The Economist Escreve Sobre a Habitação no Brasil
15 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no The Economist sobre o programa habitacional no Brasil, complementos, necessidade de habitações pré-fabricadas, observações críticas e elogiosas
Quando a jornalista de O Estado de S.Paulo perguntou ao experiente e observador professor Delfim Netto sobre o que ele achava dos artigos críticos do The Economist sobre a economia brasileira, ele respondeu que muitos não entendiam a ironia inglesa. Quando algumas autoridades se sentiam contrariadas, e respondiam sobre alguns pontos colocados naquela respeitosa revista de circulação internacional, no fundo, os responsáveis pela publicação estavam exultantes com a reação. No novo número da revista, além das observações jocosas sobre a nova presidência do Senado brasileiro, muitas autoridades brasileiras devem ter ficadas eufóricas sobre a cobertura do programa Minha Casa, Minha Vida, ainda que não seja somente de elogios.
O The Economist tem concedido um bom espaço para a cobertura do que acontece no Brasil, apesar dos seus muitos problemas, reconhecendo que se faz um grande esforço para a melhoria da distribuição de renda, criando mecanismos que permitam a ampliação do programa habitacional no país, atendendo desde os mais pobres com subsídios até os componentes da nova classe média. Apontam que ainda existem aspectos para facilitar a vida dos empresários voltados ao setor, bem como formas de superar os elevados custos da mão de obra, com construções utilizando, por exemplo, materiais pré-fabricados, que acabam acelerando as construções e baixando os seus custos.
Presidente Dilma Rousseff durante evento relacionado com o programa Minha Casa, Minha Vida
The Economist admite que um milhão de famílias já foram beneficiadas, e o governo se empenha a chegar a dois milhões, o que não é desprezível em qualquer país. O artigo explica que isto se tornou viável com a simplificação do mecanismo de execução da hipoteca, caso haja inadimplência, e que os financiamentos são basicamente de organismos oficiais como a Caixa Econômica Federal, envolvendo subsídios mais elevados quando menor a renda da família.
Ainda existem muitas burocracias para que as empresas construtoras tenham os seus projetos aprovados, mas está se procurando acelerar o processo. Observam-se faltas de áreas para as construções, que contem com a infraestrutura indispensável, havendo casos em que as empresas precisam providenciar o mínimo.
Mas, constata-se, principalmente nas periferias das grandes cidades, que os programas estão sendo acelerados, adquirindo importância, notadamente com construções de edifícios de apartamento. As suas amortizações acabam ficando abaixo dos custos dos aluguéis que as famílias necessitando arcar.
As vozes oposicionistas vêm sendo reduzidas, com o reconhecimento do impacto social destes programas que também ajudaram a criar os empregos necessários. Há que se reconhecer que parte do prestígio pessoal da presidente Dilma Rousseff decorre da importância que vem concedendo para estes tipos de programas, que visam a eliminação da miséria absoluta.
Existem casos em que os contemplados com as novas habitações e seus financiamentos foram vítimas de inundações e outras calamidades que as deixaram desamparadas. Todos estes programas podem ser aperfeiçoados, e as técnicas que já estão sendo empregadas em outros programas habitacionais, em outros países emergentes, podem ser adaptadas para o caso brasileiro.
Particularmente, tive a oportunidade de ver os programas como de Cingapura que eram piores do que os do antigo BNH – Banco Nacional de Habitação, e hoje são considerados como os mais respeitáveis de um país-cidade que teve a capacidade de se transformar num dos exemplos do desenvolvimento possível, com elevado padrão de sustentabilidade.