Contraste do Brasil e do Japão no Comércio Internacional
27 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: acordos de livre comércio, candidatura brasileira na OMC, negociações japonesas em diversas frentes, pouca agressividade brasileira para acordos
Segundo muitos artigos publicados na imprensa internacional, o Japão vem mantendo uma agressiva posição para participar dos principais acordos de livre comércio e parcerias econômicas no mundo. Como o TTP – Trans-Pacific Partnership que já está discutindo com outros onze países parceiros. Entendimentos preliminares começaram com a União Europeia, que negocia também com os Estados Unidos um acordo Trans-Atlântico Norte. E agora o Japão iniciou as negociações tripartites com a China e a Coreia do Sul que tiveram início em Seul, ainda que existam problemas políticos com as disputas de ilhas na região.
De outro lado, o Brasil ainda acredita que o OMC – Organização Mundial do Comércio é o fórum mais adequado para entendimentos multilaterais, ainda que esteja esvaziado pelos diversos acordos de livre comercio que proliferam pelo mundo. O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo é o candidato à direção geral da organização, afirmando que é hora de retomar as negociações, pois sem elas a organização perderá a sua relevância, com um prejuízo irreversível para o comércio internacional. Com isto, o Brasil fica preso ao Mercosul, o único acordo do qual o Brasil participa, cujos membros apresentam grandes problemas para se expandir e estabelecer entendimentos com outras regiões do mundo.
Roberto Carvalho de Azevêdo, Foto: Elza Fiúza/ABr
O jornal Valor Econômico reproduziu em português um artigo do The Wall Street Journal sobre esta promessa do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe para início das negociações, no próximo mês, com a União Europeia. Ambas as partes procuram ativar suas economias que ainda enfrentam dificuldades internas. O acordo facilitaria, além do comércio, os investimentos recíprocos de suas empresas nos países membros. Os japoneses contam com dificuldades energéticas, enquanto os europeus possuem uma abundância de gás, além de proximidade com as zonas produtoras de petróleo, tanto no Oriente Médio como no Mar do Norte.
O inicio dos entendimentos com a China e a Coreia do Sul tiveram inicio em Seul, segundo artigo publicado no jornal econômico Nikkei, com base na matéria distribuída pela agência Kyodo. Estes três países contam com 20% do PIB mundial.
As autoridades japonesas estão cientes das grandes dificuldades políticas, bem como resistências de alguns setores internos, principalmente do setor rural japonês. Mas parecem dispostos a compensarem os agricultores, diante das vantagens que podem usufruir nos demais setores, notadamente industriais.
Segundo a imprensa japonesa, estes novos acordos ficam facilitados diante das negociações que já estão sendo feitas no TPP, pois as solicitações tanto dos parceiros como dos japoneses acabam se assemelhando, pois existem participantes de diversos acordos simultaneamente.
No que se refere à OMC, as negociações encontram-se quase paralisadas desde a chamada Rodada Doha, onde países importantes bloqueiam o seu avanço multilateral, que seria desejável, mas pragmaticamente difícil. Com a política externa brasileira atrelada a esta organização, nota-se que o Brasil acaba ficando atrasado com relação aos outros países que avançam em entendimentos regionais e bilaterais.
Até países vizinhos da América Latina, como o México, Peru, Chile e outros estão ganhando espaços com os acordos estabelecidos, criando desvantagens para os não participantes como o Brasil. Com o acelerado ritmo em que estão se estabelecendo estes acordos no mundo, parece chegada a hora do Brasil efetuar uma revisão pragmática de sua política externa nestes setores de comércio e investimentos, sob o risco de ficar numa posição bastante isolada.