Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Indícios de Melhoria no Quadro Econômico

28 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: indícios brasileiros, indícios de melhoria na economia chinesa, o noticiário pessimista, problemas de confiança

Os economistas e os empresários sempre utilizaram alguns indicadores como antecedentes das tendências futuras das economias. Os aumentos das demandas de papelão ondulados costumam indicar que as empresas estão preparando embalagens para vendas crescentes no futuro próximo, os aumentos das vendas de veículos de transporte indicam perspectivas da elevação de transportes de cargas, aumentos das encomendas ou compras de equipamentos indicam expectativas de produções crescentes, e o aumento da demanda de minérios indicam possibilidades de aumentos de produtos siderúrgicos que serão utilizados para as mais variadas produções, são alguns exemplos.

As empresas siderúrgicas de todo o mundo esperavam que com a desaceleração do crescimento da economia chinesa ocorreria uma sobra de produtos siderúrgicos naquele país, que seriam colocadas a preços mais baixos no mercado internacional. Tempos difíceis eram esperados pelas siderurgias de todo o mundo com o aumento da concorrência. No entanto, está se constatando atualmente que as demandas de minérios na China continuam se recuperando, como a Vale informa por intermédio de seu diretor executivo de ferrosos e estratégia, José Carlos Martins numa entrevista para o jornal Valor Econômico, dando indícios de melhoria até dos preços dos minérios, ainda que seja difícil de estabelecer o seu patamar em que deve ficar neste ano.

martins

José Carlos Martins

Segundo as informações deste diretor da Vale, espera-se que das vendas de minério da empresa mais de 50% seja colocado na China. Os mercados americano, europeu e japonês ainda não mostram reações significativas, mostrando perspectivas menos otimistas. No Brasil, as diversas siderurgias aumentaram suas produções próprias de minérios. Na realidade, em 2012 os resultados da Vale não foram brilhantes, e as indicações deste início de 2013 acabam sendo animadores, pois até os preços estão acima das estimativas que eram mais pessimistas.

As informações sobre estes tipos de indicadores antecedentes no Brasil também acabam sendo mais otimistas em outros setores, como os papelões destinados basicamente para as embalagens. Também as demandas de caminhões indicam melhorias, possivelmente diante de uma safra crescente de produtos agrícolas, notadamente de cereais como a soja.

Ainda que existam reservas da parte dos empresários com relação aos planos mais arrojados do governo com relação à ampliação da infraestrutura, os anúncios de editais de concorrência com as ampliações das remunerações para 15% sobre os investimentos efetuados, como estão sendo apresentado pelas autoridades brasileiras no “road show” em algumas grandes metrópoles no exterior, acabam estimulando as preparações para estas concorrências, ampliando as capacidades das empresas de engenharia pesada.

O clima que vinha dominando entre os empresários mostra os primeiros sinais de melhora, mesmo que não sejam exageradamente otimistas. Todos procuram se manter cautelosos quando existem ainda incertezas nos principais mercados dos países desenvolvidos, ainda que os juros no Brasil tenham baixado, alguns impostos tenham se reduzidos, e demandas do setor público, inclusive no esquema público-privado estejam sendo anunciadas, em diversos setores de infraestrutura.

Como as rentabilidades de muitos setores foram comprimidas pela política econômica do governo, como as dos bancos e das empresas elétricas, muitos analistas procuram criticar o governo quando falam das suas perspectivas mais otimistas, inclusive no comportamento da inflação. No entanto, ao longo da história da economia brasileira constatam-se fortes as indicações que os preços ficam mais comportados quando as safras agrícolas são boas e a expectativa do crescimento do PIB não seja exageradamente elevada. Os poderosos setores que foram afetados em seus resultados, como o financeiro e o elétrico, pois suas tarifas foram reduzidas nas parcelas cujos financiamentos já estavam amortizados, não se conformam com rentabilidades razoáveis, pois estavam acostumados com elas elevadas.

Muitas que possuem lobbies poderosos estimulam os órgãos de comunicação social a divulgarem notícias que enfatizam os aspectos mais pessimistas, sem registrarem os aspectos otimistas que existem em qualquer economia. Os formidáveis resultados que estão sendo alcançados no setor agrícola, com safra recorde e os seus problemas com o seu escoamento são noticiados.

Existe, infelizmente, uma pré-campanha eleitoral em andamento, e as críticas ao governo acabam exacerbando um clima de pessimismo nos grandes centros urbanos, quando o meio rural brasileiro e muitas novas regiões do país estão em forte expansão.

No exterior, muitos países desenvolvidos ainda estão com suas economias em recuperação mais modesta, mas países emergentes estão registrando expansões que nem sempre são divulgadas, como o que vem ocorrendo no Sudeste Asiático, na África e em alguns países latino americanos. Na realidade, está ocorrendo uma redistribuição das atividades econômicas dos centros mais desenvolvidos que continuam mantendo os seus elevados níveis de renda per capita contando com mecanismos de assistência social, enquanto novas classes médias estão se ampliando em muitos países.

Há uma nova economia, ainda com amplas flutuações, mas que na média indicam patamares mais elevados que no passado. Parece haver, portanto, um clima para expectativas melhores que os que dominam determinados segmentos da economia, notadamente a brasileira.