Intercâmbio Nipo-Brasileiro em Artes Plásticas
1 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Estadão sobre Marco Giannotti, pinturas e livros, um ano no Japão em Quioto
Ainda que seja difícil de avaliar os trabalhos de um artista plástico como Marco Giannotti depois de passar um ano no Japão, com base em Quioto, pela crítica de Antonio Gonçalves Filho, publicado no jornal O Estado de S.Paulo, deve-se noticiar sobre os programas anunciados. Na Galeria Raquel Arnaud efetua-se a exposição com o título Penumbra que, segundo o jornal, mostra as telas que louvam a sombra e evocam o Japão. Segue-se uma exposição no Instituto Tomie Ohtake, falando do Diário de Kyoto, que também promove o lançamento do livro com o mesmo título. E, finalmente, no Centro Universitário Maria Antonia, promove-se um seminário onde se lança o seu livro Doutrina das Cores.
Como Marco Giannotti vem publicando regulamente seus artigos no O Estado de S.Paulo, compreende-se o destaque que vem sendo dado a esta importante sequência de eventos, culminando com o seminário que deverá contar com participações de convidados japoneses. Como ele é um artista plástico experiente, que leciona sobre o assunto, não é surpresa que tenha notado a falta de dinamismo japonês nesta área, atualmente. Acaba se socorrendo da literatura, usando os trabalhos de Junichiro Tanizaki, para constar que na cultura japonesa usa-se muito a sombra, que não permite desnudar claramente qualquer tipo de trabalho, sendo parte da cultura japonesa.
Marco Giannotti. Foto: J. F. Diorio/AE
A matéria está no suplemento Caderno 2 com a foto do pintor ao lado de um quadro vermelho que parece mais influência da Tomie Ohtake, tendo como título A Cor do Japão. O que vem acontecendo é que artistas plásticos japoneses se radicalizaram no Brasil, exatamente porque a cor no Brasil acaba ficando mais viva, diante da luz que se dispõe a mesma influência sofrida pelos impressionistas, que procuravam o sul da França do que os ateliês na capital francesa.
Parece difícil afirmar que uma paixão cromática acaba reunindo artistas que trabalham em países antípodas. Para os pintores abstratos, parece que fica mais difícil absorver as sutilezas da cultura japonesa, que não são expressas tanto em cor, mas até por atitudes quase zens, e a paisagem japonesa parece mais adequada para arquitetos dada a acentuada capacidade de relacionamento interno e externo do Japão.
Já informamos neste site que na arte japonesa procura-se ir descobrindo aos poucos a sua riqueza, que é menos emocional e mais de introspecção. Mais que natural que tenha procurado subsídios na literatura. Para um artista já consolidado como Marco Giannotti, parece que uma estada no Japão pode ajudar menos do que para jovens que estão iniciando suas carreiras.
De qualquer forma, gera-se uma expectativa para uma avaliação mais profunda das influências obtidas nesta estada de um ano no Japão, que devem estar expressas nos eventos anunciados.