-se acreditar que já se conseguiu este aumento da produtividade, passando de uma pecuária extensiva para uma intensiva, sendo que muitas áreas liberadas foram utilizadas para o cultivo de diversos cereais, com destaque para a soja. O problema parece em consistir em como poderemos estimular um processo semelhante na Amazônia, notadamente na área de sua transição, onde esta desgraça do desmatamento ainda continua ocorrendo.

A pecuária intensiva depende de pastos formados que, além dos capins tipo braquiárias muito utilizado no Brasil ou outros, pode-se misturar com leguminosas ou rações que complementam as alimentações dos animais, utilizando o seu estrume para fertilização do pasto. Parece conveniente que os pastos sejam divididos, de forma que alguns passem por períodos de descanso.

Os manejos destes pastos e do gado necessitam de conhecimentos que devem ser proporcionados por entidades de assistência técnica de agricultura, que nem sempre estão disponíveis na quantidade desejada. O que se costuma fazer são demonstrações para que os pecuaristas tenham condições de absorver estes conhecimentos, e suas práticas necessitam ser acompanhadas para eventuais correções.

Mas, como já se conseguiu em outras regiões, os projetos podem ser financiados pelos bancos de fomento, exigindo como contrapartida a utilização destas técnicas, que permitem até o reflorestamento de algumas áreas da Amazônia. É preciso que os pecuaristas sintam que conseguem melhores retornos com o uso destes conhecimentos, o que já vem sendo demonstrado em diversos projetos.