Transformações na Lendária Crotonville
18 de fevereiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: atualizações na Crotonville da GE, preparação de executivos para a nova economia, problemas comuns com o setor público
Segundo uma excelente matéria elaborada por Stela Campos para o jornal Valor Econômico, incluindo uma entrevista com a principal executiva da Crotonville, Susan Peters, a tradicional escola de formação de líderes da GE, ela passa por transformações. Ela veio formando CEOs que se tornaram famosos não somente na GE como em outras empresas, mas as qualificações hoje necessárias são mais amplas, com capacidade para enfrentar inovações que ocorrem rapidamente em toda a economia. É conhecida a longa preocupação da GE com a formação de seus altos funcionários, que, além de conhecimentos especializados, necessita de um amplo conhecimento humanístico, além da capacidade de gestão de projetos num ambiente de rápidas mudanças.
Situada a 45 minutos de trem de Nova Iorque, a Crotonville seleciona executivos para serem treinados na instituição, mas, por ter contado com carismáticos líderes como Jack Welch, a GE procura se manter atualizada no quadro em que se processam as atuais rápidas mudanças, mas tendo a adequada perspectiva de longo prazo e das alterações tecnológicas que vêm ocorrendo. O mundo acelerou o seu ritmo de mudança, num mundo globalizado que exige o conhecimento amplo das mais variadas culturas, onde o relacionamento com seus liderados como com o mercado e todas as personalidades envolvidas.
Susan Peters e instações de Crotonville
Observam-se muitas críticas para os executivos do governo brasileiro, notadamente no que se refere à sua capacidade de gestão, bem como adequado do planejamento dos seus programas e projetos. Mas observa-se que muitos deles não foram adequadamente treinados para o desempenho de tarefas complexas como as de um governo, que, além de envolver diferentes segmentos da administração pública, estão sujeitos às pressões políticas variadas.
Sente-se a carência de um plano global, com objetivos claros de longo prazo, considerando as limitações que se apresentam, além das alterações no quadro em que está se atuando. Os projetos não estão adequadamente elaborados, nem suas avaliações, contando com alternativas quando ocorrem mudanças que não dependem somente do governo ao qual pertencem. Muitas alterações são provenientes do exterior ou do mercado, com inovações constantes de tecnologias. Mas, acima de tudo. ocorrem mudanças políticas, que são inerentes às democracias.
Portanto, os executivos dos diversos escalões, a partir do ministerial, necessitam estar preparados para todas estas complexas mudanças que ocorrem normalmente em todas as economias, não sendo o caso brasileiro nada especial. Nada mais natural que os principais executivos estejam preparados para elas, o que pode ser proporcionado por escolas como a Crotonville.
É preciso que alternativas estejam preparadas quando se observarem alguns obstáculos intransponíveis. E, mesmo se tratando de governo, os interrelacionamentos com as empresas do setor privado, ou com as estatais, acabam sendo intensivas, não dependendo somente do setor público, que apresenta dificuldades políticas adicionais.
Além das capacidades técnicas e administrativas, as políticas acabam sendo importantes, pois exigem negociações complexas com grupos envolvidos em interesses ideológicos, corporativos e econômicos, tanto locais como até no exterior, inclusive organismos internacionais.
Hoje, é comum falar em conhecimentos de antropologia organizacional no setor privado, diante dos muitos grupos de interesse existentes também nas grandes empresas. Estes problemas são mais complexos na administração pública, que conta com restrições adicionais diante de interesses corporativos mais arraigados e poderosos politicamente. Mesmo que existam alguns preparos sobre estes assuntos dentro da administração pública, são restritos aos funcionários de carreira, como na escola fazendária, diplomacia, e outros considerados de Estado. Mas também existem nas estatais, e na administração direta onde os cargos de preenchimento de confiança acabam sendo exagerados.
Há, portanto, que se preocupar com os recursos humanos de alta qualificação que tenham condições de negociar adequadamente com os interesses privados e políticos de toda natureza.